APAGAMENTO DE FREGUESIAS
Como é que vai
elaborar o cabeçalho dos ofícios que a “União” irá usar e que possa
representar, representar verdadeiramente, a freguesia aglutinadora e as três
freguesias aglutinadas? Perguntado a um autarca de uma ainda freguesia que vai
ser “comida”. Olhe, tentaremos elaborar um logótipo que seja abrangente. E a
designação da entidade? Leva os nomes todos na integralidade? E na colocação do
endereço forçosamente aparecerá o código postal da aglutinadora e o respectivo
nome. As outras ficarão com o tratamento que agora têm os lugares de qualquer
freguesia. Ou não será assim? Claro que é e claro que levará, com algum tempo,
ao apagamento da identidade das freguesias aglutinadas. Há mesmo casos em que o
código postal da aglutinadora é diferente das apagadas ou de algumas delas.
Preciso ainda lembrar a distância a percorrer pelos moradores das aglutinadas
para irem à procura do que quer que seja à sede da Junta.
Para uma
sequência de citações de diversas personalidades, do mundo dos partidos agora
governamentais, sobretudo do maior, começarei por reproduzir o que, a respeito
da lei que teve o azar de ter como patronos, o Relvas que pensava (ou queria
pensar) que era senhor dotor, mas era só um setimanista, e de um tal Júlio,
secretário de Estado, que debitou, debitou bacoradas e foi afastado porque se
meteu em favorecimentos de familiares e amigos enquanto presidente de Câmara.
Pais fracos teve a lei. Dizia que ia reproduzir o que a propósito de “Reorganizar a administração do governo local. Ponto
3.43” ficou escrito no malfadado e precisado de alteração, memorando de
entendimento. “Existem actualmente 308 municípios e 4259 freguesias. Em Julho
de 2012 o governo vai desenvolver um plano de consolidação para reorganizar e
reduzir significativamente o número
de tais entidades” As tais entidades era os municípios e as freguesias, mas
como os municípios mexiam demasiado com maiorias afectas ao governo, trataram,
o setimanista e o indiciado de corrupção, de preparar o fechamento de mais de
mil freguesias, menos capazes de pressionar o poder, sem peso significativo no
orçamento do Estado, para deixar em rédea solta as Câmaras e suas empresas
municipais, essas sim, dissipadoras de meios sem fundo e, a maior parte das
vezes, sem escrutínio. Só isto: Gastou-se mais a pagar dívidas de Câmaras do
que a repor o que o T Constitucional obrigou com o chumbo de normas do O E.
.Mas olhemos
para o foram dizendo algumas personalidades da área do poder a comentar o
apagamento das freguesias, começando por o que disse Fernando Ruas que disse
que era “uma medida estúpida”. Medidas estúpidas só podem ter saído de mentes
estúpidas.
RIBAU ESTEVES: “Reforma Administrativa?
Não vejo nenhuma reforma administrativa. A ideia de extinguir mil freguesias é
um acto nulo, inconsequente e dispensável, que perturba profundamente a auto
estima das populações, mas não terá qualquer ganho em termos financeiros ou de
eficácia”. JN 20/5/2013
ÉLIO MAIA: Está de acordo com a
fusão de freguesias? “É um disparate. Perde-se proximidade e dinheiro. Com as
fusões, as freguesias vão ter mais custos. Espanta-me que essa gente não saiba
fazer contas”. JN 26/5/13 (essa gente refere-se aos paridores da lei.)
RUI RIO: Aceita a redução do
número de freguesias, como quer o governo (e a Troika) mas pede cautela: “é
preferível fazê-lo nas urbanas do que nas rurais. …O que o Estado Central tem
obrigação de fazer é um controlo mais apertado sobre o endividamento das
autarquias (municípios)”.
ANTÓNIO CAPUCHO: “A redução de
freguesias preconizada pelo governo é uma verdadeira palhaçada e os critérios
um disparate completo…. Miguel Relvas não é a pessoa certa para lidar com as
autarquias…. A redução de freguesias tal como está proposta não tem pés nem
cabeça… Cavaco Silva devia ter capacidade de persuasão junto do primeiro
ministro.
ANTÓNIO COSTA: Ao longo destes
três anos pensei em dezenas, em centenas de hipóteses (reforma das autarquias).
Conf. “Caminho Aberto”. Isto significa que, mesmo tratando-se de
recomposição das freguesias numa grande urbe, onde o conceito de freguesia não é
como na província, o assunto foi estudado e conversado e consensualizado
durante mais de três anos. Para o país todo, com a complexidade vinda da
interioridade e da proximidade das Juntas de Freguesia, o Relvas e seu auxiliar
pariram uma lei para executar em 3 meses. Outra parvoíce de toda a envergadura
foi juntar freguesias com dezenas de milhar de habitantes para constituir
unidades de 50 000 e mais habitantes. Só mesmo deles (Senhora da Hora e S.
Mamede). Apesar do apagamento efectivo das freguesias agregadas, vimos muitos
presidentes de Junta, numa atitude de pura e obscena subserviência, votarem a
favor do fechamento das suas freguesias. Ficarão nos anais e virão a ser, mais
cedo do que tarde, abalroados pela história das suas freguesias.
Mas, e isto é
importante, o manifesto autárquico do Partido Socialista deixa claro que o PS,
em sendo governo, e sabe-se que o será mais cedo do que tarde, declara que o
governo então constituído reverá essa tal de reorganização administrativa.
Logo, o que se anda a fazer de fechamento de freguesias, a preparação de
eleições nas “Uniões” não irão passar a constituir depois mais um factor de
complicação de todo o tamanho? Espere-se para ver.
José Pinto da Silva