sexta-feira, 21 de novembro de 2014

APRENDER A VIVER COM D.P.O.C.

















No âmbito da comemoração do Dia Mundial da DPOC (antecipado um dia, para 18, por motivo de agenda de alguns participantes), a U S F Terras de Santa Maria, em Santa Maria da Feira, levou a efeito uma sessão (modernamente talvez se lhe pudesse chamar work shop) de verdadeiro esclarecimento à volta da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, sendo a manhã dirigida a Médicos de Cuidados Primários de Saúde (Médicos de Família), sendo o painel formado, além da Coordenadora da USF, Dra. Eduarda Vidal que fez a introdução depois da apresentação feita pela moderadora do debate, Dra. Sara Oliveira, directora do Terras da Feira, pelos Drs. Jaime Sousa, Médico de Família numa USF de Matosinhos e Professor na Faculdade de Ciências de Saúde na U. Minho, Rui Costa, Especialista em Medicina Geral e Familiar, além do Dr. Luís Góis, Director do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de EDV (entre Douro e Vouga). Completava o painel a Dra. Vanda Caramelo, Técnica da Autoridade para as Condições de Trabalho, núcleo de S. João da Madeira. Para o evento foram convidadas Associações de Doentes, tendo-se feito representar a APA (Associação Portuguesa de Asmáticos) e a RESPIRA (Associação de Pessoas com DPOC).
Os dois primeiros interventores, conhecedores profundos da doença em discussão, dissertaram sobre a doença, as suas causas e consequências para a vida de cada doente e sua família, para a comunidade pelos custos que o acompanhamento e tratamento acarretam e para os sistemas de saúde e unidades hospitalares, pela “enchimento” de urgências e, muitas vezes, de internamentos. Falaram da principal causa, o tabagismo e dos meios para se promover a desabituação tabágica, além da exposição a outras situações de riscos, como fumo passivo e contacto com diversos poluentes, não esquecendo as lareiras domésticas. Deram nota da imensidade de portadores da doença, diagnosticados e não diagnosticados e sugeriram a consulta nos cuidados primários tão logo sintam tosse persistente, cansaço anormal, dificuldade sentida a fazer tarefas simples.
A Técnica da ACT desenvolveu o tema da preservação da saúde e higiene nos locais de trabalho, e falou da exposição a elementos poluentes nas actividades mais importantes no concelho da Feira e outros à volta, como cortiça, calçado, madeira/mobiliário, metalurgia, tendo dado algum realce à exposição as produtos químicos usados nalgumas indústrias. A terminar fez alerta para os trabalhadores informais, o mesmo que dizer, trabalhadores não inscritos da S. Social e os riscos a que se expõem trabalhadores e empregadores em caso de acidente ou doença profissional. Em jeito de comentário, poderia dizer-se que são os cortes ditados pela crise, a argumentação dos poderes públicos centrais.
O Dr. Luís Góis, enquanto especialista em Cuidados Diferenciados de Saúde, cuidados hospitalares, desenvolveu com mais detalhe a questão do diagnóstico precoce, salientando que o Centro Hospitalar em que trabalha não dispõe de um Espirómetro, nem existe no concelho da Feira nenhuma entidade convencionada que execute espirometrias, pelo que, ou evita a prescrição do exame, ou envia o doente para Gaia, para exames que, muitas vezes se não fazem, porque o doente não tem condições para se deslocar.
Na segunda parte, de tarde, a sessão foi dedicada a doentes e notou-se a presença de muita gente. Bem mais do que será hábito em convocações idênticas. Três Técnicas em Cárdio/Pneuno deixaram o seu entendimento sobre sintomas e reacção aconselhável e, a nível da medicação, explicitaram, de forma clara a maneira correcta de usar os inaladores e bronco dilatadores e fizeram demonstrações de como se deve fazer. Terminou a sessão uma fisioterapeuta que exemplificou diversos gestos e movimentos para facilitar a respiração em caso de dispneia de esforço e mostrou alguns exercícios práticos e úteis para melhorar a força muscular e tornar menos penosos os movimentos e gestos mais elementares.
Houve depois a distribuição de diversas publicações disponibilizadas pelo representante da RESPIRA aconselhadoras de como usar dilatadores, com dicas e modos de agir para quem queira deixar de fumar e outros, todos úteis para que sofre da doença.
Não seria justo reportar este evento sem deixar uma palavra de felicitação ao corpo clínico da USF Terras de Santa Maria pela qualidade da comemoração, pela qualidade do Guia editado e distribuído por todos os participantes e, sobretudo, porque, ao que ouvi, sem poder confirmar, todos os custos do evento, que tiveram algum significado, foram suportados pelos cinco clínicos da USF. Dedicação.


José Pinto Silva




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