A COMPARAÇÃO IMPÕE-SE
Depois da
demissão de José Sócrates, primeiro do governo e após a derrota eleitoral, de
todos os cargos politico partidários, o PS escolheu nova direcção e tudo passou
a funcionar com o rumo que a nova direcção entendeu por bem.
Das figuras
que integraram o último governo de José Sócrates, ministros ou secretários de
Estado, um grupo houve que entendeu por bem colar-se à nova dirigência, opção
tomada com toda a legitimidade e nesse lote se podem destacar o Alberto
Martins, o líder parlamentar Carlos Zorrinho, o José Junqueiro, o ministro da
Agricultura, Óscar Gaspar e deputados vários a quem, naturalmente, foi sendo
dado palco para intervenções regulares no parlamento. Não integraram a mesma
dirigência e, como assim, não pisaram ou pisaram muito pouco o palco da
visibilidade outros ex-governantes, deputados agora, ou não, como sejam Vieira
da Silva, Silva Pereira, Fernando
Serrasqueiro, Fernando Medina, Pedro Marques, José Lello, João Galamba, Sérgio
Sousa Pinto, Pedro Nuno (chegou a ser da direcção do GP, mas saiu, saiba-se lá
porquê), Ana Catarina Mendes e outros.
O problema nem
o seria se, sem que tenha havido tomada de posição dirigente, certa imprensa ao
referir-se ao segundo grupo, a propósito de alguma declaração, de desconforto ou
nem tanto, os apodavam, com tom depreciativo, de socratistas, como se
porventura se desonrassem por serem apoiantes e solidários com o trabalho do
governo Sócrates. A mesma imprensa, se havia de reportar qualquer dos outros
elementos (do primeiro grupo) pois sempre se referiam a deputados do PS, sem
socratismos identitários, como se não tivessem, como os outros, contribuído
para o bom ou menos bom desempenho do governo inteiro.
A diferença é que, os do segundo
grupo, sempre que oportuno e possível, não deixavam de defender a governação
Sócrates no que ela teve de bom, nem de defender a figura do seu primeiro-ministro
dos ataques soezes e vergonhosos que vinham das bancadas suporte do actual
governo e da já referido imprensa, ao passo que os primeiros NUNCA defenderam
publicamente o governo de que fizeram parte, nem ousaram sequer, em nenhuma
circunstância, enfrentar os detractores governamentais e parlamentares da
figura de José Sócrates.
Estando ele
dois anos sem emitir uma declaração, sem se defender de certa comunicação, sem
responder aos insultos e mentiras que a respeito dele foram sendo ditas, foi
absolutamente oportuna e necessária a entrevista que deu à RTP para pôr alguns
pontos nalguns is. Sobretudo no i maiúsculo, dito Cavaco Silva que diz não
comentar comentadores, mas o certo é que, até agora, foi tão só entrevistado.
O comentário e
a análise da vida política corrente, do governo, da presidência, do parlamento,
mesmo do PS e da plêiade de comentadores que proliferam na praça televisiva,
começará amanhã, domingo, dia 7 de Abril. Que seja profícuo e útil a muita
clarificação.
José Pinto da Silva