O FUNCIONÁRIO DO B C E
Quem acompanha
minimamente estas andanças da política caseira teria conhecimento, mas o comum
dos mortais a enterrar por este torrão não saberá que o ministro que
verdadeiramente nos governa – há quem lhe chame o primeiro-ministro nº. 1, em
contraponto com o primeiro-ministro nº. 2, que dá pelo nome de Passos – não
saberá, dizia, que VITOR GASPAR é alto funcionário do BCE e foi destacado, com
suspensão por licença, para ser ministro das Finanças em Portugal. Falta saber
quem verdadeiramente o escolheu, pois poucos acreditam que Passos Coelho o
conhecesse.
Pois então. O
BCE é um dos elementos da Troyka e, assim um financiador do resgate, pelo que
além do representante do banco (parece quem um funcionário de mais baixa
hierarquia), o financiador tem cá outro representante, quiçá mais sequioso e em
posição privilegiada para garantir de forma cabal os interesses do banco
estrangeiro.
E agora
pergunta-se se faz algum sentido termos a ministro das Finanças, o principal
interlocutor português(?) junto da Troyka, a ter que obedecer ao patrão que o
dispensou para vir cá fazer um trabalho extra de dois ou três anos. Que
autoridade tem uma pessoa em tais condições para defender com veemência os
interesses nacionais? Está aqui justificado o porquê o governo português nunca
antecipou nenhuma alteração ao Memorando, mas ficou sempre à espera que a
Troyka oferecesse alguma benesse a troco de se ser bom aluno e bem comportado.
Não é possível
continuar com um negociador que, na cabeça, tem um cofre alemão e que o usa
como centro de raciocínio. Vítor Gaspar tem mesmo que ser remodelado, até
porque se começa a perguntar se todos os erros nas previsões o são mesmo, ou se
fazem parte da estratégia de empobrecimento.
José Pinto da Silva