sexta-feira, 19 de julho de 2013

SER OU NÃO ESTADISTA

Foi já no dia 11 deste mês que li no JN um artigo do jornalista Daniel Deusdado que achei excelente e de que, com a devida vénia vou transcrever um pequeno excerto.
“António José Seguro tem uma grande oportunidade de se revelar, pela primeira vez, um estadista. Basta anunciar que o PS indica António Costa para primeiro-ministro das eleições (sejam elas quando forem). Se fosse lúcido, tê-lo-ia feito na semana passada e acabava de vez com o governo”.
E, em tempo de citações, com a mesma vénia, transcrevo duas linhas do texto assinado por Alberto de Castro, também publicado no JN, este  em 16 também deste mês.
“… Em rigor, não fora a sua antinomia com Sócrates, talvez Cavaco Silva pudesse ter forçado uma solução deste género a quando da recusa do PEC4 (…..) foi assistindo à sabotagem pelo duo Passos/Gaspar de todas as pontes socialistas…”
Quanto ao primeiro artigo, concordo em absoluto com o autor, ainda que nunca acreditasse que Seguro alguma vez cedesse à aspiração de poder ser chefe de um governo (nem que fosse da Selvagem Pequena, acrescento), aspiração que alimenta desde os bancos da Jota e para a qual trabalhou sub-repticiamente durante os seis anos do governo Sócrates. É do senso comum que A J Seguro não tem estaleca para ser chefe do que quer que seja e muito menos de um governo e menos ainda num país a atravessar uma crise de contornos ainda não totalmente definidos.
O jornalista sugeriu que deveria “abdicar” em favor de António Costa, mas haveria dentro do Partido Socialista diversas personalidades que, com vantagem para o país e para o partido, poderiam tomar o lugar de primeiro-ministro e, se tal desprendimento fosse possível. Não há dúvida de que o abdicante tomaria, aí sim, laivos de estadista, de pessoa abnegada que deixou de pensar em si própria e na sua vaidade pessoal para olhar para o país e também para o partido. Dir-se-á que quem assim se sentisse disponível deveria ir ou ter ido à luta interna para conquistar o partido por dentro. Também é verdade, só que não há assim tantos, não há estadistas disponíveis para andar a minar estruturas, a formar sindicatos eleitorais, para conseguir os apoios que catapultam para o topo do andor.
António Seguro ainda iria a tempo de tal gesto altruísta.

Relativamente ao segundo artigo, assinado por Alberto Castro, o que me ocorre dizer é que Cavaco Silva mostrou, nas suas atitudes para com José Sócrates e para com o governo que liderava, que agia segundo as mais rastejantes intenções partidárias, vergonhoso para uma pessoa que na hora da vitória vociferou que, naquela hora precisa, se extinguia a maioria que o elegera e que seria o presidente de todos os portugueses. Mentiu, mentiu. Logo que viu aprovado o orçamento para 2011 – ele que não queria confusão orçamental para a campanha e reeleição – iniciou o ataque soez ao então primeiro-ministro e respectivo governo, ataque mais visível no miserável discurso da tomada de posse, a 9 de Março e depois o suporte dado implícita e explicitamente aos ferozes ataques do seu partido, não mexendo uma palha para que fosse aprovado o documento que teria evitado o resgate financeiro. Perante uma incomensurável crise económica e financeira, não só não travou como incentivou a crise política para levar ao colo os seus pupilos para o pote. E como tem havido por ali mãos a entrar! E a sair com aspecto de cheias.      José Pinto da Silva  
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