Imagem da cerimónia da ordenação
O PADRE CARLOS 50 ANOS DEPOIS
É no próximo
Domingo, dia 9 de Fevereiro, que o Padre Carlos Alberto Ferreira de Castro, o
Carlitos da Ti Dorinda Mestra, como nós o referenciávamos, completa 50 anos de
ordenação sacerdotal e começo do seu trabalho de evangelização. A ordenação teve lugar na Basílica Maria Auxiliadora, em Turim.
Depois da sua
ordenação trabalhou na sua Congregação de sempre, nos Salesianos e por lá,
desempenhando as mais importantes funções, se manteve até 1979. Esteve lá,
portanto, 15 anos, altura em que, por divergências com a orientação, como ele
diz, “sacudiu o pó das sandálias” e foi trabalhar, como pároco para a recém
criada Diocese de Setúbal que teve como primeiro Bispo o Senhor D. Manuel
Martins, a quem se chegou a chamar o Bispo Vermelho. Foram-lhe atribuídas 3
freguesias (Pinhal Novo, Rio Frio e Sarilhos Grandes) que tiveram que ser
desbravadas, em termos religiosos, a partir de quase zero.
Fez um, trabalho do mais
prestimoso que imaginar-se pode, até que, algum tempo depois da saída de D.
Manuel de Setúbal, se gerou uma movimentação comandada por certas famílias da
zona e bem alimentada por párocos de freguesias vizinhas, movimentação que
recebeu bom acolhimento da nova hierarquia diocesana (bispo e sequazes) e teve
como desfecho a sua remoção daquelas paróquias. Isto aconteceu em 13 de Novembro
de 2003. Estão escritos, de modo detalhado, todos os incidentes, todas as
malvadezas que lhe fizeram e continuam a fazer, e, se o Carlos me autorizar, eu
mesmo hei-de sintetizar os factos para que, pelo menos, a gente de S. Jorge
fique esclarecida.
Os párocos
andavam furiosos, porque o Padre Carlos NUNCA cobrou um tostão que fosse por
qualquer serviço que prestasse – missas, comunhões, casamentos, baptizados,
funerais, oblatas, etc. O que recebi de graça darei sempre de graça, diz ele
constantemente. Mas para os que têm pelo dinheiro outro sentimento, era uma
medida que gerava descontentamento à volta. E desgraçadamente esse
descontentamento apegou-se ao comando da diocese. O que ele me disse e repete,
é que é feliz porque não tem salário, não tem reforma. Quando lhe perguntei
como se arranjava par viver, respondeu-me que “Deus não me há-de abandonar,
porque cumpri o que ele me destinou”.
Tive o
privilégio de falar longamente com uma pessoa que com ele trabalhou, em muita
proximidade, em Setúbal que me descreveu de forma bem detalhada toda a obra
pastoral e evangélica desenvolvida pelo Padre Carlos e realçou a formidável
Obra Social começada por ele de raiz: Centro Social com creche, Centro de Dia,
Lar de Idosos, etc. Disse-me essa pessoa que é absolutamente impressionante o
que ele deixou de bem atrás de si. Sem esquecer, por ser digna dos maiores encómios, a restauração e alindamento das igrejas das três paróquias, que estavam em total degradação e abandono. Isto foi-me confirmada, de viva voz, pela pessoa que fez o favor de me atender durante bastante tempo e que será um dos melhores conhecedores de toda a obra. Tornarei um dia públicos os pormenores dessa
tão agradável conversa.
O Padre Carlos
confirma que nunca obedeceu quando lhe exigiam que esquecesse a Bíblia,
o Evangelho, para os trocar pelo Código do Direito Canónico. Diz ele que a
Bíblia foi, é, e haverá sempre de ser o seu farol orientador.
No próximo
Domingo vou lá abaixo a Pinhal Novo, onde reside, para lhe dar aquele grande
abraço de parabéns pelas Bodas de Ouro, mas muito mais, pela obra que deixou
atrás de si e donde tudo fazem para retirar o seu nome.
José Pinto da Silva