quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Imagem da cerimónia da ordenação





O PADRE CARLOS 50 ANOS DEPOIS

É no próximo Domingo, dia 9 de Fevereiro, que o Padre Carlos Alberto Ferreira de Castro, o Carlitos da Ti Dorinda Mestra, como nós o referenciávamos, completa 50 anos de ordenação sacerdotal e começo do seu trabalho de evangelização. A ordenação teve lugar na Basílica Maria Auxiliadora, em Turim.
Depois da sua ordenação trabalhou na sua Congregação de sempre, nos Salesianos e por lá, desempenhando as mais importantes funções, se manteve até 1979. Esteve lá, portanto, 15 anos, altura em que, por divergências com a orientação, como ele diz, “sacudiu o pó das sandálias” e foi trabalhar, como pároco para a recém criada Diocese de Setúbal que teve como primeiro Bispo o Senhor D. Manuel Martins, a quem se chegou a chamar o Bispo Vermelho. Foram-lhe atribuídas 3 freguesias (Pinhal Novo, Rio Frio e Sarilhos Grandes) que tiveram que ser desbravadas, em termos religiosos, a partir de quase zero.
Fez um, trabalho do mais prestimoso que imaginar-se pode, até que, algum tempo depois da saída de D. Manuel de Setúbal, se gerou uma movimentação comandada por certas famílias da zona e bem alimentada por párocos de freguesias vizinhas, movimentação que recebeu bom acolhimento da nova hierarquia diocesana (bispo e sequazes) e teve como desfecho a sua remoção daquelas paróquias. Isto aconteceu em 13 de Novembro de 2003. Estão escritos, de modo detalhado, todos os incidentes, todas as malvadezas que lhe fizeram e continuam a fazer, e, se o Carlos me autorizar, eu mesmo hei-de sintetizar os factos para que, pelo menos, a gente de S. Jorge fique esclarecida.
Os párocos andavam furiosos, porque o Padre Carlos NUNCA cobrou um tostão que fosse por qualquer serviço que prestasse – missas, comunhões, casamentos, baptizados, funerais, oblatas, etc. O que recebi de graça darei sempre de graça, diz ele constantemente. Mas para os que têm pelo dinheiro outro sentimento, era uma medida que gerava descontentamento à volta. E desgraçadamente esse descontentamento apegou-se ao comando da diocese. O que ele me disse e repete, é que é feliz porque não tem salário, não tem reforma. Quando lhe perguntei como se arranjava par viver, respondeu-me que “Deus não me há-de abandonar, porque cumpri o que ele me destinou”.
Tive o privilégio de falar longamente com uma pessoa que com ele trabalhou, em muita proximidade, em Setúbal que me descreveu de forma bem detalhada toda a obra pastoral e evangélica desenvolvida pelo Padre Carlos e realçou a formidável Obra Social começada por ele de raiz: Centro Social com creche, Centro de Dia, Lar de Idosos, etc. Disse-me essa pessoa que é absolutamente impressionante o que ele deixou de bem atrás de si. Sem esquecer, por ser digna dos maiores encómios, a restauração e alindamento das igrejas das três paróquias, que estavam em total degradação e abandono. Isto foi-me confirmada, de viva voz, pela pessoa que fez o favor de me atender durante bastante tempo e que será um dos melhores conhecedores de toda a obra. Tornarei um dia públicos os pormenores dessa tão agradável conversa.
O Padre Carlos confirma que nunca obedeceu quando lhe exigiam que esquecesse a Bíblia, o Evangelho, para os trocar pelo Código do Direito Canónico. Diz ele que a Bíblia foi, é, e haverá sempre de ser o seu farol orientador.
No próximo Domingo vou lá abaixo a Pinhal Novo, onde reside, para lhe dar aquele grande abraço de parabéns pelas Bodas de Ouro, mas muito mais, pela obra que deixou atrás de si e donde tudo fazem para retirar o seu nome.


José Pinto da Silva
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