SE A BOÇALIDADE MATASSE
Mas não. Não
mata. A boçalidade nalguns alfobres só cresce e tende a contagiar quem lhe
estiver próximo. Se fizer calor não sua. Boça.
No debate
quinzenal de 31 de Janeiro, um dos canários da maioria, que não será muito
importante (parece que tinha umas entradas – falha de cabelo – na testa) porque
não lhe fixei o nome e também não tenho a certeza se era do PSD ou do PP. Era
lá deles. E é bem capaz de ter sido atacado por uma crise de progeria cerebral.
Era velho com’o caraças na linguagem. Talvez um dos sabujos que debitam o que
os “mais velhos”, os das cadeiras da frente, lhe mandam. Sob pena de não ter
lugar na próxima.
Ora o dito
papagueador, para justificar o roubo, insisto no uso da palavra roubo e os
autores do saque têm rosto e nomes, então para tentar justificar o assalto
infame, disse que o corte das pensões fora negociado pelo governo anterior, e
invocou o Memorando de Entendimento e chamou a atenções para o ponto 1.11, numa
de dar ideia de que leu alguma coisa daquilo. Claro que é fácil abrir
referência a tal documento, sabendo-se que a generalidade do povo o não leu, (é
chato de ler, diga-se, e acho que mesmo a maioria dos deputados não o terá
lido) quer o texto original, quer as diversas alterações que foram sendo
introduzidas. Já foram 9 as alterações, feitas exclusivamente pelo governo a
mando da troika, sem a mínima intervenção de quem quer que seja da oposição. É
de anotar isto, porque o texto original foi negociado pelo governo Sócrates, é
verdade, mas foi “aCatrogado” fortemente, segundo ele, Catroga, que afirmou
mesmo que o Memorando era bastante bom, porque tinha tido o dedo do PSD, na
altura absolutamente refém de Catroga. A propósito, esse deputado papagaio terá
algum dia lido o celebrizado PEC4 – não leu de certeza, afirme-se – mas que,
acarneiradamente, foi chumbado pelos deputados da agora maioria, em conluio
espúrio e vergonhoso com os partidos da esquerda, mais da canhota do que da
esquerda, à esquerda do PS. E veja-se lá, com invocação por todos de que o PEC4
continha demasiados sacrifícios para os portugueses. Sabia-se o que viria e
sente-se o que veio.
Vamos então
transcrever o tal Ponto 1.11 do Memorando de entendimento inicial, negociado
pelo governo do PS, mais o Catroga, para ver se fica corado de vergonha e
calado o penoso canoro: “ REDUZIR AS PENSÕES ACIMA DE 1.500,00 EUROS, DE ACORDO
COM AS TAXAS PROGRESSIVAS APLICADAS ÀS REMUNERAÇÕES DO SECTOR PÚBLICO A PARTIR
DE JANEIRO DE 2011, COM O OBJECTIVO DE OBTER POUPANÇAS DE, PELO MENOS, 445
MILHÕES DE EUROS”.
É este o ponto
1.11, ipsis verbis, e nota-se ainda que o palrador disse que seria para poupar
500 milhões. Arredondou para cima! Como houvera de ser?
A primeira e
segunda actualizações (1/9/2011 e 9/12/2011) respectivamente, são já da
exclusive responsabilidade desta troika que teve, e tem, comissários no
conselho de ministros e que se esqueceram de que integravam um governo que
deveria ter como primeiro objectivo cuidar dos interesses do povo, todo, com
atenção especial para os mais pobres.
Ao tal que alguém
elegeu para ser deputado sugiro que leia o documento todo, mais as alterações
todas e que junte o PEC4 e que interiorize que as alterações nada têm a ver com
as oposições, nomeada e principalmente do PS e que foram negociadas, custando o
que custasse, pelos Passos e Portas e seus sequazes.
Depois, o
fazer-nos de parvos e analfabetos é coisa de se ateia e passa para ministros e
até ao primeiro. A propósito da proclamada reforma judiciária a ministra da
justiça em conferência de imprensa e, dias depois o primeiro no debate
quinzenal, falaram do Mapa Judiciário e, olhem o desplante, disseram, ambos,
que o governo anterior, ao abrigo do Memorando negociado pelo governo Sócrates,
fecharia 49 tribunais, mas eles, bãozinhos, só fechariam 20. Veja-se só.
No tal de
Memorando, é o capítulo 7 que fala da Justiça e é o ponto 7.3 que alude ao Mapa
Judiciário. E diz (sic): “Acelerar a aplicação do Novo Mapa Judiciário, criando
39 Comarcas (contra as só 23 que estes de agora querem criar), com apoio de
gestão adicional para cada unidade, integralmente financiada através das
poupanças nas despesas e em ganhos de eficiência”. Em local nenhum do Memorando
se fala em fecho de tribunais e em mais ponto nenhum se fala de mapa
judiciário. Suas excelências (que disse eu?), suas indecências mentiram, porque
não leram o documento e sabem que a maioria do povo não leu também. E o
estúpido da questão é que não se ouviu ninguém do PS a desmentir estes
mentirosos.
José Pinto da Silva