VÁ LÁ, VÁ LÁ …..
No cumprimento da sua actividade
corrente de enriquecimento cultural (com o alimento gastronómico de qualidade à
mistura), no dia 7 deste mês foi levada a efeito mais uma visita, desta vez a
dois altos vultos da cultura portuguesa.
Por proposta do Álvaro Alves e
consequente organização sua com a coadjuvação do Eugénio Santos (neste grupo
não se distinguem títulos ou qualificações), fez-se uma excursão à cidade de
Amarante com o fito de se visitar e tomar ciência das obras de AMADEO SOUZA-CARDOZO,
grande mestre da pintura de finais do século XIX // início do século XX e do
escritor // poeta TEIXEIRA DE PSCOAIS ambos nados naquelas paragens
amarantinas.
Imaginem, que se cumpriram
horários e pouco depois das 9,00 horas arrancou o autocarro do cruzamento do
banco e parou na Vergada para colher 4 ou 5 inscritos, entre os quais os dois
organizadores. O programa estava elaborado e foi dito que era para cumprir. O
Eugénio descreveu alguns dados biográficos de ambos os a visitar, dados que,
relativamente ao pintor AMADEO, foram enriquecidos pelo Professor Celso
FRANCISCO dos Santos (irmão do Eugénio), professor de História da Arte na
Faculdade de Letras do Porto, que facultou notas mais detalhadas do percurso do
pintor.
A viagem até Amarante decorreu
naturalmente sem incidentes e logo que descidos do autocarro (éramos 34 ao
todo) dirigimo-nos para o Museu AMADEO SOUZA-CARDOZO, tendo-nos sido destinada
uma guia que foi identificando cada sala e dando notas sobre as diversas obras
e falando também do artista coevos, António Carneiro. Nestas explicações
interveio também o Professor Celso. Na apreciação de um quadro de AMADEO
gerou-se alguma inter-acção entre a guia e a audiência, tratando-se de uma
pintura abstracta, pelo menos assim considerada pelos menos conhecedores. E
fez-me lembrar algo que li primeiro a propósito do valor, ou manos valor de
determinada obra. Disse alguém que a mesma obra, feita com a mesma técnica,
apresentando o mesmo aspecto, tendo a mesma policromia, vale muitíssimo ou
quase nada, dependendo da assinatura, do autor. E ainda o conceito de belo e de
beleza. Num colóquio alguém referiu que a mesma coisa será bel ou horrorosa,
consoante nos extasia ou nos prejudica. Assim, um vulcão em actividade
proporciona uma imagem belíssima, mas se a expulsão da lava nos cai em cima da
casa transforma-se num horror. E a imagem de uma leoa a perseguir uma presa é
de uma beleza cativante, mas se formos nós os perseguidos, só nos causa
aflição.
Terminada a visita, passou-se bem
rápido, os que o entenderam, pela Igreja de S. Gonçalo e apreciou-se a beleza
da capela-mor e de outros nichos.
Já não cedo, corrida para o
restaurante onde se havia contratado o serviço. Era o ZÉ DA CALÇADA. Óptimo
estabelecimento e que prestou um serviço primoroso, seja na qualidade e apresentação
da ementa, como o atendimento. A visitar em se passando por Amarante.
Depois de almoço fez-se uma
visita ao solar de Teixeira de Pascoaes, edifício que só pudemos ver do
exterior, já que a zeladora teve um AVC e não tinha substituta. Viu-se a
característica do monumento e jardins. O recheio deste solar foi adquirido pela
Câmara de Amarante, sendo que os móveis foram deixados no solar e todos os
outros pertences foram expostos no museu municipal. A vista a partir dos
jardins é maravilhosa. A saída colhemos framboesas de uma sebe delas.
Dali fomos directos à freguesia
de Mancelos, lugar de Manhufe, onde, por especial deferência dos actuais
proprietários (sobrinho neto de AMADEO) e com a simpática interferência do Dr.
Armindo Abreu, anterior Presidente da Câmara de Amarante e que nos acompanhou
nesta visita, visitámos duas dependências da casa que foi de AMADEO
SOUZA-CARDOZO. A cozinha, à época a peça mais importante da casa, porque zona
de socialização, enorme, tem ainda a lareira e os escabelos da época, a mesa de
levantar e todos os indicativos de estar como quando foi feita. As paredes
estão ornadas com lindíssimos pratos de cerâmica pintada à mão. A sala mantém
os móveis iniciais, sendo que as portas de um armário porta vidros exibem
pinturas feitas pelo AMADEO. Na frente tem um amplo logradouro e um outro
menos, de acesso à capela (esta implantada mais tarde) de onde se desfruta uma
paisagem maravilhosa. Daqui fomos visitar a Igreja de Mancelos, uma Igreja
Românica, digna de boa apreciação e, na circunstância, foi-nos facultada uma
explicação detalhada pelo Prof. Celso Santos. Visitou-se depois o cemitério
local e o jazigo onde está sepultado o AMADEO.
Completada esta visita, deu-se
por cumprido o programa e, sendo já hora tardia, em vez de se parar de novo na
cidade de Amarante, como chegou a ser falado e era opção de alguns, viemos
fazer uma paragem perto de Penafiel para algum aconchego do estômago, cerca de
meia hora e depois regresso sem qualquer outra paragem, que não fosse a de
largar alguns passeantes que moravam na zona de passagem e não tinham deixado
carro no ponto da concentração matinal.
Resumo: Foi uma jornada de
enriquecimento cultural e foi mais uma etapa de convívio.
José Pinto da Silva