No âmbito da
comemoração do Dia Mundial da DPOC (antecipado um dia, para 18, por motivo de
agenda de alguns participantes), a U S F Terras de Santa Maria, em Santa Maria
da Feira, levou a efeito uma sessão (modernamente talvez se lhe pudesse chamar
work shop) de verdadeiro esclarecimento à volta da Doença Pulmonar Obstrutiva
Crónica, sendo a manhã dirigida a Médicos de Cuidados Primários de Saúde
(Médicos de Família), sendo o painel formado, além da Coordenadora da USF, Dra.
Eduarda Vidal que fez a introdução depois da apresentação feita pela moderadora
do debate, Dra. Sara Oliveira, directora do Terras da Feira, pelos Drs. Jaime
Sousa, Médico de Família numa USF de Matosinhos e Professor na Faculdade de
Ciências de Saúde na U. Minho, Rui Costa, Especialista em Medicina Geral e
Familiar, além do Dr. Luís Góis, Director do Serviço de Pneumologia do Centro
Hospitalar de EDV (entre Douro e Vouga). Completava o painel a Dra. Vanda
Caramelo, Técnica da Autoridade para as Condições de Trabalho, núcleo de S.
João da Madeira. Para o evento foram convidadas Associações de Doentes,
tendo-se feito representar a APA (Associação Portuguesa de Asmáticos) e a
RESPIRA (Associação de Pessoas com DPOC).
Os dois
primeiros interventores, conhecedores profundos da doença em discussão,
dissertaram sobre a doença, as suas causas e consequências para a vida de cada
doente e sua família, para a comunidade pelos custos que o acompanhamento e
tratamento acarretam e para os sistemas de saúde e unidades hospitalares, pela
“enchimento” de urgências e, muitas vezes, de internamentos. Falaram da
principal causa, o tabagismo e dos meios para se promover a desabituação
tabágica, além da exposição a outras situações de riscos, como fumo passivo e
contacto com diversos poluentes, não esquecendo as lareiras domésticas. Deram
nota da imensidade de portadores da doença, diagnosticados e não diagnosticados
e sugeriram a consulta nos cuidados primários tão logo sintam tosse
persistente, cansaço anormal, dificuldade sentida a fazer tarefas simples.
A Técnica da
ACT desenvolveu o tema da preservação da saúde e higiene nos locais de
trabalho, e falou da exposição a elementos poluentes nas actividades mais
importantes no concelho da Feira e outros à volta, como cortiça, calçado,
madeira/mobiliário, metalurgia, tendo dado algum realce à exposição as produtos
químicos usados nalgumas indústrias. A terminar fez alerta para os
trabalhadores informais, o mesmo que dizer, trabalhadores não inscritos da S.
Social e os riscos a que se expõem trabalhadores e empregadores em caso de
acidente ou doença profissional. Em jeito de comentário, poderia dizer-se que
são os cortes ditados pela crise, a argumentação dos poderes públicos centrais.
O Dr. Luís
Góis, enquanto especialista em Cuidados Diferenciados de Saúde, cuidados
hospitalares, desenvolveu com mais detalhe a questão do diagnóstico precoce,
salientando que o Centro Hospitalar em que trabalha não dispõe de um
Espirómetro, nem existe no concelho da Feira nenhuma entidade convencionada que
execute espirometrias, pelo que, ou evita a prescrição do exame, ou envia o
doente para Gaia, para exames que, muitas vezes se não fazem, porque o doente
não tem condições para se deslocar.
Na segunda parte, de tarde, a
sessão foi dedicada a doentes e notou-se a presença de muita gente. Bem mais do
que será hábito em convocações idênticas. Três Técnicas em Cárdio/Pneuno
deixaram o seu entendimento sobre sintomas e reacção aconselhável e, a nível da
medicação, explicitaram, de forma clara a maneira correcta de usar os
inaladores e bronco dilatadores e fizeram demonstrações de como se deve fazer.
Terminou a sessão uma fisioterapeuta que exemplificou diversos gestos e
movimentos para facilitar a respiração em caso de dispneia de esforço e mostrou
alguns exercícios práticos e úteis para melhorar a força muscular e tornar
menos penosos os movimentos e gestos mais elementares.
Houve depois a
distribuição de diversas publicações disponibilizadas pelo representante da
RESPIRA aconselhadoras de como usar dilatadores, com dicas e modos de agir para
quem queira deixar de fumar e outros, todos úteis para que sofre da doença.
Não seria
justo reportar este evento sem deixar uma palavra de felicitação ao corpo
clínico da USF Terras de Santa Maria pela qualidade da comemoração, pela
qualidade do Guia editado e distribuído por todos os participantes e,
sobretudo, porque, ao que ouvi, sem poder confirmar, todos os custos do evento,
que tiveram algum significado, foram suportados pelos cinco clínicos da USF.
Dedicação.
José Pinto Silva