Li naquela
papeleta que mereceu o título de “Plano de Actividades para o Exercício de
2015”, no Cap. 3 Equipamentos, a expressão: “…requalificação do terreno
pertença da Câmara na rua Rio Uima…”.
Mesmo
procurando andar um tanto informado sobre o que vai ocorrendo na terra, nunca
tinha ouvido que a Câmara tivesse comprado metade da ribeira. A propósito
lembro uma conversa entre um antigo Presidente da Câmara, já depois de ter
deixado o cargo, e eu, estávamos na ponte da Sé a olhar para a Ribeira e ele,
com ar nostálgico disse: “a minha grande frustração foi não ter podido comprar
isto tudo daqui até à outra ponte (Candeídos)”.
Depois de ler
o que li, procurei alguma informação e foi-me dito que, de facto, a Câmara
tinha comprado aquela metade, da estação elevatória para sul. Fui depois
confirmar com o anterior dono. Que fora verdade e até me disse o valor da
transacção.
Mudou de dono,
e já agora foi pena que não tivesse sido negociada a totalidade, incluindo o
moinho, e o certo é que o comprador não deve ter optado pela compra, só por
comprar. Terá um objectivo no horizonte, porque não é muito crível que tenham
adquirido aquela área toda para implantar a Estação Elevatória que ocupa uma
dúzia de metros quadrados. É dito no papel donde colhi a primeira dica haver
intento de fazer a “requalificação do terreno pertença da Câmara…” O projecto
requalificativo não foi tornado público. Antigamente era muito bom a produzir
milho. Se não foi destruído havia ali um sistema de rega de pé.
Sendo agora
aquele terreno de uma entidade pública será imperiosa a regressão de alterações
feitas, em tempos, na funcionalidade do canal condutor da água até ao moinho,
como se mostra no “boneco” colocado ao fundo.
A partir da
“Levada” – represa construída exactamente para levar, derivando, a água do rio
para os moinhos – formou-se o canal e, a poucos metros da tranqueira, havia
outro canal que ligava o canal principal ao rio. Rio velho, chamávamos-lhe nós,
para distinguir do canal. Era esse canal menor, a céu aberto, construído em
pedra, leito e paredes e era usado quando se pretendia escoar o canal principal
para limpeza e por isso se lhe chamava “canal de secagem” e trata-se, salvo
outra visão, de uma maravilha de engenharia hidráulica. De facto, quando se
fechava a tranqueira grande (junto à levada) e se subia a tranqueira do canal
menor, havia a sensação de que a água recuava. Esse canal menor foi
indevidamente aterrado e urge pô-lo na situação anterior.
Quando a
ribeira foi partida por dois proprietários, o canal foi barrado para formar
rampa de acesso a partir do bacelo superior. Estando agora envolvida uma
entidade pública, parece ser imperioso que a barragem seja retirada e, para
acesso, se construa um pequeno pontão, limpando-se o canal. Até porque continua
no ar o sonho de que aquele moinho haverá de ser um dia requalificado e as mós
postas a girar.
José Pinto da Silva