sexta-feira, 13 de março de 2015

HOTEL NAS CALDAS



Publicou, numa edição recente, o T. F., numa local ilustrada com imagens, notícia a respeito do andamento do processo e projecto do hotel previsto no contrato de adjudicação do terreno, com cerca de 4.500 m2, cedido, em hasta pública, a €1,00 / m2, no local mais nobre da freguesia de Caldas de S. Jorge.
Segundo a notícia, a Câmara aprovou o projecto – falta-nos saber se por tramitação normal e corrente, se por influência “cunhada” do presidente da Junta local, já que a propósito de tudo e nada expressa que se empenhará (ia) no licenciamento daquele empreendimento. Saiba-se lá se interveio ou virá a intervir também junto das autoridades tutelares do turismo, hidrologia e quantas soem meter colherada neste tipo de equipamentos. Como se o empreendedor, que tem projectos do género em andamento quer em Portugal, quer em Espanha, careça de tão minúscula cunha.
A imagem publicada, tem uma legenda em roda pé a dizer que o projecto implica um ajustamento na área cedida pelo município. Subentende-se que esse ajustamento será para aumentar a área. Muito ou pouco? E se for cedida mais área, sairá ao mesmo preço? Não dá a entender que, neste caso, não é o projecto que se adapta ao terreno, mas terá que ser o terreno a integrar-se no projecto. É bizarro! A imagem dá-nos uma ideia só da fachada, vistosa, convenhamos, e é indicado que dentro de dois a três anos estará a funcionar. Mantém a tipologia 4 estrelas (o concurso previa 3 como mínimo), com os 24 quartos, 12 suites, piscina e restaurante, por certo terá um bar e talvez um auditório para colóquios ou conferências.
Seria muito interessante que o empreendedor, ou outrem, quiçá o presidente da Junta, entidade vivamente interessada, na sua boca, no empreendimento, mostrassem, sei lá, através de uma planta topográfica, o enquadramento da vizinhança do hotel, na vertente poente.
Naquele espaço (a poente), está a habitação / mercearia em ruínas e o terreno adjacente mostra-se um alfobre de silvas, estando a seguir a ruína da Fabruíma e salta logo a pergunta: Alguém investirá mais de quatro milhões de euros (4 a 4,2 milhões é o indicado na notícia) num empreendimento de luxo, naturalmente para clientela VIP, tendo aquela “paisagem” tão colada? Supõe-se, então que aquele “nojo” será extirpado e haverá de ser em simultâneo com a construção do hotel, até porque haverá, de certeza, arranjos urbanísticos. Mas, arrumar aqueles dois edifícios em ruínas tem custos. Elevados. Aquisição dos edifícios, e diz-se que os donos não são gente de dar barato, demolição e depois arranjo urbanístico, tudo isso, vai implicar um investimento vultoso. Quem o vai assumir? O empreendedor? Ou será a Câmara que vai arcar com esse custo, no todo ou parte importante. São dados de que as pessoas gostariam de saber os contornos. Ser-se informado do que é pensado vir a fazer-se na terra num horizonte temporal relativamente curto é um direito. E, pela envolvência obrigatória da Câmara, a divulgação das previsões é importante.


José Pinto da Silva
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