Publicou, numa
edição recente, o T. F., numa local ilustrada com imagens, notícia a respeito
do andamento do processo e projecto do hotel previsto no contrato de
adjudicação do terreno, com cerca de 4.500 m2, cedido, em hasta pública, a €1,00
/ m2, no local mais nobre da freguesia de Caldas de S. Jorge.
Segundo a
notícia, a Câmara aprovou o projecto – falta-nos saber se por tramitação normal
e corrente, se por influência “cunhada” do presidente da Junta local, já que a
propósito de tudo e nada expressa que se empenhará (ia) no licenciamento
daquele empreendimento. Saiba-se lá se interveio ou virá a intervir também
junto das autoridades tutelares do turismo, hidrologia e quantas soem meter
colherada neste tipo de equipamentos. Como se o empreendedor, que tem projectos
do género em andamento quer em Portugal, quer em Espanha, careça de tão
minúscula cunha.
A imagem
publicada, tem uma legenda em roda pé a dizer que o projecto implica um
ajustamento na área cedida pelo município. Subentende-se que esse ajustamento
será para aumentar a área. Muito ou pouco? E se for cedida mais área, sairá ao
mesmo preço? Não dá a entender que, neste caso, não é o projecto que se adapta
ao terreno, mas terá que ser o terreno a integrar-se no projecto. É bizarro! A
imagem dá-nos uma ideia só da fachada, vistosa, convenhamos, e é indicado que
dentro de dois a três anos estará a funcionar. Mantém a tipologia 4 estrelas (o
concurso previa 3 como mínimo), com os 24 quartos, 12 suites, piscina e
restaurante, por certo terá um bar e talvez um auditório para colóquios ou
conferências.
Seria muito
interessante que o empreendedor, ou outrem, quiçá o presidente da Junta,
entidade vivamente interessada, na sua boca, no empreendimento, mostrassem, sei
lá, através de uma planta topográfica, o enquadramento da vizinhança do hotel,
na vertente poente.
Naquele espaço
(a poente), está a habitação / mercearia em ruínas e o terreno adjacente
mostra-se um alfobre de silvas, estando a seguir a ruína da Fabruíma e salta
logo a pergunta: Alguém investirá mais de quatro milhões de euros (4 a 4,2
milhões é o indicado na notícia) num empreendimento de luxo, naturalmente para
clientela VIP, tendo aquela “paisagem” tão colada? Supõe-se, então que aquele
“nojo” será extirpado e haverá de ser em simultâneo com a construção do hotel,
até porque haverá, de certeza, arranjos urbanísticos. Mas, arrumar aqueles dois
edifícios em ruínas tem custos. Elevados. Aquisição dos edifícios, e diz-se que
os donos não são gente de dar barato, demolição e depois arranjo urbanístico,
tudo isso, vai implicar um investimento vultoso. Quem o vai assumir? O
empreendedor? Ou será a Câmara que vai arcar com esse custo, no todo ou parte
importante. São dados de que as pessoas gostariam de saber os contornos. Ser-se
informado do que é pensado vir a fazer-se na terra num horizonte temporal
relativamente curto é um direito. E, pela envolvência obrigatória da Câmara, a
divulgação das previsões é importante.
José Pinto da Silva