A HISTÓRIA DOS PEC’s
Todos se
aperceberam, e continuam a aperceber, porque a qualquer despropósito, na
tentativa de achincalhar o governo Sócrates e, pior, para achincalhar a vida
política, lá volta a expressão de “PEC atrás de PEC” até ao resgate final.
Toda esta saraivada de diatribes
com reporte ao período de 2010 (primavera) até Abril de 2011 (altura do chumbo
do PEC4 e consequente pedido de apoio financeiro). Analise-se, então.
O PEC1, é um
documento obrigatório, de apresentação na primavera de cada ano à U E, como
adiantamento previsional de orçamento para o ano seguinte. Foi apresentado pelo
governo Sócrates em Março de 2010. E foi aprovado no parlamento, com o voto a
favor ou abstenção do PSD.
O PEC2,
apresentado em Maio do mesmo ano, correspondeu exclusivamente à rectificação de
um mapa e gráfico que integravam o PEC1 e que não sairam com dados correctos.
Não foi, em boa verdade, um Plano de Estabilidade e Crescimento, mas tão só uma
ligeira correcção. E foi também aprovado.
O PEC3, tornado público em
Setembro de 2010, não foi mais do que uma proposta antevisionária do que haveria de ser o
Orçamento de Estado para 2011, proposta que
viria a ser, praticamente na totalidade, incorporada no OE para 2011.
Todos se
recordam da saga negocial entre o governo e o PSD para consenso na aceitação
desse orçamento, tendo tido actuação bem activa o presidente da República,
menos por patriotismo e muito mais porque não queria entraves na sua reeleição.
E todos recordam a célebre fotografia tirada por telemóvel por CATROGA (a
última reunião negocial ocorreu em casa dele). Houve acordo para aprovação do
OE 2011 e implicitamente ficou aprovado o PEC3. Com a abstenção do PSD.
Aprovado o
orçamento e descansado que ficou o CAVACO, começou o vergonhoso ataque ao
governo e começou logo naquilo a que se chamou a Mensagem de Ano Novo. Cavaco
iniciou o ano à sua medida. A destilar raiva. E raiva enraivecida porque tudo
apontava para que em 2010 tivesse havido crescimento do PIB (viria a
confirmar-se) e raiva enraivecida porque tudo apontava no sentido de que seria
possível uma execução orçamental bem sucedida. Confirmou-se a boa execução no
primeiro trimestre. Foi também ressabiado com estas boas performances do
executivo que, o então chefe do maior partido da oposição, que salivava
caninamente só de pensar no poder, dito Passos Coelho, em directo nas TVs,
pediu desculpa ao povo por ter mandado aprovar os PECs e o orçamento que
apontavam, naturalmente, para sacrifícios.
A partir de
Fevereiro começou a verificar-se o ataque dos “benditos” mercados à dívida
soberana portuguesa e começou a banca portuguesa a boicotar, evitando a
aquisição de títulos de dívida. Chegou 9 de Março e assistimos ao mais
vergonhoso ataque a um governo em funções por banda de um presidente da
República.
Face à subida
continuada das taxas de juro, o governo entrou em negociação séria e intensiva
com as instituições europeias para um apoio extraordinário e foi solicitado ao
PM um Programa credível que balizasse esse pedido. A vida política portuguesa
entrara numa movimentação acelerada e notava-se o salivar em bica de Passos
Coelho pelo poder que ele já imaginava ali à mão e, como sempre foi, viam-se os
partidos radicais de esquerda, diria que mais partidos canhotos do que de
esquerda, ou sinistros para ser à italiana, a prepararem-se para o que
preferiam em vez de um governo PS. Mesmo que fosse um qualquer Hitler eles
prefeririam. No dia 10 de Março debateu-se o Moção de censura do BE, moção não
aprovada por mera cobardia política do PSD.
Nesse mesmo
dia, Passos Coelho foi convidado a ir a S. Bento tomar conhecimento do Programa
elaborado pelo Primeiro-Ministro, programa já aceite pela Chanceler Merkel,
pela Comissão (Barroso) e pelo BCE. Haveria de ser esse documento, que se viria
a chamar PEC4, oficialmente aprovado no Conselho Europeu do dia seguinte, 11 de
Março. No entrementes, o cafageste e mau carácter do Passos Coelho disse em
directo e a cores que não tinha sido informado desse Programa, depois de ter
estado 2 horas e meia no Palácio de S. Bento a tomar dele conhecimento. Bem que
um jornalista, de propósito ou por coincidência, deu pela entrada e esperou
pela saída do mentiroso.
No dia 11 o
PEC4 foi aceite e aprovado pelo Conselho Europeu, com declarações as mais
elogiosas das entidades disponíveis para financiarem o Estado Português em
cerca de 80 MM de euros. Claro que, daqui, o processo teria de passar para o
parlamento português, o que aconteceu em 23 de Março e o resultado é sabido.
Passos Coelho salivou, mais do que caninamente, porque Sócrates tinha anunciado
que, se o documento fosse recusado, se demitiria. Foi recusado pela mais
asquerosa coligação negativa, ficando no mesmo saco a gataria do PSD-CDS aos
mimos à do PCP e do BE. As diatribes destes partidos ao governo são mais
comichão pelas carícias dadas e recebidas do que desaprovação das políticas
seguidas.
Seguiu-se a
marcação as eleições, para grande gáudio de Cavaco e o alinhamento PCP e BE. do
maior rol de mentiras que alguma vez se viu e ouviu em campanhas eleitorais.
Protagonizado por Passos Coelho, que, tendo ganho a veia, nunca mais deixou de
patranhar o país e o povo.
Claro que tanto o BE como o PCP
estão radiantes, porque o pais está melhor, pela bitola deles, e o povo (se
fossem ao menos só os seus apoiantes) sente-se mais feliz e menos sacrificado.
José Pinto da
Silva