EFEMÉRIDE ALAGADA
24 DE OUTUBRO DE 1954
Nunca mais,
enquanto mantiver lucidez, nunca hei-de deixar de trazer à leitura a recordação
da maior cheia de que há memória acontecida em Caldas de S. Jorge e que se fez
sentir de forma muito intensa também em Fiães. Conf. Livro de Salvador S.
Silva, pag. 242 J Notícias (25/10/1954). O ribeiro Às Avessas subiu 5 metros,
diz no segundo parágrafo.
Mas o meu
reavivar das memórias em todos os 24 de Outubro é também e talvez sobretudo, é
mesmo sobretudo para lembrar a quem se sentava, ou deambulava pelos corredores
da Câmara que o processo da CHEIA, e do uso do respectivo leito, constituiu o
caso mais acabado de corrupção, tráfico de influências, subujice,
subserviência, procura de entachamentos de muita gente lá dentro, nomeadamente
no departamento dos técnicos das obras que não tiveram pejo, claro que a mando,
decerto de dedo inquisidor apontado, do respectivo (então) presidente, para quem
me volto e a quem quase me apetecia insultar, porque, em Maio de 2010 (20 ou
21), cá em Caldas de S. Jorge, num onanizar público da massa encefálica, na
altura macilenta, fez um discurso ofensivo ad hominem, a mim dirigido, sabendo,
tendo a certeza de que estava a vomitar mentiras odiosas e odientas, sabendo
que ele, ou quem de perto o rodeava, corromperam, subornaram e influenciaram os
serviços da CCDRN e depois da ARHN para que fossem alterados os pareceres
iniciais relativamente ao uso da ilha no Uima, em frente ao parque das Termas.
“…quantas vezes tivemos de ir ao Porto….” lamentou-se ele. Direi que de cada
vez era carreada mais uma mentira para o processo. Com infâmias para a minha
pessoa.
Não vou
transcrever, mas são públicos os ofícios quer da CCDRN quer da ARHN a dizer claramente que havia ilegalidade. Mas referirei que, ao tempo, trabalhava na
CCDRN (quiçá trabalhará ainda) um Engenheiro, acho que se chamava Manuel,
originário de uma freguesia quase colada à nossa, que influenciou a decisão. Um
dele familiar, pessoa bem colocada na sociedade e na vida, passando por ali
disse: “… se não fosse o meu familiar – sei o grau de parentesco – isto (o
edifício na ilha) não estava ali …” Melhor prova? Para quê!
Mas o mais
execrável é que fez entender que fora eu quem iniciara qualquer processo de
denúncia, quando ele sabia, tinha a certeza, que eu só reagi quando foi público
o ofício 001514 da ARHN para a Câmara (para ele) em 25/01/2010 (tudo se iniciou
em Julho/Agosto de 2009 com uma denúncia que apareceu num blogue), ofício que
confirmava que a obra estava “em adiantado estado de execução, faltando apenas
os acabamentos finais” – sem licença nenhuma, acrescento eu. E, noutro
parágrafo que “ O acesso situa-se acima da cota da maior cheia conhecida para o
local”. Mentira bárbara que a Câmara e os técnicos (mais aldrabões do que
técnicos) e os contratados pelo município, sem qualquer suporte de verdade,
manipularam documentos, trocaram fotografias, compraram depoimentos, contrataram
licenciados incompetentes, ou de mentes vendidas (um contratado para uma
pesquisa jornalística encontrou uma pequena local no Correio da Feira de 6
Novembro a falar de da cheia notando alguns danos causados em casas, campos e
pontes, mas esquecendo uma nota no mesmo Correio, de 30 de Outubro, com o
título UMA TRAGÉDIA, e não tendo ido ver os diários do Porto - Jornal de Notícias, Primeiro de Janeiro e
Comércio do Porto (neste é dito que a água no local –onde depois foi feita a
ilha – atingiu 5 metros e chama a atenção para o rapazito que ficou em cima do
muro agarrado ao pilarete para não ser arrastado pelo turbilhão que passava por
cima do muro. O rapazito ainda é vivo e fez depoimento escrito e assinado).
Este licenciado (João Amorim) é uma pilha de incapacidade, ou fez o que lhe
ordenaram E, se sim, é sabujo. Houve até um técnico, ou mais, que escreveu que
a coisa aconteceu porque, ao tempo, não havia infraestrutura de encaminhamento
de águas pluviais. Inteligências a insinuar que a rede pluvial serviria para
algo com um metro de água acima do solo. Ver o que se passa em Lisboa quando
chove um pouco mais do que é habitual. A água não cabe na tubaria enterrada.
Parvoíces depois vendidas a dois não pensantes que disseram exactamente o mesmo
em depoimentos colhidos por uma advogada. Não pensante.
Para terminar
e dar uma ideia das mentiras produzidas pelos serviços municipais – alguns
tinham o dever de não mentir assim – direi que, na foto de cima (Casa do
Valinho) a água passou da estrada para a padaria pela janela à esquerda que
está entre duas portas. A soleira está pelo menos a um metro de altura, pelo
que a água andava um metro acima da cota da rua. A meio da rua, agora Domingos
Coelho, andaria a metro e meio e, como a água é líquido adapta-se ao continente.
Encheu totalmente o parque e passava em turbilhão por cima do muro, pelo que
todos os baixos do edifício das Termas (andava em obras) estavam totalmente
alagados. O telhado ao lado da Casa do Zé Moleiro (por sinal a casa onde EU
cresci e onde habitava na altura) é do moinho – que ainda existe – e a água
cobriu o telhado quase até ao cume. Tirem as meças. Ouvi inúmeros depoimentos de pessoas já
adultas em 1954. A Câmara comprou dois depoimentos, imaginem de um que não era
nascido, mas lá vendeu o seu linguajar. E não falo dos disparates que os tais
técnicos escreveram em relatórios. É de fugir, ou gargalhar de pena. Ou nojo.
Em Agosto de 2011 fui recebido na ARHN e lembro-me do que me foi dito.
No texto do
ano passado terminei com: “Lembrarei isto todos os dias 24 de Outubro. E sempre
chamarei corruptos aos mesmos”. Reitero esta última frase e além de corruptos
direi que são infames. Miseráveis.
José Pinto da Silva