DÍVIDAS ENCOIRADAS
Foi sabido, há
pouco tempo, já depois das autárquicas, que a Junta de Freguesia de Caldas de
S. Jorge mantinha secreta, sem nunca ter feito constar nas peças das
apresentações oficias das contas, nem ter dado qualquer lamiré à Assembleia de
Freguesia, uma dívida, a um só fornecedor, da ordem dos € 150 000,00. Esta
ocultação (e agora parece que se sabe que há outras), segundo muitos
intérpretes da legislação específica, seria motivo para a cassação do mandato
do(s) responsável (eis). Notar que nas prestações de contas os vogais
executivos ficam solidários e coniventes em todos os actos ilícitos.
Começou-se a
falar no assunto e alguém se aventurou a abordar um próximo do credor a quem
colocou a questão a frio. É verdade que a Junta tal deve ao seu patrão aquela
verba, ou algo parecido? Posto perante a quase certeza, disse: “É verdade
verdadeira, mas se isso vier a público, eu nego que dei esta confirmação. Não
quero problemas na firma, o patrão que se entenda com a Junta. Que as raposas
coçam-se umas às outras”.Que raio de compromissos de encoirar as coisas andarão
por aí?
A dívida, uma
parte dela, viria até de mandato anterior, quando a Câmara, sem escrever, por
uma questão de fugir à seringa, disse a várias Juntas para ajustarem com o
fornecedor em questão – era o que tratava de pintar ruas de preto -, um
conjunto de trabalhos para pagamento num ano e que, entretanto, a Câmara
transferiria a verba. Passado o ano, como a Câmara não pagou (o contrário é que
admiraria), as Juntas não pagaram e o fornecedor começou a emitir notas de
débito de juros de mora. Pelo menos nalguns casos, como terá sido o caso de S.
Jorge.
Há cerca de 7
meses, via empréstimo do PAEL (à volta de 13 milhões que a Câmara recebeu do
Estado para pagar dívidas velhas a fornecedores, as Juntas receberam dinheiro
para pagar essas dívidas assumidas, de conversa, pela Câmara, só que algumas
abotoaram-se com ele e deixaram as dívidas encoiradas. Deu só umas palavritas a
abater. Terá mais tarde, e já perto das eleições, pago uma parte com uma verba
que terá sido transferida via Sul Douro. Mas .. só uma parte!
Faltará saber
se a junta, em Sede de Assembleia de Freguesia mostrará essa dívida e outras
que se diz existirem encoiradas, ou se as manterá no escano da mentira e do
desempenho nada sério.
José Pinto da Silva
Nota: Já depois disto escrito me
informaram que, numa lista de dívidas (um suposto balancete de fornecedores)
aparece uma dívida a esse fornecedor, de algo menos do que 20% da dívida total
e, para que as coisas sigam um caminho não tortuoso, a Assembleia de Freguesia
nunca deverá autorizar que sejam processado qualquer pagamento a esse
fornecedor para além do apresentado. Isto até porque a verba em dívida será
transferida para a nova autarquia (junção das duas freguesias) e a primeira
entidade fiscal foi extinta. O fornecedor… que se pusesse fino. Aventa-se que
uma parte da dívida real nem terá sido facturada!
José Pinto da Silva