CALDAS 2027
Sem,
obviamente, querer entrar em qualquer espécie de polémica, mas tão só querendo
obter algum esclarecimento e, sem falsa modéstia, soltar alguma adenda útil.
Quero enfatizar o respeito que sinto pelas pessoas, todas, que se envolveram no
projecto, incluindo no parto do nome e até a humildade – que não comparo a
qualquer espécie de subserviência – de dividir a autoria do projecto com quem
nada tem a ver com ele, a não ser o ter ajudado a disponibilizar o espaço da
instalação. Àquele grupo de jovens, a esses, passo parabéns.
Mas, como a
admiração não passa, comigo não passará nunca, pela bajulação, vou expressar
alguns desacordos e começarei pelo nome dado ao projecto. Porquê CALDAS 2027?
Li, ou ouvi, ou sei lá se as
duas, que 2027 seria a data em que se comemoraria o centésimo quinquagésimo
aniversário do 1º. Tratamento nas Termas. Se essa é a premissa, o primeiro
tratamento teria sido em 1877. Ora esta data é contrariada pelo que está
expresso no pequeno monumento à entrada sul do parque, que lembra a data de
1892 como tendo sido a do primeiro tratamento em estabelecimento estruturado.
Para cabal esclarecimento desta situação, vou transcrever o que escreveu em
1940 o Padre Costa e Silva no Jornal TRADIÇÃO, a pag. 61 (não é visível o mês
da edição).
“ (…) foi ao abade Inácio, em
princípio do século 19, que coube a glória do aproveitamento regulamentado
destas águas. À sua custa, mandou construir tanques de madeira e barracas para
banhos. Outros vieram ajudá-lo. Fez-se a primeiro instalação balnear. Foi
melhorada em 1843. Mais tarde, foi a Câmara autorizada a contratar a construção
dum novo edifício. Esta construção começada em 1889 foi dada por pronta em
1892. Até 1914 só banhos de imersão. Foi nesse ano que começaram os grandes
melhoramentos nas Caldas, para as quais têm concorrido muito as insistências do
zeloso director clínico. Inalações, pulverizações, irrigações nasais, duches e
banheiras de mármore, tudo isto se fez neste ano e seguintes. Em 1932 a
buvette, banheiras esmaltadas e pavimentação do átrio. Nos últimos anos, o
revestimento das paredes e pavimentos dos quartos e azulejos e mosaicos, motor
eléctrico e portão de ferro …”
Em boa
verdade, a data de 1877 ficou supinamente no tinteiro do Padre Costa e Silva.
Daqui se infere que o nome nada tem a ver com os 150 anos dos tratamentos. Em
1892 foi quando se inaugurou o balneário com estrutura a merecer o título, ou a
razão do nome do projecto é toda outra. Fica o desafio para o esclarecimento e
fica a intenção de, em próximo escrito, falar um pouco do que é chamado logotipo
(ou logótipo). Definição, origem e representatividade.
José Pinto da Silva