Quis o acaso
que acedesse a uma copiosa série de bandas informativas (reproduzo uma)
tituladas “Bacias Hidrográficas do Concelho de S M Feira) e, com a generosa
complacência da Direcção do “Terras”, folheei dezenas de edições do jornal para
ver alguns dos conteúdos. Ignorei as bacias voltadas ao litoral, para olhar
para as que drenam para a vertente do Douro.
O que logo me
chamou a atenção foi a mentira exposta ao reiterar que “a pior cheia verificou-se em 2001” (1),
mentira justificada, já que o(a) autor(a) do trabalho – não imagino quem foi –
se suportou nos dados fornecidos pela Câmara e pelos seus técnicos (?).
Insistem esses soi disants técnicos em ignorar a cheia de 1954 que leva a de
2001 para o classificativo de “pequena enchente”. Abaixo faculto um novo dado
para galgação e para evidenciar a “galga” que os tais “técnicos” insistem em
atirar ao público. Nas consultas que (não) fizeram, por que razão ignoraram o
Sr. Salvador Soares Silva. Se não quiserem ouvir o esclarecimento dele,
consultem o livro de sua autoria titulado ‘’ FIÃES. TEXTOS INSERTOS SÉCULO XX E
CURIOSIDADES DO RIO “ÀS AVESSAS” nas pag. 240/1/2. Pelo que ocorreu em Fiães,
no rio Às Avessas, e porque a tromba de água atingiu toda a região, fácil
deduzir o que se passou em S. Jorge e Lobão e nas terras banhadas pelo Uíma.
Curioso é que nem os “técnicos” nem o autor das “Bacias Hidrográficas…” não
tenham feito qualquer referência aos dois afluentes do Uíma a desaguar em S.
Jorge – nunca terão neles ouvido falar? – e que são a Ribeira da Fonte Fria
(informem-se dos estragos feitos pela tromba de água de 1954 sobretudo na
Ribes) e a Ribeira das Éguas). No trabalho a que se alude diz que, além das
achegas da Câmara e dos seus técnicos foram ouvidos moradores e recordo que a
já glosada “Informação Técnica” escrita por “técnico(?)” tem anexo um
depoimento de um ‘’morador’’ que não era nascido em 1954. E não falo nas
tolices na depoência. Logo …!
No último
escrito sobre o tema e inserto no “Terras” exibi uma foto do moinho da Ti
Arminda e dei a cota atingida pela água naquele ponto para galgação para o
moinho do Zé Moleiro. Agora mostro este moinho a contrastar com a Casa dos
Caldas (ao tempo conhecida como a Casa da Ti Aurora – mãe dos Caldas). Na parte
central da casa vêem-se duas placas semi-transparentes (em frente das duas
últimas janelas da Fabruíma) e tem um ponto luminoso – o globo de um candeeiro.
Pois a água, na cheia de 1954, chegou à altura daquele ponto luminoso. Não fui
medir e deixo aos técnicos camarários a galgação daquele ponto para o cume do
moinho.
Se sustiverem
alguma dúvida, estão, felizmente, vivas três ou quatro pessoas das que viviam
naquela casa inundada em 1954. Inquiram-nas. Foi o que fiz. Há poucos dias.
Gostaria muito
de conhecer o(a) autor(a) daquele trabalho – trata-se de muitas dezenas de
fotogramas das Bacias Hidrográficas e houve muitas que não visualizei – e de
com ele(a) trocar impressões sobre o tema “CHEIAS NO RIO UÍMA” e, se assim
entendido, ouvir pessoas que, em 1954, eram jovens ou mesmo adultos e que
viveram aquele “espectáculo”.
José Pinto da Silva
(1) Esta expressão aparece em muitos
dos fotogramas