Sem que a ideia tenha sido por mim gerada –
não me sentiria diminuído
se fosse o autor – nasceu há dois
anos, num bota fora de conversa em tertúlia,
a sugestão de que o FERIADO MUNICIPAL deixasse
de o ser,
passando cada freguesia a determinar o seu dia de paragem. Que haveria de ficar
com o estatuto de um feriado
como é o do municipal.
Fácil é
constatar que o feriado municipal não
significa um dia de paragem do labor no território
do município,
mas tão só
um dia que é pago a quem trabalho por conta de
outrem, sendo que muita da actividade produtiva
se mantém nesse dia, recebendo o trabalhador
em dobro, ou sendo o descanso transferido para outro dia
a estabelecer (quantos, em quantas terras, trabalham no feriado da Sexta Feira
Santa, para folgarem na segunda
feira de Páscoa?), ou até
sendo acrescentado aos dias a gozar de férias?
Fora de causa retirar a remuneração
desse dia sem trabalho, mas transferir a paragem para dia a adequar por
cada freguesia, que bem poderia ser o dia do orago de cada qual.
No que a Caldas de S. Jorge respeita, sem que tenha sido
feita qualquer consulta concreta, é
convencimento
alargado de que o dia 23 de Abril diria muito mais à
população do que o dia das Fogaceiras.
Tempo houve em que a fogaça
se ligava ao 20 de Janeiro. Agora a fogaça
é cozida quase diariamente em
tudo quanto é padaria, pelo que deixou, em
absoluto, de se ligar ao milagre da extinção
da peste. Passou a ser
um produto industrial condicionado na sua composição
(receita), para ser considerada como produto certificado, sendo que, diz-se,
algumas receitas locais serão bem mais generosas e gostosas do que
a receita padronizada.
Quem se não lembra e quem não
pede ainda uma fogaça das “Magalhães”?
Que é mais saborosa e mais
fofa, menos esticadiça do que a da receita padrão.
Tive o gosto, com que satisfação, de ser agraciado com uma fogaça
cozida em forno caseiro, por senhora que trabalhos “uma
vida” numa conhecida “regueifeira”
do clã Magalhães.
E concluo que “cesse a receita certificada, porque
outra, mais antiga, merece ser alevantada”.
É claro que o dia 20 de Janeiro é
dia de grande romaria na freguesia de S. Sebastião
(ou S. Nicolau?), a que
se dá grande pompa, ou não
fosse organizada e suportada pela Feira Viva, empresa municipal, e que atrai muita
gente, quiçá de fora da área
do município, até
porque de festividade com nota tem a procissão
das Fogaceiras,
algo vistosa, mas pouco diferente de uns anos para os outros. É
uma festa da freguesia de S. Sebastião,
como temos, em ponto mais pequeno, porque com menos meios, a Senhora da
Piedade, em Canedo. E
porque organizada por instâncias municipais, estas usam a sua
influência para a divulgação
nos diversos suportes
divulgadores, sobretudo a televisão,
sobressaindo-se aí a RTP.
A ideia não vai cair em saco furado. Feriado “freguesial”.
José
Pinto da Silva