quinta-feira, 15 de julho de 2010

A CHEIA DE 1954

Quem esteve interessado no assunto e esteve atento, viu publicados os argumentos carreados pela Câmara Municipal da Feira para, SACAR da IRH-N o tal “Titulo de Utilização dos Recursos Hídricos” e desses argumentos constava:
Uma Pesquisa jornalística feita por um licenciado em Geografia de nome João Carlos Pinto Amorim;
Um estudo, não jornalístico de uma licenciada em Geografia de nome Rita Faria; e
Autos de declarações de 2 cidadãos naturais e residentes em S. Jorge.

O estudo da licenciada, sabe-se que se reporta a uma enchente de data recente;
A pesquisa jornalística foi encomendada para dizer o que era preciso fosse dito, ou o pesquisador era um incompetente que pesquisou os tempos recentes e esqueceu o que diz a lei 93/90 que refere que qualquer estudo sobre cheias deve reportar os últimos CEM anos. Eu, sem nenhuns meios e seu o forte pago que deve ter sido feito pela Câmara (pelo trabalho e pela qualidade), fui à procura das reportagens dos jornais diários JORNAL DE NOTÍCIAS, O PRIMEIRO DE JANEIRO e O COMÉRCIO DO PORTO, edição de 25 de Outubro de 1954. Vou receber um dia destes essas reportagens em suporte digital. Diz lá, entre outras coisas, que os caudais dos rios e ribeiros subiram, na região, - fala de S. Jorge, Lobão, Fiães, Paços de Brandão, etc. – 5 metros acima das margens.
Bom, mas a Câmara tinha ali bem perto o CORREIO DA FEIRA. Sabe-se que o jornal não tinha repórteres de exterior e o jornal era feito lá dentro com algumas achegas idas das terras. Na edição de 30 de Outubro de 1954, ao noticiar a cheia inclui o título em caixa muito destacada: UMA TRAGÉDIA
Vou transcrever o primeiro parágrafo da notícia: “Na manhã do último domingo, desde o amanhecer até às 10 horas, desencadeou-se na nossa região tremendo cair de chuva, acompanhada de descargas eléctricas e trovões, que causaram o pânico a todas as pessoas e resultaram prejuízos incalculáveis nas ribeiras com milho, em fábricas de papel, em azenhas e moinhos, em caminhos, em estradas, em pontes, etc.”
Estou a calcular que em S. Jorge também.
Quanto às declarações de dois cidadãos de S. Jorge, só podem ter sido declarações por encomenda, está publicada a declaração do Sr. Elísio Mota que esteve cercado de água em cima do muro das Caldas e teve de se agarrar para não ser levado. Ele declarou, identificou-se e assinou a declaração.

José Pinto da Silva
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