domingo, 29 de agosto de 2010

(para ler clicar na imagem)

Veio na comunicação social a notícia acima, de resto ouvida inúmeas vezes nas TVs. Haverá muitíssima pessoas benefíciárias das prestações sociais em causa e que, não tendo computador, ou, tendo-o, não têm ligação à InterNet, que sentirá dificuldades para dar cumprimento a esta imposição legal. Recorrerão a qualquer boa vontade ou pagarão num qualquer prestador de serviços, dirão os mais simplistas.
Aqui está uma altura em que as Juntas de Freguesia deveriam pôr à disposição dos beneficiários a sua disponibilidade, para facilitar um pouco a vida a quem presisa de apoio.

José PInto da Silva

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A CAVILHA DE SEGURANÇA VAI SAIR

É dos livros que em qualquer Estado desenvolvido a grossa maioria da despesa é no social: Saúde, Educação, Pensões de Reforma, Abonos e Subsídios em todas as situações de carência. Às vezes nem tanto!
Foi exactamente isso que aconteceu. Nos ciclos de não crescimento, ou mesmo de decréscimo, (está-se a falar da zona ocidental do mundo, do mundo designado como desenvolvido) sempre se procedeu a aumentos de salários, sempre houve progressões de carreira, sempre se acrescentou algo aos abonos e subsídios e toda a política, económica e social, foi sempre e só orientada para a melhoria do bem-estar dos actuais trabalhadores, ignorando-se que teria de se garantir futuro para os activos de agora, para os activos de ontem e hoje já inactivos, e para os inactivos por toda uma série de incapacidades, nomeadamente pela incapacidade, cada vez mais notória, de criação de emprego para toda a gente que vai chegando à idade de entrar no mercado de trabalho, idade cada vez mais retardada por virtude do acesso generalizado ao ensino básico prolongado e aos outros níveis de aprendizagem.

Significa que as empresas manufactureiras tiveram que passar a investir permanentemente na investigação de novos produtos, de novos modelos, de novos mercados e de novos equipamentos para produzirem ainda mais e com menos mão-de-obra. E sempre que melhora a técnica produtiva, ou dispensa mão-de-obra ou não contrata mais, mesmo que precisando de aumentar a produção. Donde se infere que, mesmo sem a crise que avassalou agora o mundo, o mundo muito desenvolvido, o mundo desenvolvido, o mundo em vias de desenvolvimento e também o mundo atrasado e muito atrasado, nunca a zona desenvolvida geraria emprego para a toda a sua mão-de-obra disponível.”

Se tivesse havido capacidade de previsão em devido tempo, e capacidade para suster as irrealistas reivindicações dos sindicatos, mesmo em anos de progressão económica, o crescimento de salários e benesses sociais teriam sido bem mais moderado, mais ponderado e as disponibilidades excedentes teriam sido amealhadas para suprir as grandes dificuldades das grandes crises como a que agora atrapalha o mundo. Vemos agora que se despedem pessoas às centenas de milhar, vemos que os Estados, todos, se endividam até ao sem limite para darem algum apoio aos mais empobrecidos e vamos, por certo – e que o diabo seja surdo – ver cair por terra toda a reivindicação exacerbada que ainda se aflora. E muitas coisas vão recomeçar do zero. O tombo virá a ser proporcional à altura atingida.” Os salários começam a baixar generalizadamente em termos absolutos, os subsídios serão, muitos deles, serão reduzidos, ou mesmo extintos. Enfim, as pessoas vão, à força, interiorizar que não é possível continuar a gastar mais do que o que se ganha, que tem que acabar o viver acima da riqueza que se produz. Não causa engulho a qualquer pessoa de bem que um indivíduo (tantos indivíduos!) recorram a instituições de “apoio” porque se endividaram para ir de férias para paraísos exóticos, para trocar de carro e agora não são capazes de satisfazer compromissos. E há quem dê trela a esses safardanas?
E descendo um tanto de escalão, quantas pessoas correm para as assistentes sociais a “pedir socorro” para que lhes paguem a renda, a luz, a água, o gaz, porque o dinheiro não chegou até onde queriam! E o certo é que, no mais das vezes, lá recebem as abébias em dinheiro, esquecendo-se as tais assistentes sociais de averiguarem quanto foi pago em carregamentos de telemóvel, em taxa de TV por cabo, em roupas de marca para os meninos e meninas e em combustível para passeios. Será preciso ir muito longe para topar estes casos?
Quer dizer que se chegou a um ponto em que alguém, se não tirou ainda, vai ganhar coragem para tirar a cavilha de segurança e o sistema vai desabar, a menos que alguém tenha a coragem de, em vez de sacar a cavilha, a desça para uns furos abaixo. Sabe-se que vai doer a muita gente. E não venham com a demagogia de que os ricos não sofrem. Sofrem menos, muito menos, mas a cavilha reguladora é uma só.
Vai crescer o desemprego, vão ser mais condicionados os subsídios de desemprego, vão ser cortados muitos dos subsídios que foram crescendo ao longo do tempo, mas do que carece mesmo o sistema, é de controlo muito apertado sobre os beneficiários. Temos parado para pensar quantas pessoas, da população nacional, vive dependurada nas costas do Estado? Funcionários públicos, subsidiados de desemprego, do RSI,
gente com baixa médica, abonos de família, etc. etc. a que se acrescentam o juros da dívida e lá vão 80% da receita. Fica o quê para investimento, para apoio à dinamização empresarial, etc.?
E afinal, mandar pessoas para o desemprego, não será assim uma medida muito liberal, ou neoliberal, como agora se diz, porque o primeiro, o maior protótipo do esquerdismo, da defesa do povo e do povo trabalhador, da classe proletária, dispensou, ou está em vias de despedir UM MILHÃO E TREZENTOS MIL funcionários públicos. Faz-me pensar na falta de coragem para calcular a produtividade e rentabilidade dos nosso funcionários públicos. Diz-se que pouco mais de metade chegariam. E impor outros sacrifícios também é um gesto claramente de esquerda, pois o mesmo protótipo mantém o regime de racionamento de bens primários desde que tomou o poder. Há 50 anos. E os subsídios de desemprego, se os houver, serão ao nível do salário de um professor ou médico, cerca de 30 dólares por mês, ou seja, 22 ou 23 euros mensais. Isto é em Cuba. Ninguém ousará chamar a Fidel de neoliberal.
Claro que outros há, na casta dos contestatários profissionais, no parlamento, nos sindicatos ou nas manifestações que têm uma saudade terrível dum tal senhor Enver Hoscha, que com mão e bota de ferro manteve o povo da Albânia durante 45 anos a morrer de fome.

José Pinto da Silva

(texto publicado no "Terras da Feira" em 9/08/2010)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

AMBIENTE

RESÍDUOS INDUSTRIAIS PERIGOSOS

Antigamente, as galvanoplastias (zinco/niquelo/cromagens) deixavam nas tinas umas lamas que continham resíduos de diversos metais pesados e continham cianeto, substância altamente tóxica. Essas lamas eram periodicamente retiradas e, diz-se, alguns iam enterrá-las em locais mais ou menos inóspitos, nos montes, outros guardavam-nas em bidões ou em embalagens próprias e retinham-nas “por aí”. Às vezes, ao lavar das tinas, se os efluentes eram deixados sair para o exterior, naturalmente, pelas valetas chegavam ao rio e aconteciam as mortandades da fauna piscícola, como todos nos recordamos.
Há uns anos a Sòbrinca entrou em insolvência e do seu “recheio” fazia parte uma grande quantidade de sacas contendo dessas perigosas lamas.
Disseram-nos que, depois da cessação da actividade, os “herdeiros” da massa falida se aperceberam do “biscate” que lhes ficou nas mãos e sabiam eles que para o neutralizar teriam que exportar, com os custos inerentes, porque em Portugal não estava institucionalizada a co-incineração. Andaram as sacas em bolandas do edifício de cima para o debaixo e depois deste para o de cima e o certo é que a “bomba” está no interior das instalações, onde era a serralharia, ao que nos é dito.
O tecido das sacas deteriorado pelo tempo passado e o tecto está em vias de colapso, pelo que as próximas chuvadas – que nesta altura e com este tempo gostaríamos viessem já – encaminharão aquilo para o rio, via valetas. As consequências que sejam imaginadas.
Dizem uns que as instalações estão ainda à responsabilidade do Gestor Judicial e dizem outros que terão sido vendidas a um empresário da zona de Arouca. De quem que quer que sejam, foi feito alerta à EPNA (Departamento da GNR – Feira – que cuida da Protecção da Natureza e do Ambiente) e só se espera que despoletem medidas que levem aquilo para onde possa ser destruído, sendo os custos imputados a alguém. Não deixará de ser requerida a intervenção do responsável pela Protecção Civil da Câmara da Feira.

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS

Desde há muito que, neste concelho, está implementada a recolha, porta a porta, pelos Serviços Municipais, dos lixos domésticos. Os restos de comida, porquanto, em teoria, os recicláveis – papel, plásticos e vidros – são colocados nos Eco Pontos (infelizmente ainda muita gente não se dá a essa tão útil tarefa).
Os carros de recolha, na nossa freguesia, passam às quartas-feiras e aos sábados, pelo que é de bom-tom – direi que será obrigatório – que os cidadãos coloquem os sacos com esses restos nos pontos de recolha habituais nas noites de terça-feira e de sexta-feira. E assim é (era) costume.
Parece que, desde há pouco tempo, um estabelecimento da área da restauração pretendia que, bem perto, fossem instalados contentores de lixo. Exactamente dos que os outros estabelecimentos do mesmo sector também NÃO têm. Como a pretensão não foi atendida, solução logo arranjada. Os sacos com os restos são colocados no local de recolha – basto longe do foco produtor dos restos, que o cheiro chateia – não nas noites de terça e de sexta, mas logo que produzidos e vêem-se os sacos colocados ao sábado e domingo à noite – para recolha na quarta seguinte – ficando o pivete para ser cheirado por quem por ali tem que estar e por quem tem que por ali passar. O Vereador do Ambiente da Câmara sabe da estória. Ouvimos um cidadão, revoltado, telefonar-lhe. Voltará de novo a moda dos contentores? Só porque alguém mais importante – importante? – o reclama?

José Pinto da Silva