domingo, 16 de fevereiro de 2014

SE A BOÇALIDADE MATASSE

Mas não. Não mata. A boçalidade nalguns alfobres só cresce e tende a contagiar quem lhe estiver próximo. Se fizer calor não sua. Boça.
No debate quinzenal de 31 de Janeiro, um dos canários da maioria, que não será muito importante (parece que tinha umas entradas – falha de cabelo – na testa) porque não lhe fixei o nome e também não tenho a certeza se era do PSD ou do PP. Era lá deles. E é bem capaz de ter sido atacado por uma crise de progeria cerebral. Era velho com’o caraças na linguagem. Talvez um dos sabujos que debitam o que os “mais velhos”, os das cadeiras da frente, lhe mandam. Sob pena de não ter lugar na próxima.
Ora o dito papagueador, para justificar o roubo, insisto no uso da palavra roubo e os autores do saque têm rosto e nomes, então para tentar justificar o assalto infame, disse que o corte das pensões fora negociado pelo governo anterior, e invocou o Memorando de Entendimento e chamou a atenções para o ponto 1.11, numa de dar ideia de que leu alguma coisa daquilo. Claro que é fácil abrir referência a tal documento, sabendo-se que a generalidade do povo o não leu, (é chato de ler, diga-se, e acho que mesmo a maioria dos deputados não o terá lido) quer o texto original, quer as diversas alterações que foram sendo introduzidas. Já foram 9 as alterações, feitas exclusivamente pelo governo a mando da troika, sem a mínima intervenção de quem quer que seja da oposição. É de anotar isto, porque o texto original foi negociado pelo governo Sócrates, é verdade, mas foi “aCatrogado” fortemente, segundo ele, Catroga, que afirmou mesmo que o Memorando era bastante bom, porque tinha tido o dedo do PSD, na altura absolutamente refém de Catroga. A propósito, esse deputado papagaio terá algum dia lido o celebrizado PEC4 – não leu de certeza, afirme-se – mas que, acarneiradamente, foi chumbado pelos deputados da agora maioria, em conluio espúrio e vergonhoso com os partidos da esquerda, mais da canhota do que da esquerda, à esquerda do PS. E veja-se lá, com invocação por todos de que o PEC4 continha demasiados sacrifícios para os portugueses. Sabia-se o que viria e sente-se o que veio.
Vamos então transcrever o tal Ponto 1.11 do Memorando de entendimento inicial, negociado pelo governo do PS, mais o Catroga, para ver se fica corado de vergonha e calado o penoso canoro: “ REDUZIR AS PENSÕES ACIMA DE 1.500,00 EUROS, DE ACORDO COM AS TAXAS PROGRESSIVAS APLICADAS ÀS REMUNERAÇÕES DO SECTOR PÚBLICO A PARTIR DE JANEIRO DE 2011, COM O OBJECTIVO DE OBTER POUPANÇAS DE, PELO MENOS, 445 MILHÕES DE EUROS”.
É este o ponto 1.11, ipsis verbis, e nota-se ainda que o palrador disse que seria para poupar 500 milhões. Arredondou para cima! Como houvera de ser?
A primeira e segunda actualizações (1/9/2011 e 9/12/2011) respectivamente, são já da exclusive responsabilidade desta troika que teve, e tem, comissários no conselho de ministros e que se esqueceram de que integravam um governo que deveria ter como primeiro objectivo cuidar dos interesses do povo, todo, com atenção especial para os mais pobres.
Ao tal que alguém elegeu para ser deputado sugiro que leia o documento todo, mais as alterações todas e que junte o PEC4 e que interiorize que as alterações nada têm a ver com as oposições, nomeada e principalmente do PS e que foram negociadas, custando o que custasse, pelos Passos e Portas e seus sequazes.
Depois, o fazer-nos de parvos e analfabetos é coisa de se ateia e passa para ministros e até ao primeiro. A propósito da proclamada reforma judiciária a ministra da justiça em conferência de imprensa e, dias depois o primeiro no debate quinzenal, falaram do Mapa Judiciário e, olhem o desplante, disseram, ambos, que o governo anterior, ao abrigo do Memorando negociado pelo governo Sócrates, fecharia 49 tribunais, mas eles, bãozinhos, só fechariam 20. Veja-se só.
No tal de Memorando, é o capítulo 7 que fala da Justiça e é o ponto 7.3 que alude ao Mapa Judiciário. E diz (sic): “Acelerar a aplicação do Novo Mapa Judiciário, criando 39 Comarcas (contra as só 23 que estes de agora querem criar), com apoio de gestão adicional para cada unidade, integralmente financiada através das poupanças nas despesas e em ganhos de eficiência”. Em local nenhum do Memorando se fala em fecho de tribunais e em mais ponto nenhum se fala de mapa judiciário. Suas excelências (que disse eu?), suas indecências mentiram, porque não leram o documento e sabem que a maioria do povo não leu também. E o estúpido da questão é que não se ouviu ninguém do PS a desmentir estes mentirosos.


José Pinto da Silva

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Imagem da cerimónia da ordenação





O PADRE CARLOS 50 ANOS DEPOIS

É no próximo Domingo, dia 9 de Fevereiro, que o Padre Carlos Alberto Ferreira de Castro, o Carlitos da Ti Dorinda Mestra, como nós o referenciávamos, completa 50 anos de ordenação sacerdotal e começo do seu trabalho de evangelização. A ordenação teve lugar na Basílica Maria Auxiliadora, em Turim.
Depois da sua ordenação trabalhou na sua Congregação de sempre, nos Salesianos e por lá, desempenhando as mais importantes funções, se manteve até 1979. Esteve lá, portanto, 15 anos, altura em que, por divergências com a orientação, como ele diz, “sacudiu o pó das sandálias” e foi trabalhar, como pároco para a recém criada Diocese de Setúbal que teve como primeiro Bispo o Senhor D. Manuel Martins, a quem se chegou a chamar o Bispo Vermelho. Foram-lhe atribuídas 3 freguesias (Pinhal Novo, Rio Frio e Sarilhos Grandes) que tiveram que ser desbravadas, em termos religiosos, a partir de quase zero.
Fez um, trabalho do mais prestimoso que imaginar-se pode, até que, algum tempo depois da saída de D. Manuel de Setúbal, se gerou uma movimentação comandada por certas famílias da zona e bem alimentada por párocos de freguesias vizinhas, movimentação que recebeu bom acolhimento da nova hierarquia diocesana (bispo e sequazes) e teve como desfecho a sua remoção daquelas paróquias. Isto aconteceu em 13 de Novembro de 2003. Estão escritos, de modo detalhado, todos os incidentes, todas as malvadezas que lhe fizeram e continuam a fazer, e, se o Carlos me autorizar, eu mesmo hei-de sintetizar os factos para que, pelo menos, a gente de S. Jorge fique esclarecida.
Os párocos andavam furiosos, porque o Padre Carlos NUNCA cobrou um tostão que fosse por qualquer serviço que prestasse – missas, comunhões, casamentos, baptizados, funerais, oblatas, etc. O que recebi de graça darei sempre de graça, diz ele constantemente. Mas para os que têm pelo dinheiro outro sentimento, era uma medida que gerava descontentamento à volta. E desgraçadamente esse descontentamento apegou-se ao comando da diocese. O que ele me disse e repete, é que é feliz porque não tem salário, não tem reforma. Quando lhe perguntei como se arranjava par viver, respondeu-me que “Deus não me há-de abandonar, porque cumpri o que ele me destinou”.
Tive o privilégio de falar longamente com uma pessoa que com ele trabalhou, em muita proximidade, em Setúbal que me descreveu de forma bem detalhada toda a obra pastoral e evangélica desenvolvida pelo Padre Carlos e realçou a formidável Obra Social começada por ele de raiz: Centro Social com creche, Centro de Dia, Lar de Idosos, etc. Disse-me essa pessoa que é absolutamente impressionante o que ele deixou de bem atrás de si. Sem esquecer, por ser digna dos maiores encómios, a restauração e alindamento das igrejas das três paróquias, que estavam em total degradação e abandono. Isto foi-me confirmada, de viva voz, pela pessoa que fez o favor de me atender durante bastante tempo e que será um dos melhores conhecedores de toda a obra. Tornarei um dia públicos os pormenores dessa tão agradável conversa.
O Padre Carlos confirma que nunca obedeceu quando lhe exigiam que esquecesse a Bíblia, o Evangelho, para os trocar pelo Código do Direito Canónico. Diz ele que a Bíblia foi, é, e haverá sempre de ser o seu farol orientador.
No próximo Domingo vou lá abaixo a Pinhal Novo, onde reside, para lhe dar aquele grande abraço de parabéns pelas Bodas de Ouro, mas muito mais, pela obra que deixou atrás de si e donde tudo fazem para retirar o seu nome.


José Pinto da Silva