domingo, 15 de junho de 2014




                                                                     VÁ LÁ, VÁ LÁ …..

No cumprimento da sua actividade corrente de enriquecimento cultural (com o alimento gastronómico de qualidade à mistura), no dia 7 deste mês foi levada a efeito mais uma visita, desta vez a dois altos vultos da cultura portuguesa.

Por proposta do Álvaro Alves e consequente organização sua com a coadjuvação do Eugénio Santos (neste grupo não se distinguem títulos ou qualificações), fez-se uma excursão à cidade de Amarante com o fito de se visitar e tomar ciência das obras de AMADEO SOUZA-CARDOZO, grande mestre da pintura de finais do século XIX // início do século XX e do escritor // poeta TEIXEIRA DE PSCOAIS ambos nados naquelas paragens amarantinas.

Imaginem, que se cumpriram horários e pouco depois das 9,00 horas arrancou o autocarro do cruzamento do banco e parou na Vergada para colher 4 ou 5 inscritos, entre os quais os dois organizadores. O programa estava elaborado e foi dito que era para cumprir. O Eugénio descreveu alguns dados biográficos de ambos os a visitar, dados que, relativamente ao pintor AMADEO, foram enriquecidos pelo Professor Celso FRANCISCO dos Santos (irmão do Eugénio), professor de História da Arte na Faculdade de Letras do Porto, que facultou notas mais detalhadas do percurso do pintor.

A viagem até Amarante decorreu naturalmente sem incidentes e logo que descidos do autocarro (éramos 34 ao todo) dirigimo-nos para o Museu AMADEO SOUZA-CARDOZO, tendo-nos sido destinada uma guia que foi identificando cada sala e dando notas sobre as diversas obras e falando também do artista coevos, António Carneiro. Nestas explicações interveio também o Professor Celso. Na apreciação de um quadro de AMADEO gerou-se alguma inter-acção entre a guia e a audiência, tratando-se de uma pintura abstracta, pelo menos assim considerada pelos menos conhecedores. E fez-me lembrar algo que li primeiro a propósito do valor, ou manos valor de determinada obra. Disse alguém que a mesma obra, feita com a mesma técnica, apresentando o mesmo aspecto, tendo a mesma policromia, vale muitíssimo ou quase nada, dependendo da assinatura, do autor. E ainda o conceito de belo e de beleza. Num colóquio alguém referiu que a mesma coisa será bel ou horrorosa, consoante nos extasia ou nos prejudica. Assim, um vulcão em actividade proporciona uma imagem belíssima, mas se a expulsão da lava nos cai em cima da casa transforma-se num horror. E a imagem de uma leoa a perseguir uma presa é de uma beleza cativante, mas se formos nós os perseguidos, só nos causa aflição.

Terminada a visita, passou-se bem rápido, os que o entenderam, pela Igreja de S. Gonçalo e apreciou-se a beleza da capela-mor e de outros nichos.
Já não cedo, corrida para o restaurante onde se havia contratado o serviço. Era o ZÉ DA CALÇADA. Óptimo estabelecimento e que prestou um serviço primoroso, seja na qualidade e apresentação da ementa, como o atendimento. A visitar em se passando por Amarante.
Depois de almoço fez-se uma visita ao solar de Teixeira de Pascoaes, edifício que só pudemos ver do exterior, já que a zeladora teve um AVC e não tinha substituta. Viu-se a característica do monumento e jardins. O recheio deste solar foi adquirido pela Câmara de Amarante, sendo que os móveis foram deixados no solar e todos os outros pertences foram expostos no museu municipal. A vista a partir dos jardins é maravilhosa. A saída colhemos framboesas de uma sebe delas.

Dali fomos directos à freguesia de Mancelos, lugar de Manhufe, onde, por especial deferência dos actuais proprietários (sobrinho neto de AMADEO) e com a simpática interferência do Dr. Armindo Abreu, anterior Presidente da Câmara de Amarante e que nos acompanhou nesta visita, visitámos duas dependências da casa que foi de AMADEO SOUZA-CARDOZO. A cozinha, à época a peça mais importante da casa, porque zona de socialização, enorme, tem ainda a lareira e os escabelos da época, a mesa de levantar e todos os indicativos de estar como quando foi feita. As paredes estão ornadas com lindíssimos pratos de cerâmica pintada à mão. A sala mantém os móveis iniciais, sendo que as portas de um armário porta vidros exibem pinturas feitas pelo AMADEO. Na frente tem um amplo logradouro e um outro menos, de acesso à capela (esta implantada mais tarde) de onde se desfruta uma paisagem maravilhosa. Daqui fomos visitar a Igreja de Mancelos, uma Igreja Românica, digna de boa apreciação e, na circunstância, foi-nos facultada uma explicação detalhada pelo Prof. Celso Santos. Visitou-se depois o cemitério local e o jazigo onde está sepultado o AMADEO.

Completada esta visita, deu-se por cumprido o programa e, sendo já hora tardia, em vez de se parar de novo na cidade de Amarante, como chegou a ser falado e era opção de alguns, viemos fazer uma paragem perto de Penafiel para algum aconchego do estômago, cerca de meia hora e depois regresso sem qualquer outra paragem, que não fosse a de largar alguns passeantes que moravam na zona de passagem e não tinham deixado carro no ponto da concentração matinal.

Resumo: Foi uma jornada de enriquecimento cultural e foi mais uma etapa de convívio.


José Pinto da Silva