quinta-feira, 24 de outubro de 2013



EFEMÉRIDE ALAGADA
24 DE OUTUBRO DE 1954

Nunca mais, enquanto mantiver lucidez, nunca hei-de deixar de trazer à leitura a recordação da maior cheia de que há memória acontecida em Caldas de S. Jorge e que se fez sentir de forma muito intensa também em Fiães. Conf. Livro de Salvador S. Silva, pag. 242 J Notícias (25/10/1954). O ribeiro Às Avessas subiu 5 metros, diz no segundo parágrafo.
Mas o meu reavivar das memórias em todos os 24 de Outubro é também e talvez sobretudo, é mesmo sobretudo para lembrar a quem se sentava, ou deambulava pelos corredores da Câmara que o processo da CHEIA, e do uso do respectivo leito, constituiu o caso  mais acabado de corrupção, tráfico de influências, subujice, subserviência, procura de entachamentos de muita gente lá dentro, nomeadamente no departamento dos técnicos das obras que não tiveram pejo, claro que a mando, decerto de dedo inquisidor apontado, do respectivo (então) presidente, para quem me volto e a quem quase me apetecia insultar, porque, em Maio de 2010 (20 ou 21), cá em Caldas de S. Jorge, num onanizar público da massa encefálica, na altura macilenta, fez um discurso ofensivo ad hominem, a mim dirigido, sabendo, tendo a certeza de que estava a vomitar mentiras odiosas e odientas, sabendo que ele, ou quem de perto o rodeava, corromperam, subornaram e influenciaram os serviços da CCDRN e depois da ARHN para que fossem alterados os pareceres iniciais relativamente ao uso da ilha no Uima, em frente ao parque das Termas. “…quantas vezes tivemos de ir ao Porto….” lamentou-se ele. Direi que de cada vez era carreada mais uma mentira para o processo. Com infâmias para a minha pessoa.
Não vou transcrever, mas são públicos os ofícios quer da CCDRN quer da ARHN a dizer  claramente que havia ilegalidade. Mas referirei que, ao tempo, trabalhava na CCDRN (quiçá trabalhará ainda) um Engenheiro, acho que se chamava Manuel, originário de uma freguesia quase colada à nossa, que influenciou a decisão. Um dele familiar, pessoa bem colocada na sociedade e na vida, passando por ali disse: “… se não fosse o meu familiar – sei o grau de parentesco – isto (o edifício na ilha) não estava ali …” Melhor prova? Para quê!
Mas o mais execrável é que fez entender que fora eu quem iniciara qualquer processo de denúncia, quando ele sabia, tinha a certeza, que eu só reagi quando foi público o ofício 001514 da ARHN para a Câmara (para ele) em 25/01/2010 (tudo se iniciou em Julho/Agosto de 2009 com uma denúncia que apareceu num blogue), ofício que confirmava que a obra estava “em adiantado estado de execução, faltando apenas os acabamentos finais” – sem licença nenhuma, acrescento eu. E, noutro parágrafo que “ O acesso situa-se acima da cota da maior cheia conhecida para o local”. Mentira bárbara que a Câmara e os técnicos (mais aldrabões do que técnicos) e os contratados pelo município, sem qualquer suporte de verdade, manipularam documentos, trocaram fotografias, compraram depoimentos, contrataram licenciados incompetentes, ou de mentes vendidas (um contratado para uma pesquisa jornalística encontrou uma pequena local no Correio da Feira de 6 Novembro a falar de da cheia notando alguns danos causados em casas, campos e pontes, mas esquecendo uma nota no mesmo Correio, de 30 de Outubro, com o título UMA TRAGÉDIA, e não tendo ido ver os diários do Porto -  Jornal de Notícias, Primeiro de Janeiro e Comércio do Porto (neste é dito que a água no local –onde depois foi feita a ilha – atingiu 5 metros e chama a atenção para o rapazito que ficou em cima do muro agarrado ao pilarete para não ser arrastado pelo turbilhão que passava por cima do muro. O rapazito ainda é vivo e fez depoimento escrito e assinado). Este licenciado (João Amorim) é uma pilha de incapacidade, ou fez o que lhe ordenaram E, se sim, é sabujo. Houve até um técnico, ou mais, que escreveu que a coisa aconteceu porque, ao tempo, não havia infraestrutura de encaminhamento de águas pluviais. Inteligências a insinuar que a rede pluvial serviria para algo com um metro de água acima do solo. Ver o que se passa em Lisboa quando chove um pouco mais do que é habitual. A água não cabe na tubaria enterrada. Parvoíces depois vendidas a dois não pensantes que disseram exactamente o mesmo em depoimentos colhidos por uma advogada. Não pensante.
Para terminar e dar uma ideia das mentiras produzidas pelos serviços municipais – alguns tinham o dever de não mentir assim – direi que, na foto de cima (Casa do Valinho) a água passou da estrada para a padaria pela janela à esquerda que está entre duas portas. A soleira está pelo menos a um metro de altura, pelo que a água andava um metro acima da cota da rua. A meio da rua, agora Domingos Coelho, andaria a metro e meio e, como a água é líquido adapta-se ao continente. Encheu totalmente o parque e passava em turbilhão por cima do muro, pelo que todos os baixos do edifício das Termas (andava em obras) estavam totalmente alagados. O telhado ao lado da Casa do Zé Moleiro (por sinal a casa onde EU cresci e onde habitava na altura) é do moinho – que ainda existe – e a água cobriu o telhado quase até ao cume. Tirem as meças. Ouvi inúmeros depoimentos de pessoas já adultas em 1954. A Câmara comprou dois depoimentos, imaginem de um que não era nascido, mas lá vendeu o seu linguajar. E não falo dos disparates que os tais técnicos escreveram em relatórios. É de fugir, ou gargalhar de pena. Ou nojo. Em Agosto de 2011 fui recebido na ARHN e lembro-me do que me foi dito.
No texto do ano passado terminei com: “Lembrarei isto todos os dias 24 de Outubro. E sempre chamarei corruptos aos mesmos”. Reitero esta última frase e além de corruptos direi que são infames. Miseráveis.


José Pinto da Silva











UM OLHAR (o meu) SOBRE AS ELEIÇÕES

Depois das notas com este mesmo título da edição de 21 deste mês, será justo e talvez oportuno dar uma olhada sobre os resultados em Pigeiros. Ali o PS, seguindo, de resto, o habitual, venceu folgadamente com 386 votos contra 168 do PSD. Relativamente a 2009, o PSD obteve menos 71 votos e o PS menos 68, detalhe a que não é alheia a subida forte da abstenção. Votaram este ano menos 158 eleitores do que em 2009 e, é dito por lá, que o PS terá sido fortemente mais afectado por estas ausências. Houve algum aumento nos brancos e nulos e outros concorrentes, CDS e CDU, baixaram forte em percentagem, mas poucos votos em termos absolutos.
Na União (não acontecerá muita desunião no evoluir?) o PS perde por 20 votos e, se dividirmos os votos recebidos por mandatos obtidos, conclui-se que ao PSD cada mandato custou 201 votos (1006:5 =201), enquanto no PS cada mandato ficou bem mais caro, custou 246 votos (986:4 = 246), o que significa que a diferença de “preço” só de um mandato transferiria a vitória. Normativos da lei e do sistema.
No dia 22 foram empossados todos os eleitos, incluindo os substitutos dos integrantes do executivo e também o substituto da primeira (previsível) resignatária, a estudante em Portimão, Márcia Costa. Se na eleição da Mesa não ocorreu nada de anormal (5 votos a favor e 4 brancos), já na eleição dos vogais executivos surgiu uma areia na engrenagem, já que os 4 do PS votaram branco e houve mais um voto branco. Logo 4 a favor e 5 brancos, o que significa um transvio. Se, como alguns defendiam, o PS tivesse votado contra, resultava empate e, numa segunda votação, no mesmo dia ou noutra data, poderia haver arraste, porquanto é dito à boca alta que teria havido a promessa do segundo vogal a três eleitos. São especulações, claro, mas verosímeis.
Da secretária executiva, Dra. Joana Vasconcelos, é dito que, dada a sua actividade profissional, a intensidade dela e o local de exercício, terá pouca disponibilidade para dar tempo à Junta. Sendo advogada, poderá ser muito útil, se exercer em tempos mínimos, para chamar a atenção para as irregularidades compulsivas do presidente. Os mandatos anteriores são bem disso prova e os vogais não tinham nenhuma influência sobre o presidente, de molde a fazê-lo corrigir atitudes. Ele nem aos “adjuntos” dava cavaco.
A eleita presidente da Mesa (notar que é o cargo maior da autarquia), ao que dizem, não tem nenhuma experiência autárquica, pelo que ter-se-á que esperar para ver como lidera a construção do Regimento e como conduz as reuniões que, dependendo do activismo da oposição e do comportamento do executivo, podem vir a ser de alguns conflitos que terão que ser dirimidos pela presidente da Mesa. Terá sido a boa escolha? Ou terá sido só para alguém de Pigeiros ficasse a presidente de qualquer coisa.
Anda curiosidade no ar sobre quem terá sido o trânsfuga na votação para os vogais, até porque no espaço entre a eleição e a posse se foram ouvindo “bocas” de que este exigia ter este ou aquele posto, porque senão … algo esturraria e de que andariam no ar muitas aflições porque os tapetes estavam a encobrir montanhas de lixo. Algum desse lixo tem sido aqui por mim denunciado. Mas haverá muito mais.
Que se desenvolva actividade viva, sem receio de alguma conflituosidade, por banda da oposição. Só assim se servirão as freguesias.


José Pinto da Silva

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

UM OLHAR (o meu) SOBRE AS ELEIÇÕES

A primeira impressão é que, em S. Jorge, o PS sofreu uma derrota feia, tendo em conta, sobretudo, a expectativa que foi sendo criada, face a uma campanha serena e abrangente. Em termos absolutos, receber menos 238 votos do que o adversário mais directo, foi castigo severo, vendo-se que em 2009 a diferença fora só de 170 votos, tendo havido então mais 108 votantes (1717 – 1607).
A distribuição de votos pelos diversos concorrentes sugere algumas interrogações, como seja, acima de tudo, a diferença de votos no CDS, em relação a 2009 (menos 198 votos). Aqui o grande desequilíbrio – a perda do CDS foi benefício directo do PSD – mais o aumento da abstenção que terá afectado mais marcantemente o PS.
O QUE TERÁ LEVADO OS ELEITORES A TAL OPÇÃO? Pelas personalidades candidatas e respectivas formações não terá sido, de certeza, e mesmo o acervo experiencial para cada cargo não era, de modo algum, desfavorável à lista do PS. Se o primeiro candidato vencedor é autarca desde 2008, o primeiro candidato derrotado é-o desde 2001 e, além da sua função específica (tesoureiro) foi exercendo formalmente outras funções, incluindo de representação da autarquia (de Pigeiros) por delegação do presidente. Os primeiros 5 candidatos da lista do PS são TODOS bem conhecidos da generalidade dos caldenses, tendo-se que o primeiro nasceu em Caldas de S. Jorge e ali viveu até aos 22 anos e, residindo já em Pigeiros, foi presidente do Caldas S. Jorge Futebol Clube durante 9 anos consecutivos. E é cá que faz o melhor da sua vida social. Os outros 4 são pessoas de cá e bem conhecidas na freguesia. Bem ao contrário, nos 5 primeiros do PSD, estão duas senhoras (a nº. 2 e anunciada secretária do executivo) que efectivamente não são conhecidas em S. Jorge, mesmo sendo a nº.2 integrante do Agrupamento de Escoteiros. A que está em 4º. Lugar é estudante em Portimão. Adivinha-se que, ou renuncie, ou que venha a faltar às reuniões da Assembleia de Freguesia. Enfim, que se pronunciem os sociólogos.
É provável e será mesmo seguro que o eleitorado tenha sido sensível às “obras” - coloco obras entre comas, expressamente – planeadas e agendadas pela Câmara para o mês das eleições (recordo que em Abril o projecto dos arranjos na área das escolas e Av. do Parque Desportivo estava quase, quase pronto, visto por mim  - e mais duas pessoas de cá -  na Câmara); o mesmo para a aplicação dos painéis de sinalização, o início da barragem na Sé e a colocação da legião de trabalhadores do IEFP. A este propósito gostaria de saber onde está orçamentada a verba para estas execuções, (não para pagar aos desempregados, pois há dotação) lembrando uma vez mais que fazer sair dinheiro não orçamentado é crime. De todo o modo, foi tudo bem agendado e surtiu efeito proveitoso. 
Diz-se aforisticamente que tanto se serve exercendo o poder, como fazendo oposição, pelo que se espera que os eleitos de oposição a pratiquem efectivamente. Inclusive denunciando irregularidades, incumprimentos e denunciando em sede de Assembleia e nas instâncias tutelares a opacidade nas contas, na sua apresentação pública e nos diversos procedimentos. Há experiência executiva num e noutro lado da barricada.

José Pinto da Silva

Anotações: Contam-se cenas, como reais, e que, sendo-o são “de gritos”
                   e mesmo que não sejam, são absolutamente verosímeis, conhecendo-
                   os supostos “diseurs” e formas de agir no passado recente: “Se eu perder
                   estou f..dido”. Imagina-se o que andará por debaixo das mantas do
                   segredo. Outro: “se eu não ficar, ponho a boca no trombone e sai tudo”
                   Vamos aguardar a constituição do executivo, pois é voz corrente que
                   surgirão, contrariando o mais expectável.