quarta-feira, 26 de agosto de 2015

PRESUNÇÃO E ÁGUA BENTA CADA QUAL TOMA A QUE QUER (ditado popular)


Disse ontem em Coimbra o Secretário Geral do PCP (Partido Comunista) o seguinte: "Se o povo português quiser, estamos em condições de assumir responsabilidades, incluindo governativas, para defender os interesses dos trabalhadores e do povo".
Se tentarmos espremer este naco de pros(á)pia, vemos que o homem admite, lá p'ra ele, que o PCP vai conseguir a maioria absoluta em 4 de Outubro. O Partido Comunista, com Jerónimo ou com outro qualquer, no passado e no devir, seca tudo à volta e não aceita acordos com ninguém, diria mesmo que nem com o mafarrico. Se, numa rara ocasião fala com qualquer outra força política, exige sempre que valha o seu ponto de vista e o que eles, um tanto velhacamente, designam por "política patriótica e de esquerda".
É evidente que este tipo de linguagem só pode ser a tentativa de evitar a fuga do eleitorado mais flutuante e não inscrito. Mas, equívoco do Jerónimo - o mais parecido com Cunhal no radicalismo - esse eleitorado é avisado e sabe que a única solução para arrumar com este desgoverno será o VOTO concentrado no PARTIDO SOCIALISTA, porque praticará uma política, essa patriótica, e de esquerda praticável. O Jerónimo esquece-se que Portugal vive no mundo e rodeado de outros povos. Pensa ele, e fala e age como se fosse o PCP o alfa e o ómega da vida no globo.
José Pinto da Silva

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

ACESSO ARRIFANA / NÓ DA A1



As notícias não caem lá muito detalhadas, nem me consta que tenha sido tornado público o projecto de requalificação do troço da via em título.
O que se ouve é que o Estado terá aberto o cordão do alforge para a melhorar e muita gente, sobretudo entre os citadinos, manifestou-se indignada por não ter sido contemplada a construção de um túnel entre o Nó da A1 e o Seminário dos Passionistas. Dizia-se que esse túnel serviria para que a via rápida não separasse duas partes da cidade. É reivindicação de que se ouve falar há imenso tempo, ainda que, há anos bastantes, tenha havido uma manifestação promovida pelo núcleo local do PCP e em que se incorporou o então Presidente da Câmara e, nesse então, acho que se reclamava tão só pela remoção dos semáforos no cruzamento de Sanfins, adoptando-se uma solução alternativa que passaria por uma passagem desnivelada.
O projecto ora anunciado de requalificação da via prevê a construção de três rotundas (a moda das rotundas pegou mesmo como as silvas), sendo uma no cruzamento de Sanfins, rotunda que, ou ficará uma pequena rodita, o que não condiz com o tipo de via, ou terá que fazer ali forte “lavoura” nos terrenos ali laterais, incluindo uma casa. Parece que a versão sugerida há muitos anos, antes da moda das rotundas, a tal passagem desnivelada, superior ou inferior, a mais viável segundo o estudo que fariam, resolveria muito melhor o problema.
Outra rotunda seria no aceso ao complexo desportivo. Ali parece haver espaço bastante para se construir uma larga baía de espera para quem vem do lado da Feira, pelo que a rotunda poderia ser substituída. A terceira seria a que daria o acesso à Av. 25 de Abril. Ali já existe uma baía de espera que vai resolvendo. Como ali o tráfego roda a boa velocidade em ambos os sentidos, bastaria ali um pórtico com um semáforo controlador que fizesse parar o trânsito de tantos em tantos minutos.
No final de tudo, o importante é que tornem fluído o trânsito entre o Nó de Arrifana e o Nó da A1, mesmo esquecendo o “faraónico” túnel “para que a cidade não fique separada”. Ou seria para dispensar espaço à superfície para mais umas torres de apartamentos e escritórios. Enfim, mais um ataque imobiliário? Estou convicto, convencimento apoiado por informações que fui colhendo, que se os citadinos tivessem deixado cair essa do túnel, a requalificação daquela via teria avançado há muitos anos.

José Pinto da Silva



sábado, 15 de agosto de 2015

MENINA CIGANA MALTRATADA E OBRIGADA A CASAR

A bebé cigana ficou órfã aos três meses de idade: a mãe matou-lhe o pai e foi parar à cadeia. Valeu-lhe uma tia, que a criou e a deixou ir à escola — mas só até aos 11 anos. Depois coube-lhe a tarefa de cuidar dos quatro primos que lá moravam também em casa e foi forçada a abandonar os estudos, apesar de ser boa aluna.
No passado dia 1 de Junho, um casal espanhol que seguia pela estrada que liga Figueira de Castelo Rodrigo a Vilar Formoso encontrou-a a deambular por ali, aparentemente sem destino. Fugia dos maus tratos que lhe foram infligidos ao longo de anos pelos próprios familiares, e que incluíram abusos sexuais. O caso foi revelado esta sexta-feira pela Polícia Judiciária, que deteve seis adultos suspeitos de serem os autores destes crimes, incluindo o marido imposto à menor, ainda ela tinha 13 anos.
Segundo uma fonte do departamento de investigação criminal da Judiciária da Guarda, foi quando a adolescente se começou a interessar por um rapaz não cigano que a tia resolveu casá-la à força com um primo direito, sete anos mais velho.
“O casamento incluiu um teste de virgindade: outra tia desflorou-a com os dedos e colocou as manchas de sangue num lenço”, descreve a mesma fonte de informação. O enlace teve lugar no início do ano e, apesar de consumado, a rapariga “sempre resistiu” como pôde à união feita contra a sua vontade. Por fim, “ameaçou fugir de casa e começou a ser agredida pelo marido e pelos sogros”.
Cinco dos parentes — tios, sogros e marido — responderam esta sexta-feira perante um juiz de instrução criminal também por indícios do crime de sequestro, uma vez que retiveram a menor contra a sua vontade. A tia que a desvirginou responde por agressão sexual, tal como o marido de 20 anos. Durante vários anos terão sobrecarregado a vítima “com excessivos trabalhos domésticos, privado a sua liberdade de desenvolvimento e autodeterminação sexual, submetendo-a a abusos, e também a terão sujeitado a maus tratos físicos e psíquicos”, descreve a Judiciária em comunicado. O magistrado proibiu-os de se aproximarem da jovem. Enquanto não forem julgados terão de se apresentar semanalmente às autoridades.
Depois de ter sido encontrada à beira da estrada, a adolescente cigana foi entregue à GNR, de onde rumou para uma instituição de solidariedade social, que a acolheu. Encontra-se bem e vai voltar a estudar, informam as autoridades. 
Cumprindo o acordado na Convenção de Istambul, Portugal também vai tornar crime o casamento forçado. Segundo a mais recente alteração ao Código Penal, que por só entrar em vigor em Setembro próximo já não se aplica a este caso, "quem constranger outra pessoa a contrair casamento ou união equiparável (...) é punido com pena de prisão até 5 anos". Os actos preparatórios deste crime, incluindo "o de atrair a vítima para território diferente do da sua residência com o intuito de a constranger a contrair casamento", são igualmente punidos, com pena de prisão até um ano ou com multa.
Mesmo sem conhecer o caso concreto de Figueira de Castelo Rodrigo, o presidente da Federação Cigana de Portugal  António Pinto Nunes, manifesta-se contra a ocorrência de situações deste tipo. "Condeno veementemente o casamento à força". O mesmo dirigente entende ainda que os jovens não devem abandonar a escola antes de completarem a escolaridade mínima obrigatória, por muito que isso não lhes confira grandes vantagens na procura de emprego. Já quanto à chamada prova de virgindade feita na altura do casamento, António Pinto Nunes pensa que "é muito provável que se mantenha" no futuro, apesar de constituir uma agressão sexual.
"Se de facto as coisas aconteceram como está a ser relatado é de lamentar", observa, acrescentando que casos como este são a excepção, e não a regra, na comunidade a que pertence. "As ciganas hoje em dia falam de igual para igual com os maridos. Mas são eles que têm a última palavra", explica.
A presidente do secretariado diocesano de Lisboa da Pastoral dos Ciganos, Fernanda Reis, explica que a ritual da perda da virgindade faz parte integrante da festa de casamento cigana: “Depois disso há grandes manifestações de alegria”. É a família da noiva que entrega essa “jóia intacta” ao marido, sintetiza. O lenço manchado de sangue é depois guardado pelos progenitores da mulher, “como algo de precioso”. Fernanda Reis acredita ser possível operar uma mudança de mentalidades, tanto neste aspecto como no da escolarização, através do diálogo com a comunidade e de um trabalho de proximidade. “Esta rapariga não se conformou. Mas muitas outras conformaram-se”, declara.
O PÚBLICO tentou também ouvir a Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas sobre este caso, mas nenhum membro da direcção esteve disponível para se pronunciar.
       (Copiado do PÚBLICO de 15/08/2015)

sábado, 1 de agosto de 2015

SAÍDA DA DIRECTORA



Na segunda-feira transacta, 28 de Julho, logo cedo, li na respectiva edição o “auto” de despedida da Dra. Sara Oliveira da Direcção do Terras, notícia que me surpreendeu, porque nunca tinha ouvido sequer zoar qualquer insinuação. Por mero acaso, passada que foi cerca de uma hora, coincidiu entrar num estabelecimento em Santa Maria da Feira onde, alguns minutos depois, entrou a Dra. Sara e daí para, aligeiradamente, trocarmos algumas impressões a respeito do tema demissão. Que era decisão de há algum tempo, formalizada há um mês, tratando-se de uma saída pacífica, tranquila e civilizada. Sem stress, como agora de vai dizendo.
Quem será o substituto/a, inquiri, que não faz a mínima ideia, retorquiu. Segunda-feira talvez se saiba quem será, pelo menos em interinidade.
Agradecemos a colaboração mútua, ela os parcos contributos que fui passando para serem publicados, e eu, o facto de não ter sofrido qualquer espécie de censura aos meus textos, mesmo a alguns que expressavam alguma crítica mais contundente a uma que outra entidade conhecida e, às vezes preponderante no meio. Não foi falado, mas devo referir que houve um texto que não foi publicado, mas a Dra. Sara pediu-me para passar por lá tão logo pudesse e, olhos nos olhos, me foi dizendo que não publicaria aquela prosa porque daria, de certeza, processo judicial contra o jornal e contra, claro, o autor que assinou, assumia a responsabilidade e é tão conhecido como eu. O texto tornou-se depois conhecido via outros suportes. Mas sem o mesmo impacto para os leitores do Terras, nem para os visados.
Terminou o bate-papo com votos de todos os sucessos para ela que não deixou de me sugerir que continuasse a colaborar com este Semanário, quem quer que fosse a Direcção. Colaborarei, se quiserem algo do pouco que posso dar.
Os meus respeitos, Dra. Sara Oliveira.


José Pinto da Silva