domingo, 27 de junho de 2010

CARTA AO PRESIDENTE DA CÂMARA DA FEIRA

Exmo. Senhor,

Várias pessoas, diria que mesmo muitas, abordaram-me, no post inauguração do Bar ZIP, dizendo-me que eu fora o ausente mais presente no “discurso” que V. Exa. proferiu na circunstância. Dada a diversidade das fontes, fui aceitando que houve chá amargo a mim servido, sem que o meu nome fosse aludido. Perguntei-me porquê a “gentileza do serviço” e porquê a não denúncia com nome vincado. Soltei as dúvidas quando acedi ao vídeo com a intervenção integral. E conclui que me serviu chá cicutado e em chávena rachada.
Porque V. Exa. não disse a verdade, isto é, mentiu, não pude manter-me sem ripostar. Demorei expressamente, porque há coisas que se servem como o gaspacho. Só que eu identifico o destinatário. O Presidente da Câmara da Feira. Vamos então a factos.
Como V. Exa. sabia, e não disse, foi algures em Julho de 2009 que alguém, que não conheço, nem me interessa demasiado – talvez V. Exa. saiba quem e lhe não interesse revelar – escreveu à CCDR-N a formalizar uma denúncia cujos termos não conheço, mas que terá a ver com algo de irregular que o denunciante topou na obra já em curso e a ritmo acelerado. V. Exa. terá tido acesso a todo o processo e conhecerá os termos exactos da denúncia.
A CCDR-N deu do facto conhecimento à Câmara, em 11 de Agosto, ao que julgo. A Câmara respondeu à CCDR-N em termos que não conheço. Em 11 de Novembro a Direcção dos Serviços de Fiscalização da CCDR-N endereçou à Câmara o ofício 769800, onde diz: (cito excertos):
- “… através de uma denúncia escrita foi esta CCDR informada …”
- “… verificou que o projecto interfere com a condicionante REN e com o Domínio Público Hídrico, estando o
projecto em área de salvaguarda restricta…”
- “… verificou-se que a acção (obra em curso) é susceptível de prejudicar o equilíbrio ecológico das áreas inte-
gradas na REN e não é enquadrável nas acções que fazem parte do Anexo II do referido diploma …”
- “ ... carecendo ainda de autorização desta CCDR-N e parecer favorável da ARH-N”
- “ O art. 27º. do Regime da REN, no seu nº. 1 dispõe que “são nulos os actos administrativos praticados em violação do disposto no presente capítulo (…) a entidade administrativa responsável pela emissão do acto administrativo revogado, anulado, ou declarado nulo, bem como os titulares dos respectivos órgãos e os seus funcionários e agentes respondem civilmente pelos prejuízos causados, nos termos da lei.”
- “ Face ao exposto e atenta a desconformidade legal da construção objecto do concurso público aberto por essa Câmara Municipal, solicita-se a V. Exa. que se abstenha de praticar actos que promovam quaisquer intervenções no local mencionado”.
Foi referido ao denunciante que da análise do processo 401856 mencionado não constava qualquer informação relacionada com o início dos trabalhos no referido local, razão pela qual apenas informamos a Câmara Municipal que a realização da obra consubstanciaria uma violação ao regime da REN. O facto de não existirem informações do início dos trabalhos não permitiu iniciar qualquer processo de contra-ordenação.
Na alocução leit motiv desta missiva, além do palavreado de circunstância de elogio ao autor do projecto (elogio que subscrevo) e aos aplicadores de capital, verberou V. Exa. alguns que “sabem escrever e que habitualmente escrevem e que deviam aproveitar a ocasião para fazer algo e não criar mais problemas. E, a acentuar a crítica, choramingou as vezes que tiveram que ir ao Porto para ir solucionando problemas criados.
Abro um parêntese para perguntar a V. Exa., sendo o Tesoureiro-Mor do Município, o que fez V. Exa. por esta freguesia nos últimos 25 anos, para além de tapar uns buracos e dar as esmolas às Associações. A destempo. Fiz muito mais do que V. Exa. porque sempre folgo com algo de novo e V. Exa., tendo e detendo os meios, compra terrenos para enormes parques de lazer e investe em salas e salões mas, ou na sede, ou onde há garantia de muitos votos. Desafio V. Exa. a arrolar a obra municipal feita em Caldas de S. Jorge nos últimos 15 anos . E vem para cá verter lágrimas de réptil, tentando voltar pessoas contra pessoas. Oxalá esta polémica o faça olhar para esta abandonada terra que não foi de todo esquecida porque aqui é a Câmara dona de uma pérola que nasceu cá e de que a freguesia NUNCA beneficiou um chavo. Gostaria de ser, também aqui, desmentido. (fim de parêntese).
Claro que toda a gente que ouviu V. Exa., in loco e todos os que acederam à gravação, ligaram a diatribe à minha pessoa e, alguns, terão imaginado que era eu quem, com instinto malvado e sedento de involução da terra, inventara problemas para atrasar. É que procuraram ligar tudo isto a outras ilegalidades cometidas pela Câmara que V. Exa. comanda, a quando dos processos da esplanada, ilegalidades que eu, de cara aberta e chamando as coisas pelo nome, denunciei. Lembre-se V. Exa. que com a esplanada de Caldas de S. Jorge a Câmara deu corpo e suportou as maiores trafulhices que imaginar-se pode. Se não acompanhou, aceda aos processos e tente ver como umas pessoas foram tratadas como filhas da mãe enquanto outras o foram como filhas da ….. Espero veja os processos e analise as conivências. Andam todos por perto de V. Exa.
Ficou claro que V. Exa. naquela altura (inauguração) usou de má fé, porque, tendo tido acesso à integralidade do processo, sabe quando e como intervim. Já agora e a propósito das muitas idas ao Porto, será de dizer que quem lá foi, foi em carro pago por todos nós, como motorista e tudo e em tempo de serviço que nós suportamos a preço de funcionário público eleito. Compare V. Exa. com as incontáveis vezes que muitos munícipes, por sua própria conta, se deslocam à Câmara para resolverem problemas, quantas vezes, provocados pela má vontade, ou pela displicência ou mesmo incúria dos Serviços de que V. Exa., em situação final, é responsável. E, no caso em apreço, foram à CCDR-N e à ARH-N várias vezes para dar solução, aos bochechos, de um processo trapalhão, mal estribado e, sobretudo, suportado em dados não verdadeiros. Um qualquer munícipe deste concelho que ousasse cair nas transgressões à lei, como fez a Câmara da Feira, de que V. Exa. é o primeiro responsável, teria a obra embargada pelo Tribunal, por influência e pressão da mesma Câmara que transgrediu feiamente, com risco eminente de demolição do que estivesse erigido. Ou não é assim que essa Câmara trata casos que tais?
Tendo essa Câmara recebido em Novembro o Aviso da CCDR-N, de que transcrevi excertos, marimbou-se para a ordem de que se “abstivesse de praticar actos que promovessem quaisquer intervenções no local mencionado” e a obra continuou a velocidade de cruzeiro, em clara desobediência a uma tutela administrativa. Ou não se terá tratado de uma pura desobediência, por o desobediente ser um elemento da Administração Municipal?
Como V. Exa. sabe, porque acedeu ao processo inteiro, eu nada tive nem achei em todo este caso e, para ser claro, poucos comentários teci onde quer que me achasse. Devotei ao caso um supino alheamento.
Em 20 de Janeiro de 2010, a ARH-N, em resposta a pedido dessa Câmara datado de 11 de Novembro de 2009 no ofício 26346, pedido fundamentado não imagino como, escreveu: (cito): “Em resposta ao pedido de emissão do título de utilização (do recurso hídrico público), cumpre-me informar que se poderá aceitar a construção do equipamento (…) na ilha artificial, no meio do Rio Uima (…) tendo em conta o seguinte: (Ignorei quatro de cinco items – todos passíveis de contestação - e fixei-me só no terceiro que dizia: O ACESSO (ao edifício) FICA ACIMA DA COTA DA MAIOR CHEIA CONHECIDA PARA O LOCAL. (referir que este ofício da ARH-N foi tornado público e foi num blogue que o li como também todos os outros documentos).
Como esta afirmação constitui uma MENTIRA histórica, no dia 1 de Fevereiro de 2010 – aqui a minha entrada no processo e estava a obra quase pronta – escrevi à ARH-N a manifestar a minha estranheza por terem escrito tamanha barbaridade, porquanto eu me lembrava – e lembro – de uma cheia que andou por cima do muro que circunda as Termas – o muro ao tempo de 1954 era mais alto do que o actual – pelo que, tirada a cota a partir desse muro, o edifício agora construído ficaria submerso quase até ao tecto. E naquele tempo as condições de vazamento das águas eram muito mais fáceis, porque não havia a ilha e porque não havia a barragem e porque o rio estava sempre limpo. Contestei, pois, uma argumentação da Instituição Administrativa que tinha poder de tutela sobre a decisão de passar, ou não, o título de utilização dos recursos hídricos. Escrevi e insisti diversas vezes por uma resposta e, dada a não vinda de resposta, questionei o Senhor Provedor de Justiça para que interviesse no sentido de a Administração Pública responder a uma questão de um cidadão. No dia 15 de Fevereiro foi publicado no Terras da Feira um pequeno texto a relatar um pouco deste processo.
Foi esta, só esta e só a partir de 1 de Fevereiro de 2010, que intervim e eu bem sabia que a intervenção não era para impedir a obra, nem era esse o meu intento. Até porque sei com quem lido.
Para completar direi que em 25 de Maio de 2010 recebi uma carta da ARH-N datada de 12 do mesmo mês (demorou 13 dias a chegar do Porto a Caldas de S. Jorge) a responder à minha dúvida e tal resposta fez-me gargalhar porque diz que emitiu o documento com base em esclarecimentos pedidos ao Município de Santa Maria da Feira e ri-me porque a ARH-N colocou uma raposa a cuidar dos frangos. Nesses esclarecimentos a Câmara da Feira MENTIU claramente a quem se quereria esclarecer, mesmo suportando-se em peças desenhadas pela Divisão de Planeamento. O papel não tem capacidade de estrebuchar quando nele se colocam aldrabices. Teriam, para ser sérios, que tirar a cota a partir do muro do Parque porque foi por aí que a água andou em 1954 e, diz a lei 93/90 que é imperativo tomar-se como referência a maior cheia conhecida nos cem anos anteriores. Além de uma suposta pesquisa jornalística (ando eu a tentar fazer essa pesquisa, mas em Outubro de 1954) e de uma informação de uma técnica que, ao que li na Net se baseou na enchente de 2001, que foi uma ligeira enchente. E, aqui a maior vergonha, a Câmara mandou para lá “2 autos de declarações prestadas por naturais e residentes em Caldas de S. Jorge”. Havendo um resquício de honestidade, deveria tornar públicos esses autos de declarações com os nomes dos declarantes. Os declarantes, ou não viveram o acontecimento, ou foram induzidos a mentir por algum preço. É que o rapaz que, em 1954, foi salvo do turbilhão das águas, estando em cima do muro do Parque, esse rapaz, agora avô, é vivo e está disponível para recordar o susto que viveu naquela altura. A Câmara mentiu e, é seguro, fez alguém mentir para levar à Ilha a sua água. Eu cresci naquele moinho que ainda existe e que, nessa cheia, ficou com o telhado coberto até ao cume.
Claro que respondi logo à ARH-N e fiz sentir isso mesmo. Que a Câmara prestou informações falsas para obter o papel a tempo da inauguração, marcada para 20 de Maio. Vou juntar, a esta, a minha carta resposta à ARH-N, com quem voltarei a contactar tão logo consiga mais alguns dados que tentarei obter. Até porque está em prejuízo o cumprimento do que determinam os anexos I, II e III à Lei 93/90. Sugiro que V. Exa. mande ler esta lei e os anexos para tomar noção das barbaridades em que incorreu.
Terá ficado saciado quantum satis por ter despejado uns quantos insultos a mim dirigidos. Poderá V. Exa. crer que os considero tiros de pólvora seca.
Os melhores cumprimentos.


Nota – Esta carta, dois dias depois do envio, (por e-mail
e por fax, para ter assinatura) será tornada pública, ao jeito
de carta aberta, e enviarei cópia à CCDR-N e à ARH-N

sábado, 26 de junho de 2010

O PICO DO PETRÓLEO - Tréplica

José Luís,
Como notei no e-mail que te enderecei, fico deveras satisfeito pela oportunidade de troca de ideias, às vezes antagónicas, acabando por não ser relevante eleger-se um potencial ganhador. Pena que este tipo de debates, entre gente com cara, voz e nome, não se generalize a todos os temas trazidos à tona e com mais pessoas envolvidas
.

Quanto à tua réplica, como anunciei, aqui vai a minha tréplica. E, seguindo o princípio de que os últimos são (poderão às vezes ser) os primeiros, vou começar pelo teu ponto 7.

Escreveste que a minha afirmação “de que os recursos renováveis não têm limites” roça o absurdo e que ultrapassa os limites da crença benigna”. Francamente que não sei o que queres significar com “crença benigna”, pelo que não vou por ela. Mas já quando consideras absurda a minha afirmação do sem limite das energias renováveis, aí entraste, de verdade, na rota do absurdo. E foste estabelecer uma comparação com a fauna piscícola e com o potencial florestal. Comparação, essa verdadeiramente absurda. Espero que pares alguns instantes, que logo verás no sem cabimento em que caíste. A fauna piscícola vai definhando em quantidade e tamanho porque o humano, por necessidade de abastecimento ou por ganância, com o reforço de incidentes ecológicos (desastres como o agora acontecido com a plataforma marítima da BP), dizimam as espécies a um ritmo bem maior do que a sua capacidade natural de reposição. É comummente aceite que o peixe para alimentação humana sairá, a curto prazo e talvez na maior parte, da aquacultura que, de resto, já produz centenas de milhar de toneladas da mais variadas espécies. Claro que as reservas pesqueiras baixam, mas não cabem na designação de “renováveis”. Sê-lo-iam se pudessem crescer e procriar livremente. O que não é o caso. Outro tanto em relação às florestas. As tropicais e as outras. O humano, por necessidade ou ganância abate mais árvores do que a sua capacidade natural de reposição, para além dos incêndios, espontâneos ou provocados que dizimam, todos os anos e pelo mundo, milhões de hectares de floresta. A pretexto do desenvolvimento tem-se reduzido largamente a área florestada. Ou para abertura de vias (acesso à civilização), ou para alargamento das áreas agricultáveis. Isto é axiomático.
Então, por comparação, o SOL ficará mais gasto, ou perderá vitalidade se projectar os seus raios para mil ou para cem milhões de painéis solares geradores de electricidade? E brilha e aquece, ao mesmo tempo, com intensidade variável em função da distância da terra, em todo o globo. Há painéis na Austrália, nossos antípodas, e o sol faz produzir lá energia, como faz, ao mesmo tempo por cá. Não haverá tanta simultaneidade porque enquanto num local é dia, noutro é noite. Mas na faixa tropical aquece em toda a circunferência ao mesmo tempo e com igual intensidade. E, de certeza, que se não cansará. E o VENTO ficará mais calmo, ou deixará de soprar, se montarmos centenas de milhar, ou muitos milhões de torres eólicas, em vez das poucas que ainda há a funcionar? E será que o MAR se zangará e deixará de fazer ondas se em vez das poucas turbinas flutuantes existentes no mundo (em Portugal há uma única experiência ainda) se instalarem milhares de quilómetros de tubos geradores? E será que os rios irão secar, todos e o tempo todo, tornando inúteis as barragens de produção hidroeléctrica? E quantas mais se não irão construir, até porque, além da produção energética, regularizam caudais e proporcionam o abastecimento humano de água doce. O SOL, o VENTO, o MAR e os RIOS manter-se-ão sempre com a mesma força e capacidade energéticas, qualquer que seja a utilização que deles faça a humanidade. Bom, se, por absurdo, o SOL viesse a arrefecer por excesso de uso, todos deixariamos de precisar de energia, qualquer que seja ela. Acho que irás escrever que o absurdo e a tal crença benigna estão do teu lado.
PONTO 6 – A pesquisa e a consequente massificação de captação das energias renováveis estão ainda em fase, diríamos, inicial, mas o consumo geral é já, percentualmente, significativo, nas vertentes SOLAR, HÍDRICA e EÓLICA. Trata-se de energias ainda bastante caras, em comparação com a fóssil, mas já não há dúvidas de que nos próximos cinco anos (ou por aí) serão instalados pelo mundo todo centenas de milhar de hectares de painéis solares, como serão montadas centenas de milhar de torres eólicas, como serão construídas, em permanência, novas barragens por todo o mundo. A energia das ondas está menos generalizada, mas é uma fonte inesgotável. E quando todo este potencial for usado na plenitude, a energia eléctrica tornar-se-á muito barata e muito mais barata do que a fóssil. Isto é também incontornável. O uso do petróleo não é uma questão de vício. É uma questão de preço. Mas o petróleo vai subir muito pelos custos de extracção e a electricidade baixará para preços bem mais abaixo do que estamos habituados a pagar. A pesquisa tecnológica, mesmo em Portugal, há-de conseguir, em pouco tempo, produzir baterias ião-lítio muito mais baratas, muito mais quantidade, muito mais pequenas, muito mais leves e com muito mais carga. E as grandes marcas de construção de automóveis estão todas a andar, rápido e em força, com a produção de carros movidos a electricidade. A electricidade não irá substituir o fóssil (petróleo, gaz e carvão) só nos transportes, mas também e sobretudo na indústria. Bem cedo circularão muitos milhões de automóveis eléctricos pelas estradas do mundo.
PONTO 5 – Não vou entrar em grande polémica a propósito do cientista Bjorn STROMBORG. Direi tão só que faz parte de uma plêiade de cientistas de todo o mundo que, com coragem, se designaram CÉPTICOS em relação ao que, cada vez mais, é visto como fraude, se resolveu chamar Aquecimento Global. Ele escreveu o “Ambientalista Céptico” que não teve o marketing do outro da “Verdade (IN)Conveninete. Esse, sim, o de nome AL GORE, usou toda a sua mediatização, nomeadamente a de ter sido vice-presidente dos EU e depois candidato anti Bush para correr o mundo a vender livros, a conseguir passá-lo a filme e espalhar o que ele tentou que passasse a pânico, para entrar no maior negócio da história moderna que foi a dos Estados comprarem e venderem direitos de emissão de gases, o que movimentou milhões de milhões de dólares, de que ele e os capangas do IPCC beneficiaram largamente e, continuarão a beneficiar enquanto se lhes não tirar totalmente a carapaça da fraude. Tudo ficou praticamente descoberto a quando da Cimeira de Copenhague, fracassada de todo, até porque foram descobertos os célebres e-mails que puseram ao léu toda a manigância. Veremos o que dará a próxima Cimeira do México. Convirá dizer, a propósito do STROMBORG que ele é odiado, porque foi durante anos militante interventivo da GREEN PEACE e de lá saiu quando descobriu o que era a organização e quem a financiava. Como conhece a roubalheira por dentro, é alvo a abater. Numa célebre entrevista dada há alguns anos, STROMBORG disse, fazendo analogia, que na antiguidade, os homens deixaram de usar o sílex e a pedra lascada, não porque houvesse falta dessa matéria prima, mas porque descobriram outros materiais, como ferro, e outros metais para ligas duras, mais eficientes e mais fáceis de trabalhar. A pedra foi deixada no seu lugar. Outro tanto haverá de acontecer com o petróleo e outros combustíveis fósseis, como o gaz e o carvão. Muito antes de acabarem, serão abandonados, porque haverá energia mais limpa, mais barata e mais fácil de lidar. A Electricidade.
Quanto aos outros pontos, que terei gosto em debater, espero aceite que o faça noutra “tirada” para não tornar isto tão extenso.
José Pinto da Silva

sexta-feira, 25 de junho de 2010

VIAGEM AO TECTO DO MUNDO

No decurso da Semana de Feira do Livro promovida pela Profª. Mafalda no espaço da Biblioteca Escolar, foi entendido entre a oganização e o escritor Joaquim Castro fazer uma sessão de lançamento do seu último livro no último dia da Feira, Domingo dia 20 de Junho. Fui convidado pelo autor a fazer a apresentação. O que fiz com muito prazer. Para que fique registado, reproduzo, mais ou menos, o que disse naquela altura. Referir que gostei da organização (dou parabéns à Profª. Mafalda) e é de notar a quantidade de pessoas que estiveram presentes e também o número de livros vendidos.
(APRESENTAÇÃO)
Estou aqui neste, para mim, tão gratificante como embaraçosa tarefa, de dar uns toques de divulgação de um livro de que é autor o Joaquim Magalhães Castro a quem nós, muito carinhosamente, tratamos por Quim-Quim, ou por Quim Castro. E estou aqui porque o autor deu a entender, a mim e a outros, que gostaria que fosse eu a fazer a apresentação, por certo, bem mais pela amizade que nos liga do que pela capacidade que em mim reconheça. Tenho plena consciência das minhas limitações, mas espero não desvirtuar o livro e muito menos o autor.
Estando nós a tratar de livros, leitores e leituras e escritores, caberá hoje, aqui e agora, levantar o nosso espírito para a memória do grande escritor português, José Saramago, que hoje e dentro de poucos minutos, fará a sua última viagem, até ao Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa. Polémico quanto baste, adorado por muitos e odiado por muitos outros, foi o único Prémio Nobel de Literatura outorgado a um português. Pelo menos nessa qualidade merece a nossa homenagem, sem qualificar ideologias, a dele por contraposição com as de outros.
Vir a este lugar falar de letras e de livros é, para mim, e para mais alguns dos presentes, um saudoso regresso ao passado. Em dia que não lembro do mês de Outubro de 1946 entrei nesta Escola pela primeira vez. Tinha passado alguns dias, menos de semana, na escola da Tulha (agora parte do espaço ocupado pelo Centro Paroquial) e fui para cá chamado para tentar entrar directamente para a 2ª. Classe. É que eu tinha andado num Mestre-Escola com quem aprendi a soletrar as primeira letras e a alinhar as primeiras contas e, curiosamente, essa espécie de pré-primária funcionava na “loja” – erra assim que se chamava aos fundos das casas, mesmo que não se tratasse de caves – na “loja da casa da Avó do Quim-Quim – a Ti Dorinda da Mestra – e onde nasceu e cresceu o seu (do autor) pai, a quem este livro a apresentar está dedicado. Nesse tempo era mestre-escola o Senhor Ferreira, que foi marido da D. Ilda Rôda, há poucos anos falecida cá em S. Jorge. Vim, pois tentar a segunda classe – nesse ano funcionavam aqui, nesta escola as 2ª. e 4ª. Classes e na Tulha as 1ª. e 3ª.
Quem me fez o exame de entrada na segunda classe – a mim e a mais dois nas mesmas condições – foi o, agora, Padre Carlos Alberto Ferreira de Castro, tio do nosso autor, Quim-Quim. A leitura que, então, me foi imposta foi a “Dona de Casa” que era a primeira lição em letra mais miudinha que vinha no Livro da Primeira Classe. Terei lido razoavelmente e terei acertado na conta mandada fazer, ao ponto de o Professor Carlos Santos Silva ter determinado que eu ficaria por aqui, com os da Segunda Classe. Para melhor recordar esse tempo e esse episódio, trouxe comigo os Livros da Primeira e da Segunda Classes desse tempo e que foram adoptados durante dezenas de anos. Foi tão só para evocar esta longínqua ligação a familiares do nosso autor do livro que vamos divulgar que tive vontade de regressar ao longínquo 1946.
Vamos então ao Livro “VIAGEM AO TECTO DO MUNDO”
Como sabem todos quantos têm alguma ligação aos livros, em quase todos e logo no início é posto um texto, a que chamam Prefácio, às vezes longo e outras vezes nem tanto e que, geralmente é escrito por pessoa amiga do autor, ou que com ele tem alguma afinidade. Outras vezes o prefácio é escrito pelo próprio autor, que dele se serve para uma prévia apresentação da obra, ou de pontos para que quer chamar mais a atenção. Recordemos que quem prefaciou o anterior livro do Quim Castro – Mar das Especiarias – foi a ex-Embaixadora, Dra. Ana Gomes, agora deputada no Parlamento Europeu.
Houve quem, com alguma graça tivesse definido Prefácio como: Uma coisa que se escreve no fim, se coloca no princípio e nunca ninguém lê. É que há prefácios muito chatos de ler que iniciam livros maravilhosos!
Pois no caso deste livros que queremos, aqui e agora, divulgar, é de muito grande utilidade começar por ler o Prefácio que, não estando assinado, foi escrito pelo autor do livro, e é de muito grande utilidade porque nos proporciona uma visão muito resumida e global da obra. Mostra-nos em três linhas a grandiosidade e a beleza das montanhas do Tibete e dos seus vales. Sugere-nos as dificuldades daqueles povos, desde tempos imemoriais, para vencerem a agressividade dos elementos e também as enormes perseguições a partir da ocupação chinesa. Faz-nos sentir que, apesar do fascínio que provocou e provoca, esteve isolado e desconhecido do Ocidente, pelo menos até ao Século XVII, e lembra como a partir desse então (1624), alguns portugueses, jesuítas quase sempre, desde Goa, onde estavam instalados, partiram à descoberta daquelas inóspitas paragens, na procura da aventura e na tentativa de localização de povos para evangelizar. E é também aqui que alude aos diversos exploradores portugueses, que terão sido os primeiros ocidentais aquelas tão sedutoras quanto agrestes terras. E lembra António Andrade, quiçá o que mais notas deixou sobre as terras, as gentes, os costumes, as artes, as privações e as dificuldades de viver e apreendeu tudo isso ao ponto de fazer construir uma Igreja e de fundar uma Missão Católica, que teve vida curta, mas deixou as raízes e os cheiros portugueses. E tantos outros nomes de exploradores menos conhecidos, como Manuel Marques, companheiro de Andrade, Francisco Azevedo, João Cabral, Estêvão Cacela e vários outros que terão sido as únicas autoridades sabedoras da vida e da cultura tibetanas. E desde 1624, até meados do século XVIII, foram a única fonte onde a Europa pôde beber alguma informação sobre o Tibete. Refere o livro que, se Camões vivesse então, do mesmo modo que laureou os marinheiros, teria laureado os caminheiros que em vez de mares, sulcaram montanhas, também “entre perigos esforçados” (…) e também “mais do que permitia a força humana”. Interrogamo-nos porquê os nossos Ministérios da Cultura não curam de divulgar os feitos destes “varões (pouco) assinalados”.
Pela leitura somos levados à lembrança histórica de que, nos cristãos, nos budistas, ou noutras confissões, a arte, a cultura e o ensino eram repositórios dos mosteiros, conventos, igrejas e templos, donde irradiavam todos os raios da cultura, o que significa que naqueles tempos da idade média e antes e depois, a religião, qualquer que fosse a divindade adorada, foi o grande fautor de cultura e fica aqui confirmado que os regimes, quando cegos pela doença de todo o poder, pela dominados pela cegueira do autoritarismo, pela tendência para o quero, posso e mando, normalmente secundados por terríveis hordas de militares diminuídos pelo sentido de obediência cega, a pretexto da defesa da cultura, destroem todos os bens culturais existentes e isso mesmo se verificou na mais celebrizada do que célebre revolução cultural maoista que fez destruir monumentos, mosteiros, bibliotecas e obras de arte e tudo o que cheirasse à cultura que eles consideravam reaccionária. E, pior ainda, pelo envio de milhares e milhares de chineses para o Tibete, foram forçando a adopção de cultura e língua importadas. Vimos algo de semelhante em Timor Lorosae, depois da invasão da Indonésia. Os povos invadidos podem ser dominados, mas não se deixam subjugar todos, o tempo todo. Lutam, morrem muitos, mas algo haverá de mudar.
Depois do Prefácio leiam-se também as duas páginas de Introdução. Fica-se com uma ideia geral, o que torna bem mais agradável a leitura do diário do palmilhar por aquelas terras, onde as populações residentes e também os visitantes se submetiam a sacrifícios ingentes para viver e se deslocarem e um local para outro. Das peripécias dessas viagens de uma terra para outra, da luta para aceder a certos locais, da dificuldade para convencer as pessoas sem ser através de altos pagamentos, e também de muitos momentos agradáveis que sempre se proporcionam a quem, como o nosso autor, procura estudas as culturas e as gentes daquela região do mundo, para esse diário, que vai de 5 de Setembro até 22 de Outubro, passarei a palavra, dentro de alguns segundos ao autor.
Registo a forma como descreve a chegada a KASHGAR, no fim da viagem. (Kashgar é o nome da cidade para onde se dirigia o autor – chegar a Kashgar). A última parte da viagem em cima de um camião a desfazer-se aos bocados, o desenvolvimento da arte de mecânico que cada um sempre tem, para conseguir que o chaço andasse mais umas centenas de metros, a intuição de que não se devia arriscar descer a montanha em cima de semelhante arremedo de viatura e o despenhamento, por perda de travões, por um enorme precipício. E depois a alegria de uma refeição normal que já se não comia há quanto tempo e de um banho quente e demorado para fazer amolecer e descolar a poeira que se foi acumulando no corpo no decorrer de muitos dias.
Não posso deixar de referir a graciosidade com que escreve para descrever algumas circunstâncias e que, também neste livro, representa clara arte de ficção. “O ESTARDALHAÇO DAS CARROÇAS PUXADAS POR IAQUES (espécie de búfalo) ERA O ÚNICO RUIDO A COMPETIR COM O MURMÚRIO DO VENTO” “ERA A RESPIRAÇÃO OFEGENTE QUE NOS SERVIA DE ALTÍMETRO”. Para além da capacidade de detectar e descrever pequenas minúcias, quase invisíveis detalhes que só um escritor consegue detectar. E fiquei impressionado quando, a certa altura, descrevendo uma celebração local, com danças e músicas, alude a um instrumento, que imagino semelhante a uma flauta, feito com o osso de canela humana.
Em local de livros e de leitura, fecho com uma citação: QUEM NÃO LÊ, NÃO QUER SABER; QUEM NÃO QUER SABER QUER ERRAR. (Miguel Torga)
Espero ter correspondido ao que era esperado.
José Pinto da Silva

quarta-feira, 23 de junho de 2010

PORRADA À DISTÂNCIA


Disseram-me diversas pessoas que ouviram, que, na inauguração do Bar ZIP, o Senhor Presidente da Câmara, na alocução que proferiu, resolveu sacar de azorrague virtual e vergastou sem piedade nem dó alguém que não estava presente. Esse alguém teria sido eu próprio. Mais tarde acedi à gravação integral da diatribe e concluí que o saco da porrada era eu mesmo.
É evidência fácil de demonstrar que o Senhor Presidente disse ali uma série de bacoradas, um chorrilho de mentiras, na tentativa vã de empurrar com a barriga toda uma série de irregularidades que a Câmara, de que é o primeiro responsável, cometeu, irregularidades que foi tentando colmatar com uma sequência de mentiras, falsas declarações e que terminou com um documento final enviado à ARH-N que, além das mentiras, mostra à evidência que aliciou alguém de cá de Caldas de S. Jorge para prestar declarações mentirosas. Claro que não será capaz de dizer, nem o teor das declarações, nem o nome dos declarantes.
Vou enviar, dentro de dois ou três dias, ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira uma carta, bastante extensa, (já está escrita e a ter tempo de amadurar) onde procuro acompanhar o processo desde o princípio e deixarei mais do que provado que mentiu e que o que insinuou de mim, tentando denegrir-me perante alguma gente de cá, assenta como uma luva na sua (dele) pessoa.
Essa carta, longa de três páginas, será enviada por e-mail para ser rápida a viagem, por fax para conter a minha assinatura (o e-mail poderia levar a assinatura digitalizada, mas optei pelo fax) e enviarei cópia à CCDR-N e à ARH-N e colocá-la-ei neste mesmo espaço para ficar disponível. Se, mesmo extensa, o jornal concelhio onde tenho feito publicar alguns textos a quiser publicar, para lá enviarei o texto. Tornarei pública também uma carta que recebi da ARH-N e a minha imediata resposta. Estas duas últimas cartas serão também enviadas ao Senhor Presidente da Câmara, para que core de vergonha ao ler as informações que mandou para a ARH-N.

José Pinto da Silva

SITIO DA JUNTA NA net

Há muito que não acedia ao sitio oficial da Junta de Freguesia e, nesta visita, constatei que, afinal, já lá inseriram o nome completos de todos os membros da Assembleia de Freguesia. Cabe ainda um reparo: É que os membros da Mesa também são integrantes da Assembleia e, com a disposição que foi dada, até parece que não. Seria mais correcto colocar todos os nomes seguidos, e nos três primeiros, entre parênteses, incluiria.
------------ (Presidente da Mesa)
………… (1º. Secretário)
………… (2º. Secretário)
…………
………… etc.
EMPRESAS PÚBLICAS DE TRANSPORTES

Escrevi em texto anterior algumas notas sobre os prejuízos que, todos os anos, apresentam as empresas de transportes: CARRIS, de Lisboa; STCP, do Porto e os METRO, de Lisboa e Porto. Cada pessoa que entra num desses meios de transporte leva consigo um prejuízo. Mas li há dias o balúrdio que aufere de remuneração cada um dos presidentes do Conselho de Administração. Um bom desempenho não quererá significar lucro, mas com tanto prejuízo acumulado, será legítimo que recebam milhares de euros por mês de salário? Se calhar mesmo gente menos qualificada e com menor curriculum político era bem capaz de não deixar aumentar os prejuízos. Baixem salários ou troquem de gente.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Certificados de Aforro

Gostava que alguém me explicasse – esse alguém só poderia ser do M. das Finanças ou do IGCP – porque carga de água é que o Estado se tem vindo a financiar lá fora a uma taxa de juro que chega a ser superior a 5% e o mesmo Estado paga aos seus financiadores locais que compram títulos de dívida conhecidos como Certificados de Aforro menos de 1%. Se isto não é um ROUBO feito aos aforradores que, desde há anos, têm feito do Certificados um mealheiro sem chave, é pelo menos um acto de gestão danosa, porque leva os aforradores a fugir. Por isso temos um índice de poupança que envergonha o país, mas devia envergonhar muito mais quem gere o mundo das finanças públicas. Diz-se que isso é uma imposição da banca. Se é, então o caso é ainda mais vergonhoso.
Gostava (2) que me explicassem se faz algum sentido que numa empresa inteiramente pública, cuja sobrevivência depende de centenas de milhões de euros que o Estado por lá injecta todos os anos, como é o caso da CP, se faz algum sentido, dizia eu, que um pequeno grupo de trabalhadores dessa empresa (os maquinistas) tenha a liberdade de parar totalmente a empresa. Já nem sequer estou a olhar para os prejuízos e transtornos que acarretam para centenas de milhar de outros trabalhadores. Estou só a olhar para a irracionalidade da situação. Acho que o Estado teria meios legais de impedir semelhante bronca. Os maquinistas, se têm reivindicações a fazer, que convençam disso os outros sindicatos da empresa para paralisarem por atacado. Passa-se outro tanto, inúmeras vezes, com os pilotos da TAP. Queixem-se depois quando vier a ser decidido, se aparecerem coragem e corajosos, privatizar essas empresas.
Gostava (3) que me informassem, os sindicatos e os partidos ditos obreiristas, o que deve fazer um empresário (ou o que faria um dirigente desses partidos ou dirigente sindical, se caísse na boa de ser empresário) que no meio de, por exemplo, 50 trabalhadores, tenha 2 ou 3 calaceiros, pouco assíduos, não cumpridores de metas, instigadores de mau ambiente, etc. Dar-lhes o salário e mandá-los para casa? Seria um prémio que qualquer calaceiro aceitaria logo. Ou ter a oportunidade de os mandar “dar uma volta ao bilhar grande” abrindo brecha para admitir outros tantos com quem se pudesse contar para produzir? É tema que está agora na berlinda da discussão. Mas gostaria de receber o ponto de vista da CGTP e do PCP/BE.

José Pinto da Silva

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Pico do Petróleo

Não concordo com o conteúdo do “post” titulado “O Pico o Petróleo, uma Realidade cada vez mais presente” e inserto no blogue Caldas de S. Jorge. Passo a réplica para este meu blogue, porque não seria curial meter todo este texto como comentário, se é que não excederia o máximo de caracteres permitido. Quem tiver interesse acede aqui.
Com o devido respeito pelo seu “poster”, acho que parte de pressuposto errado, porque absolutamente desactualizado. Para além de um contradição premente.
A teoria do “Pico do Petróleo” conhecido também pelo nome do autor, ou, Pico de Hubbert (Marion King Hubbert) foi expendida em 1956 e, desde então para cá (54 anos) milhares de pesquisas novas foram feitas em milhares de locais diferentes pelo mundo e foram descobertas novas reservas de milhares de milhões de barris do “sangue da nossa sociedade”, como diz o autor. Basta olhar o Brasil e Angola, para referir só locais onde estão interesses portugueses. E tem a Rússia, o Canadá, a Venezuela, a Indonésia, etc. etc.
Concordar-se-á que ocorrerão periodicamente “choques petrolíferos”, mas isso terá sempre a ver com movimentações de políticas económicas, de mais intensa ou menos intensa extracção para condicionar e controlar preços. Recorro-me de um conhecido economista, grande especialista da política económica das energias e particularmente do petróleo, o canadiano, Sr. Jeff Rubin que esteve em Portugal há três ou quatro semanas. Ele confirma que a sociedade actual está “viciada” – o termo usado – no petróleo, mas que vai ter que o pagar muito mais caro. Não porque não haja, mas porque os custos de extracção crescerão fortemente, prevendo ele o preço de US$ 150,00/barril dentro de pouco tempo. Claro que isso irá provocar recessão económica e os preços oscilarão de molde a que as economias se adaptem, sendo que baixarão 5 para subir depois 7, baixando mais tarde 4, para subir depois 6 ou 8 até chegar a um preço alto, mas já com as economias acordadas dos choques.
Pergunta o autor por alternativas ao petróleo como fonte de energia. Eu diria, parafraseando ilustríssimos técnicos, que é a ELECTRICIDADE. Produzida das formas mais diversas, mas sempre de fontes renováveis, já que se deixará de usar o fóssil - petróleo e carvão -(a prazo não longo) para produzir electricidade. Mas a eólica, a hídrica, a das ondas, a solar – a mais importante de todas – e, claro, a nuclear, sabendo-se que as reservas de urânio são consideráveis e sabendo-se que as novas tecnologias além da segurança, quase não produzem cinzas residuais que terão que ser “sepultadas” algures. Portanto a electricidade irá movimentar o chamado mundo desenvolvido, em todo o tipo de movimentos, incluindo todos os meios de transporte, ficando o petróleo (e carvão) a ser utilizado pelos Chineses, Indianos e que tais durante mais uns tempos, até que achem que petróleo é caro e que a electricidade terá tendência a ficar cada vez mais acessível em preço. Será de lembrar que está em Portugal a primeira grande fábrica de produção de acumuladores (baterias) para propulsão de automóveis e que esteve quase a ficar cá também uma nova fábrica de automóveis eléctricos. Temos, de resto, em curso a montagem de uma alargada rede de carregamento de baterias. E isto será espalhado muito rapidamente a todo o mundo ocidental e alguns países do oriente (Japão, Coreia do Sul, etc.)
É verdade que a produção e distribuição da electricidade é ainda muito cara e tem que ser subsidiada. Mas, sobretudo a solar haverá de ser de tal modo disseminada (produção de painéis fotovoltaicos) que se tornarão baratos e concorrenciais com o petróleo em fase barata. Já temos barcos de grande porte a navegar movidos SÓ a energia solar. E carros. E mesmo aeronaves. Será aí o futuro, dizem muitos entendidos.
A certo passo escreve o autor: “…em paradigmas de crescimento eterno que não contemplam os LIMITES (destaque é meu) dos recursos renováveis e não renováveis, é como se não houvesse limites”. Ora os renováveis, porque o são, não tem mesmo limites, a menos que a terra impluda. Não estará previsto que o Sol se apague, que o vento deixe de soprar ou que o mar deixe de ter ondas. Teremos in aeternum essas fontes de energia, cabendo-nos tão só recolhê-la.
E mesmo para as energias fósseis (hidrocarbonetos e carvão), seguindo o que ensina um famoso cientista Dinamarquês, STROMBORG, ficarão milhares de milhões de barris de petróleo no subsolo porque ninguém os haverá de querer enquanto força motriz. Como por cá as cerejas em ano de excesso de produção. Ficam na árvore porque o preço da apanha é demasiado alto. Será extraído algum, o mais fácil de extrair, para usos laterais, como o plástico e muitos sucedâneos. Diz ele, para estabelecer comparação, que se fosse hoje possível e economicamente viável, cobrir dois terços do deserto do Saará com painéis fotovoltaicos, haveria energia para abastecer o mundo. E sabe-se que está formado um enorme consórcio industrial exactamente para produzir os painéis e instalá-los precisamente no Saará para produzir energia para a Europa. Outro consórcio está formado para instalar equipamento idêntico no Dubai. Quer dizer que o desenvolvimento da energia solar é irreversível e vai, a breve trecho, substituir o petróleo. Continuando, claro, a produção eólica e a partir das ondas e está na ordem do dia a discussão séria sobre o nuclear que muita boa gente diz ser uma boa parte da solução. Que percentagem de energia eléctrica é actualmente produzida na Europa via força nuclear? Dizem que haverá de crescer de imediato, inclusive em Portugal.
Diz Stromborg que o grande problema da humanidade é a água potável. Diz ele que se leve água potável aos cantos do mundo onde ela não há e bem e estará resolvido o mais ingente problema da humanidade. O aquecimento dito global não será problema, como não será o combustível fóssil.
Por aqui me fico mal grado muito se possa ainda dizer.
José Pinto da Silva