sábado, 22 de novembro de 2014

22/Nov./2011 Festa dos 99 anos









                         













Próxima do último adeus

A SAUDADE DA PERDA

Quase teimo em dizer que tinhas obrigação de estar aqui, hoje, connosco. É claro que não vamos comemorar, com festa, este dia que seria do teu 102 aniversário. Mas vamos lembrá-lo e dizer-te - claro que não seria preciso dizer-te - que temos, nós todos, muitas saudades de ti e lamentar o não podermos usufruir daquela reunião alargada que todos os anos fazíamos no dia 22 de Novembro. De propósito coloquei aqui ao lado o registo de muitos dos teus bisnetos reunidos no dia em completaste 99. E para realçar a tua serenidade uma imagem de ti já muito próxima da tua partida.
Continua serena e em paz. Nós continuamos, todos, filhos netos e bisnetos, a pensar em ti.
Até um dia destes.

Assinam todos.  


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

APRENDER A VIVER COM D.P.O.C.

















No âmbito da comemoração do Dia Mundial da DPOC (antecipado um dia, para 18, por motivo de agenda de alguns participantes), a U S F Terras de Santa Maria, em Santa Maria da Feira, levou a efeito uma sessão (modernamente talvez se lhe pudesse chamar work shop) de verdadeiro esclarecimento à volta da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, sendo a manhã dirigida a Médicos de Cuidados Primários de Saúde (Médicos de Família), sendo o painel formado, além da Coordenadora da USF, Dra. Eduarda Vidal que fez a introdução depois da apresentação feita pela moderadora do debate, Dra. Sara Oliveira, directora do Terras da Feira, pelos Drs. Jaime Sousa, Médico de Família numa USF de Matosinhos e Professor na Faculdade de Ciências de Saúde na U. Minho, Rui Costa, Especialista em Medicina Geral e Familiar, além do Dr. Luís Góis, Director do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de EDV (entre Douro e Vouga). Completava o painel a Dra. Vanda Caramelo, Técnica da Autoridade para as Condições de Trabalho, núcleo de S. João da Madeira. Para o evento foram convidadas Associações de Doentes, tendo-se feito representar a APA (Associação Portuguesa de Asmáticos) e a RESPIRA (Associação de Pessoas com DPOC).
Os dois primeiros interventores, conhecedores profundos da doença em discussão, dissertaram sobre a doença, as suas causas e consequências para a vida de cada doente e sua família, para a comunidade pelos custos que o acompanhamento e tratamento acarretam e para os sistemas de saúde e unidades hospitalares, pela “enchimento” de urgências e, muitas vezes, de internamentos. Falaram da principal causa, o tabagismo e dos meios para se promover a desabituação tabágica, além da exposição a outras situações de riscos, como fumo passivo e contacto com diversos poluentes, não esquecendo as lareiras domésticas. Deram nota da imensidade de portadores da doença, diagnosticados e não diagnosticados e sugeriram a consulta nos cuidados primários tão logo sintam tosse persistente, cansaço anormal, dificuldade sentida a fazer tarefas simples.
A Técnica da ACT desenvolveu o tema da preservação da saúde e higiene nos locais de trabalho, e falou da exposição a elementos poluentes nas actividades mais importantes no concelho da Feira e outros à volta, como cortiça, calçado, madeira/mobiliário, metalurgia, tendo dado algum realce à exposição as produtos químicos usados nalgumas indústrias. A terminar fez alerta para os trabalhadores informais, o mesmo que dizer, trabalhadores não inscritos da S. Social e os riscos a que se expõem trabalhadores e empregadores em caso de acidente ou doença profissional. Em jeito de comentário, poderia dizer-se que são os cortes ditados pela crise, a argumentação dos poderes públicos centrais.
O Dr. Luís Góis, enquanto especialista em Cuidados Diferenciados de Saúde, cuidados hospitalares, desenvolveu com mais detalhe a questão do diagnóstico precoce, salientando que o Centro Hospitalar em que trabalha não dispõe de um Espirómetro, nem existe no concelho da Feira nenhuma entidade convencionada que execute espirometrias, pelo que, ou evita a prescrição do exame, ou envia o doente para Gaia, para exames que, muitas vezes se não fazem, porque o doente não tem condições para se deslocar.
Na segunda parte, de tarde, a sessão foi dedicada a doentes e notou-se a presença de muita gente. Bem mais do que será hábito em convocações idênticas. Três Técnicas em Cárdio/Pneuno deixaram o seu entendimento sobre sintomas e reacção aconselhável e, a nível da medicação, explicitaram, de forma clara a maneira correcta de usar os inaladores e bronco dilatadores e fizeram demonstrações de como se deve fazer. Terminou a sessão uma fisioterapeuta que exemplificou diversos gestos e movimentos para facilitar a respiração em caso de dispneia de esforço e mostrou alguns exercícios práticos e úteis para melhorar a força muscular e tornar menos penosos os movimentos e gestos mais elementares.
Houve depois a distribuição de diversas publicações disponibilizadas pelo representante da RESPIRA aconselhadoras de como usar dilatadores, com dicas e modos de agir para quem queira deixar de fumar e outros, todos úteis para que sofre da doença.
Não seria justo reportar este evento sem deixar uma palavra de felicitação ao corpo clínico da USF Terras de Santa Maria pela qualidade da comemoração, pela qualidade do Guia editado e distribuído por todos os participantes e, sobretudo, porque, ao que ouvi, sem poder confirmar, todos os custos do evento, que tiveram algum significado, foram suportados pelos cinco clínicos da USF. Dedicação.


José Pinto Silva




terça-feira, 11 de novembro de 2014

DETECTIVE À PORTUGUESA



Ocorreu um assassinato num rua esconsa de uma aldeia isolada. Ficou o corpo inerte e o criminoso, ciente da ausência de testemunhas, desapareceu cosido ao combro da rua e lá se acomodou em casa, que nem era muito longe.
Por artes de saiba-se lá de quem, não muito tempo depois chegou ali um agente de autoridade local e lá foi tirando notas da posição do cadáver, tipo de  arma usada, se houve ou não luta, até que, com jeito de medo, juntou-se-lhe um homem de meia idade que, caso como em segredo, disse ao inspector que sabia quem matou o homem, que bem o vira e que sabia bem onde morava.
E lá encaminhou o agente até à casa do suspeito. Bateu na porta, truz, truz, truz, e quase de contínuo aparecem duas pessoas exactamente iguais. Era irmão gémeos e ninguém os distinguia e como haveria de ser? Ambos negavam terem cometido qualquer crime, que nem sequer passavam por aquela rua há muito tempo. E o confundido inspector coçou na cabeça e foi para casa matutar, ficando sempre de olho naqueles dois.
Surpreendentemente, a partir de certa data, um deles começou a engordar desmesuradamente enquanto o outro se mantinha com a mesma magreza de sempre. O inspector achou aquilo estranho, porque, pelas pesquisas que fez, não havia razão aceitável para tal opamento de um dos gémeos. Matutou, matutou e concluiu com um grito eufórico. O ASSASSINO É O QUE FICOU MAGRO!
E como chegaste a tal conclusão assim de repente? inquiriu o chefe. Ora, atão nunca ouviu dizer que O QUE NÃO MATA ENGORDA?

José Pinto da Silva
  

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

NOVA HABILITAÇÃO PROFISSIONAL...LAMBE - CUS

(O Miguel Esteves Cardoso deliciou-nos com um texto que diverte dizendo verdades como punhos. Que leia quem se quer divertir um pouco e que leia quem tem a língua já gasta de tanto lamber a ver se ganha alguma personalidade e endireita a coluna.)
>> "Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios a o seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele.
>> Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá-los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia.
>> Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço». Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alunos engraxavam os professores, os jornalistas engraxavam os ministros, as donas de casa engraxavam os médicos da caixa, etc... Mesmo assim, eram raros os portugueses com feitio para passar graxa.
>> Havia poucos engraxadores. Diga-se porém, em abono da verdade, que os poucos que havia engraxavam imenso. Nesse tempo, «engraxar» era uma actividade socialmente menosprezada. O menino que engraxasse a professora tinha de enfrentar depois o escárnio da turma. O colunista que tecesse um grande elogio ao Presidente do Conselho era ostracizado pelos colegas. Ninguém gostava de um engraxador .
>> Hoje tudo isso mudou. O engraxanço evoluiu ao ponto de tornar-se irreconhecível. Foi-se subindo na escala de subserviência, dos sapatos até ao cu. O engraxador foi promovido a lambe-botas e o lambe-botas a lambe-cu.
>> Não é preciso realçar a diferença, em termos de subordinação hierárquica e flexibilidade de movimentos, entre engraxar uns sapatos e lamber um cu. Para fazer face à crescente popularidade do desporto, importaram-se dos Estados Unidos, campeão do mundo na modalidade, as regras e os estatutos da American Federation of Ass-licking and Brown-nosing. Os praticantes portugueses puderam assim esquecer os tempos amadores do engraxanço e aperfeiçoarem-se no desenvolvimento profissional do Culambismo.
>> (...) Tudo isto teria graça se os culambistas portugueses fossem tão mal tratados e mal sucedidos como os engraxadores de outrora. O pior é que a nossa sociedade não só aceita o culambismo como forma prática de subir na vida, como começa a exigi-lo como habilitação profissional. O culambismo compensa. Sobreviver sem um mínimo de conhecimentos de culambismo é hoje tão difícil como vencer na vida sem saber falar inglês."
Miguel Esteves Cardoso
Eu não podia deixar de fixar este naco de prosa nesta minha página. É fabuloso como atinge um bom conjunto de gente sabuja que, mesmo sem verdadeiramente precisar, até pelas qualificações, se estendem para ser tapete do patrão, do chefe, do hierarca, só para ver se recebe um elogiozito ou para ver se sobe um degrau na escala da importância. E sabe-se lá, da influência, para poder ser lambe-cu de outro mais importante.