quinta-feira, 9 de maio de 2013


PASSADEIRAS PARA PEÕES

Tem dito a comunicação social que, no ano passado, terão morrido mais de 200 pessoas atropeladas dentro de localidades em cima de passadeiras para peões. Causas para tal calamidade? Poderão ser várias, sendo que até, num ou noutro caso, a culpa poderá caber ao peão atropelado.
Uma das condições imperiosas para se tentar evitar esses atropelamentos é que as passadeiras sejam bem visíveis, o mesmo é dizer que devem ser pintadas de novo sempre que a tinta esbate e fica de visibilidade reduzida.
Em Caldas de S. Jorge, no cruzamento da Avenida da Igreja com a Rua Rio Uima/Domingos O. Santos (cruzamento do banco) há passadeiras que ninguém vê, já que não são pintadas. No início as pedras de cor diferente com que foram feitos os traços ainda se viam. Agora só há a percepção da existência das passadeiras quando se chega ao pé.
Ouvimos que já terá havido apelo à Junta de Freguesia e até à Câmara para que avivassem aquele instrumento de (pseudo) segurança de peões, apelos caídos em saco roto. Haveria quem suportasse a despesa, mas, ao que ouvi, nenhum particular pode tomar a iniciativa, porque se trata de estrada municipal e, se intervier, sujeita-se a ser “coimado”.
Seja a Câmara ou a Junta, o importante é que alguém torne aqueles traços visíveis a alguma distância e, talvez mesmo, com tinta fosforescente para ajudar de noite.
Que não venhamos a lamentar algum atropelamento naquele local que, independentemente dos intervenientes, será sempre da responsabilidade primeira das autoridades.

José Pinto da Silva

quarta-feira, 8 de maio de 2013


MUITOS ANOS DEPOIS (8 de Maio de 1970)

Lembrar-se-ão, os que me leram em Janeiro, que nas linhas debitadas a propósito de minha mãe – tinha passado um ano sobre o seu passamento – fiz referência, passageira embora, a toda a minha família directa. Mãe, filhos, netos e mesmo irmãos. Não por esquecimento, mas expresso, deixei nas teclas a pessoa que mais próxima me é e assim tem sido nestes últimos 43 anos das nossas vidas. Como defini-la? O que dela dizer hoje e aqui? FOI, E É, UMA COMPANHEIRONA. Na simplicidade e na curteza expressiva pretendo dizer tudo. Amiga, amante, colega, confidente. Enfim … mulher.
Tivera eu engenho condizente, e este tempo de vida solidária daria um volumoso livro, já que retenho inúmeros detalhes desta longa vivência. Ficam elencados alguns passos que me merecem destaque e que refiro por ordem mais ou menos cronológica, que não pelo grau de importância que lhe dedico.

. A determinação e cabeça erguida com que enfrentou o vulgo, em época em que se dizia à boca grande ou mais pequena que éramos amigados, amancebados, amantes, enfim cognomes sempre depreciativos. Era em 1970.
. A simplicidade e carinho com que acolheu os meus dois filhos que escolheram viver connosco, pondo     como condição que os educaria como se dela fossem filhos e como educaria filhos que viesse a ter. Assim se fez. Ajudou a criá-los com alegria e, estou certo, passou-lhes alegria a eles. Acompanhou-os até ao último dia em que viveram connosco e mantém lindo relacionamento, considerando os filhos deles como “seus” netos.
. A responsabilidade com que aceitou tomar conta do meu tio que fui encontrar quase morto, que levei para o hospital onde esteve várias semanas e depois ficou a viver connosco. “Tratá-lo-ei, são como são e doente como doente, como se fora o teu pai que já não tens”. Assim fez e quanto trabalho ele lhe foi dando nos 9 anos que esteve connosco.
. A insistência com que pressionou para que iniciássemos a construção da nossa casa, tendo a “ousadia” de pedir a seu pai a cedência do terreno, em altura em que as relações estavam ainda arrefecidas..
. Sobretudo não posso deixar de me curvar perante a dedicação que teve para comigo, em período de grande carência, altura em que tivemos que desfazer-nos de alguns anéis e em que, para não nos desfazermos dos dedos, trabalhou dia e noite para juntar mais uns tostões que nos permitissem manter dignidade e até sustento. E em períodos de doença grave foi o meu arrimo, foi a dispensa de todos os cuidados, qual enfermeira dedicada. Ainda agora, sendo que a saúde é jóia arredia cá em casa.
. Tenho que referir uma atitude de abnegação, desprendimento e grandeza de alma que teve, há poucos anos, para com os três enteados/filhos. Eles não sabem porque ficou guardado para nós ambos. Saberão um dia destes.
   BEM HAJAS, GUIDA, PORQUE ESTAMOS JUNTOS HÁ 43 ANOS.
               Em Caldas de S. Jorge, aos 8 de Maio de 2013