domingo, 4 de julho de 2010

DECLARAÇÃO


ELISIO FERREIRA MOTA, nascido a 13 de Maio de 1945 na (então) freguesia de S. Jorge, concelho da Feira, agora com 65 anos e residente na rua Domingos Oliveira Santos, 165, em Caldas de S. Jorge, portador do Bilhete de Identidade nº. 709804, passado pelo Arquivo de Identificação de Lisboa, declara, por lhe ter sido pedido e para poder ser usada junto de quaisquer entidades públicas, da Administração Central ou Municipal, que se recorda de, no dia 24 de Outubro do ano de 1954, ainda cedo na manhã, e no após uma muito grande tromba de água que desabou sobre esta zona e que durou cerca de duas horas, tendo a água do rio Uima já transbordado para a rua por cima da ponte da Sé, como era conhecida, tentou ir espreitar de mais perto o turbilhão do rio no sitio a seguir ao chafariz existente ali mesmo junto à ponte. Em poucos minutos a água subiu muito na estrada (notar que em 1954 a rua, agora Dr. Domingos Coelho não tinha a delimitação hoje existente nem o muro limitativo – havia troços de um muro arruinado até à zona do poço, 10 metros a montante da ilha agora existente – e uma álea de plátanos em todo o comprimento da rua até ao local onde está agora um quiosque, local onde havia um tanque para retenção de água) e como a água subiu muito, atravessei a rua, já com a água acima dos joelhos e saltei para cima do muro que circundava todo o parque de então e que vinha até à ponte. O muro estava derrubado em partes e como a água continuasse a subir, caminhei, sobre o muro, em direcção à entrada sul do parque (ainda lá existe hoje no mesmo sítio), onde o muro era um pouco mais alto e, por causa do pequeno desnível da rua, a altura da água sobre o muro era menor. Mesmo assim a força da água era muito grande, pelo que, para não ser levado, agarrei-me a um pilar que ali existia na entrada para o parque e deixe-me estar a ver se alguém me iria buscar. O redemoinho da água era tal e o barulho da torrente no rio tinha tal intensidade que me senti oirado e pensei que não me aguentaria.
A água entretanto, porque tinha então deixado de chover, baixou um pouco e veio um senhor, Camilo Mota, de seu nome, a caminhar, saído do edifício das Caldas e com uma corda amarrada na cintura e, como não se aguentava na torrente, recuou. Este senhor, falecido já há muitos anos, ficou bastante ferido nas pernas por objectos e pedras que eram arrastadas pela torrente. Algo mais tarde e já com a corrente um pouco menos violento, veio outro senhor, agora também falecido, de nome Serafim Magalhães e por nós conhecido por “Chino”, também amarrado com uma corda pela cintura, chegou junto de mim, tomou-me ao colo e levou-me para o edifício das Caldas. Todo o recinto do parque era um enorme lago em turbilhão. Passado algum tempo, não muito, a água foi descendo e várias pessoas, ainda com água pelos joelhos foram-se chegando até ao local onde estive retido.
Declaro serem verdade estas declarações, pelo que as assino.
Caldas de S. Jorge, 24 de Junho de 2010
O original desta declaração está assinada pelo Sr. Elísio Mota e desmente e desmonta as hipotéticas declarações compradas pela Câmara da Feira de "dois naturais e residentes em Caldas de S. Jorge.
José Pinto da Silva
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