segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

STEVE DOIG - A Pastilha Amarga


As lideranças comunistas e, por afinidade, os dirigentes intermédios, mais os chefes da CGTP, mais os sindicalistas aderentes e/ou adesivos, mais os outros extremistas que coincidem na arte de ser sempre contra (quase) tudo, todos estes mais os outros especializados na convocação, organização e mobilização de manifestações anti-governo (qualquer que ele seja, diga-se), a última das quais, em 6 de Novembro, dita de preparação da greve de 24, não devem ter digerido a pastilha chamada Steve Doig, investigador americano, a dar aulas na Universidade Nova, coadjuvado pelo Prof. António Granado.

Para nos posicionarmos, lembramos que a liderança da CGTP, na véspera, dia 5, anunciava, com cobertura intensiva das TVs e imprensa escrita, uma previsão de 150 000 manifestantes. Os incautos ficaram a imaginar o enchimento da avenida e ruas (todas) da baixa lisboeta. No dia 6, depois de terminada a manif., ANA AVOILA, coordenadora da Frente Comum, nas TVs todas, com ar constrangido, declarava, lastimando-se, que não tinha sido atingido o objectivo de participação, que se tinha ficado um tanto aquém das previsões, pois as presenças terão andado à volta dos 100.000 manifestantes. Mesmo assim uma multidão, um sucesso.

O Senhor STEVE DOIG é altamente especializado no cálculo e contagem de multidões, usando métodos variados e irrefutáveis. Ele e os seus colaboradores, claro.

Relativamente à manif. de 6 de Novembro, mediu a Avenida desde o Marquês até aos Restauradores (início e fim da caminhada) – 1 100 metros de comprido por 20 m de largo. Registou a hora de início e de fim da marcha e, no percurso, colocou alunos seus em locais estratégicos que foram contando os passantes em cada 30 segundos. Estabelecida a quantidade média de passantes por minuto, sabendo a duração da caminhada, fácil é estimar o total de presenças. Nos Restauradores, depois de calculada a superfície total da praça, a partir de edifício alto, foram feitas fotografias que mostraram, vistos de cima, os espaços vagos e via-se a facilidade com que as pessoas se movimentavam no recinto.

Feitas as contagens das médias dos passantes por minuto e multiplicadas pelo tempo tomado pela caminhada, conclui o investigador que não estiveram na avenida mais do que 8 000 pessoas, consentindo que, na melhor das melhores hipóteses, terão atingido as 10 000. Nos Restauradores, calculada a área do recinto, calculados os espaços vazios e analisada a facilidade de movimentação das pessoas, a ouvir as arengas dos sindicalistas não estiveram mais do que 5 000 pessoas. Os detalhes de cálculos estão acessíveis e a LUSA abordou este investigador e colheu dele declarações. Mas a grande imprensa bateu sempre na mesma tecla da imensa manifestação de 100 000 manifestantes e que era um valente aviso para o Governo. Mas, nem os organizadores fizeram mais referência ao evento, tal foi o fiasco.

Tendo-se previsto que haveria uma adesão massiva de todo o país, por certo que, cumprindo-se o habitual, se alugaram as centenas de autocarros do costume. Foram vazios?

José Pinto da Silva

Comentários
0 Comentários