terça-feira, 15 de março de 2011

DIAGNÓSTICO

Com a devida vénia, insiro neste espaço uma nota assinada pela Secção de Caldas de S. Jorge do PS e publicada no blogue próprio

Se adoecesse, garanto que nunca consultaria um “médico” que tentou examinar um doente e viu uma data de pequenos furúnculos, alguns ainda na pré-aparição e espreitou um princípio de gripe, mas não teve forma de reparar num tumor, já grande, que não nasceu no corpo doente, mas lhe foi implantado de importação.

Viu muitos efeitos da crise, mas não viu, porque não quis, porque quer que o doente morra, o tsunami da crise que veio simultaneamente do mar do norte, infestou o mediterrâneo e ergueu-se alteroso no Pacífico. E também nos molhou até à cintura. Ou mais acima?
Perante o discurso perfeitamente ominoso do Presidente da República, tão ágil e aberto a ler um diagnóstico há muito feito – quem não sabia que o défice tinha que ser reduzido, que as dívidas interna e externa é grande, mas esquecendo que está mais ou menos na média europeia, que temos um desemprego muito elevado e que têm sido requeridos sacrifícios pesados, mais pesados do que todos e cada um quereriam, não lhe ocorreu aperceber-se e dizer que o verdadeiro vírus da crise veio de fora. Mais grave ainda, em véspera da anunciada manifestação de jovens (terá sido mesmo de jovens e por eles organizada?), com o poder da voz de um Presidente da República incendiou, incentivando com “façam ouvir a vossa voz” “mostrem a todos que é possível viver num país mais justo…”.

Perante o ziguezaguear das oposições, uma porque sim, outra porque não e outras porque nem sim nem não, ao chefe do governo, assim ominosamente atacado pelo Presidente, porque não é homem de capinar sentado, alvitro que, de forma muito clara, elabore um PLANO DE GOVERNAÇÃO, com tomadas de posição duras, muito duras ou mais suaves, consoante o seu entendimento e as exigências da situação e o apresente de forma pública e amplamente publicitada à oposição, com relevância e intencionalidade particular à oposição do arco do poder (PSD+PP) – exclui-se a esquerda radical por ser mera perda de tempo e de saliva, porque “se hay un cualquier gobierno, ellos son contra” – saberiam pela comunicação social – e desafiaria aqueles dois partidos a que aceitassem integrar um governo miscelanizado – chamasse-se ou não bloco central – para o pôr em prática ou a que fizessem uma declaração pública e publicitada de aceitação das medidas propostas.
Integrar o governo não aceitariam, pelo menos com José Sócrates a primeiro-ministro, confirmando o que declararam abertamente e, perante a recusa de colaboração, governando ou apoiando as medidas, seria de “entregar as chaves” ao Presidente da República. Dissolveria o parlamento e convocaria eleições antecipadas assumindo ele, junto com os partidos da oposição, as consequências da crise política emergente, da suspensão de apoios europeus e assumiria sobretudo o risco de as eleições não ditarem uma situação maioritária coerente e abriria o caminho para a sua própria demissão. Foi o risco que assumiu Jorge Sampaio quando demitiu o governo de Santana Lopes.

Nós defenderiamos o jogo do encostar à parede e propomo-lo.

O secretariado da secção do PS de Caldas de S. jorge

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