EMIDIO SOUSA
INDIGNADO COM
A REDUÇÃODE IRS EM
LISBOA
Numa local da
edição de segunda-feira, 19 de Novembro, com o título acima, dizia-se que o
Vice-Presidente da Câmara da Feira, Dr. Emídio Sousa ficara espinhado (indignado)
porque a Câmara de Lisboa deliberou, não imagino se unanimemente, abdicar de
parte do IRS que lhe cabe das transferências do Estado, beneficiando
directamente os seus munícipes.
É princípio
comum e generalizado que a função de uma Câmara Municipal é promover o bem-estar
dos seus munícipes. Sobretudo. E, por muito que custe ao Sr. Vice-Presidente da
Câmara da Feira, a Câmara de Lisboa, ao prescindir de 2% do IRS que lhe cabe
segundo a lei, está a minorar um pouco as dificuldades das populações (neste
caso da de Lisboa) amenizando-lhe ligeiramente a carga fiscal que este governo
está a impor aos portugueses. Que o Sr. Vice-Presidente conteste (se
eventualmente vê razão) o pagamento pelo Estado à Câmara dos terrenos do
aeroporto, vá que não vá, agora contestar um benefício dado directamente aos
contribuintes é, direi, descaramento. Se a Câmara da Feira cedeu graciosamente
terrenos para equipamentos estatais, tê-lo-á feito porque terá admitido que,
mesmo cedendo esses terrenos, o município sairia beneficiado, uma vez que, de
outro modo, não teria esses equipamentos. Se a Câmara de Lisboa tem mais força
negocial junto do poder central, isso é sinal de força, em contramão da
fraqueza de outras Câmaras, onde se inclui, visto isso, a da Feira.
Já agora, deve
sentir-se à distância de légua a indignação do Dr. Emídio Sousa com o orçamento
apresentado pelo seu correlegionário partidário, e vizinho, Dr. Castro Almeida,
à Câmara de S. João da Madeira, porquanto ele, não só baixa os impostos
cobrados aos seus munícipes, como aumenta o investimento, melhora o apoio
social aos mais carenciados e reduz o endividamento. Só faltará acrescentar que
o Dr. Emídio Sousa ainda vai acabar por propor que o ministro das finanças faça
um estágio em S. João da Madeira.
O Dr. Emídio que se indigne também, e muito, com o presidente da Câmara da Amadora que não só baixou o IRS para os seus munícipes, como baixou também o IMI. E de certeza que haverá outras Câmaras a fazer outro tanto, quiçá daquelas que foram sabendo gerir os destinos municipais com mais sageza.
José Pinto da Silva