segunda-feira, 23 de março de 2015

RETIRADA DA CONFIANÇA POLÍTICA

Como eu me recordo! Andava-se no processo de escolha do Candidato PS à Câmara. Alguns nomes saltaram para a berlinda e, mais ou menos inopinadamente, aparece consumado que a escolha caíra em Eduardo Cavaco. Logo no momento torci o nariz à escolha e, ao então membro da Comissão Política que me deu nota da decisão, fiz sentir isso mesmo. Que eu não teria razão, que fora uma boa escolha e que por ali houvera boas influências do António Cardoso, na altura presidente da Concelhia.
Logo ripostei que, não estando em causa a pessoa do Senhor Eduardo Cavaco, nem muitas das suas qualidades nalguns ramos, que não na política, autárquica ou outra, era meu convencimento de que a escolha caíra na esperança de que não faltaria dinheiro para a campanha. Que haveria de ser dura. Fiz referência à pessoa do Senhor Eduardo Cavaco, que conhecia e por quem nutria, e nutro, simpatia pessoal, mas que era fraco candidato, porque era alheado da política e muito mais alheado dos princípios orientadores do PS. Que não, replica o interlocutor, que era um industrial conceituado (por sinal já nem era porque vendera a sua posição na indústria) e que, quanto a dinheiro, intervim eu, que estaria longe de ser mãos largas como tinha sido o Alcides Branco. Evidente que não faço a mínima ideia de quanto investiu na tentativa de vencer.
A escolha teve seguimento, o escolhido empenhou-se na campanha dando a cara em exposições públicas e não deixei de o apoiar e de nele votar. Não sei se houve algum compromisso político celebrado e mesmo vertido a escrito. Se houve, há muito foi quebrado.
O Senhor Eduardo não tinha formação política e era, ao que sei, bastante afastado dos princípios do PS e era, seguramente, irreverente e incontrolável e sabia-se que sempre que estivesse em discussão o que quer que fosse respeitante à sede do concelho, à Vila da Feira, mesmo que em eventual prejuízo do concelho, o Senhor Eduardo estaria ao lado da Vila da Feira, mesmo que contrariando frontalmente o PS e o concelho. Dizia-se, em tom de graça, que era “cobeiro” – da Coba – até à medula.
A coisa explodiu agora a propósito do EuroParque cuja responsabilidade gestionária a Câmara assumiu, claramente no escuro, porque, para já, não sabe o que fazer à criança, nem sabe se haverá quem lhe mude a fralda ou dê banho. Claro que Eduardo Cavaco, de certeza que acriticamente, até porque tem a ver com a sede, estaria sempre com a Câmara, nem que fosse para biberonar o elefante caiado, que de facto é, como expressou o anterior presidente da AEP.
Não imagino como funcionava a ligação dos vereadores entre si (o Eduardo seria o líder deles), nem entre a vereação e a liderança PS na Assembleia Municipal, nem mesmo entre os vereadores e a Comissão Política. Normalmente funcionaria tudo em roda livre, uma ligação de elos quebrados.
A retirada da confiança política é absolutamente correcta, acho eu. Quanto à Isabel, eventualmente também. Mas a conclusão mais imediata é a de que a escolha de candidatos foi pensada com a cabeça dos dedos polegar e indicador em movimento friccional.


José Pinto da Silva
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