quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CHEIAS DO UIMA

A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO UIMA
CHEIAS

Numa procura de coisas ligadas ao Uima e que pudessem balouças nas águas da internet, acedi a um trabalho de pesquisa assinado por Rita Faria e António Pedrosa, elaborado em 2005, e, tratando de trabalho extenso e elaborado, fixei-me só no fenómeno das cheias. O trabalho tem o título “Impacto da Urbanização na Degradação do Solo Urbano e a sua Relação com o Incremento de Inundações Urbanas em Santa Maria da Feira”
Vou copiar dois parágrafos daquele trabalho para salientar a referência à cheia de 2001. O restante está acessível na NET.
“No entanto, nem a componente física, nem a humana, por si só, permitem uma visão de conjunto das características da bacia, e a sua compreensão torna-se mais completa quando se estabelece o cruzamento entre as diversas variáveis que lhe são inerentes. É importantíssimo conhecer a intervenção humana no meio biogeofísico, uma vez que essa acção é que pode tornar a área vulnerável a determinado risco.
É exemplo desta vulnerabilidade o acontecimento ocorrido na freguesia de Caldas de S.
Jorge, em 2001. Esta ocorreu devido à existência de um muro transversal à linha de água,
em que a parte inferior é constituída por uma secção de vazão para o caudal do rio, mas
que se revela insuficiente em épocas de precipitações elevadas. A linha de água no ponto A
(fig. 12) encontra-se à cota 162 m, e o ponto B à cota 130 m. Numa situação normal,
mesmo com valores de precipitação intensa, mas sem estrangulamentos causados pela
antropização do meio, essa inundação não teria ocorrido pois a água teria possibilidade de
escoar para jusante, para as áreas mais baixas. Analisando a morfologia do terreno, o ponto
A só teria inundado se no ponto B a subida do leito do rio tivesse sido na ordem dos 23
metros, o que é quase impossível de acontecer em termos naturais dada a dimensão da
sub-bacia em análise.
Desta forma, estamos perante um exemplo que demonstra claramente que a acção
humana, ao contrariar as características naturais do meio biogeofísico, contribui
decisivamente para a sua degradação. Assim, a cartografia temática tem um papel essencial
para analisar as características de uma área, no entanto, é necessário ter em conta que elas
são constantemente alteradas pelo homem, daí a importância das ferramentas SIG, para
que haja uma constante actualização de informação, permitindo assim conhecer as
antropização do meio biogeofísico e os danos que daí podem surgir.”

Não sei se a referência a tal enchimento da vala do rio e alagamento das margens nalguns sítios serve de referência, no estudo, como sendo o apogeu de enchimento do rio, nomeadamente em Caldas de S. Jorge. Diz o trabalho que, mesmo assim, o alagamento ocorrido teve como causa agravante o muro transversal ao rio e que forma o “lago” da ilha.
Acontece que em 1954 aconteceu uma cheia no rio Uima que deixa a de 2001 lá no fundo. Basta que o moinho da rua Rio Uima ficou só com o fio do cume do telhado à vista, o tubo da ponte ficou todo tomado e a água vazou por cima do muro, passou por cima do muro circundante do parque, muro que era mais alto do que o actual. O parque das Termas transformou-se num extenso lago. Lembremo-nos que um cidadão de cá, na altura com 9/10 anos – ainda vivente, felizmente – estava em cima desse muro, ali mesmo na entrada sul do parque (ao tempo havia ali duas colunas sustentáculo de um portão), susteve-se agarrado a uma das colunas para não ser levado pela corrente e foi resgatado pelo falecido Serafim Magalhães (Chino) que, sustido por uma corda, foi salvar o jovem “preso” pela torrente. E, ao tempo, não havia lá a barragem travadora do caudal e o rio, leito e margens, estava limpo e desimpedido.
Se der jeito fazer história para análise do Impacto da Urbanização nos leitos de cheia, então que seja estudada a cheia de 1954, suas causas e consequências. Outras terá havido antes. Depois, acho que não houve nenhuma tamanha.
José Pinto da Silva
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