terça-feira, 26 de janeiro de 2010

NÃO QUERO! NÃO QUERO 25 Jan. 2010

O que é que tu não queres, meu rapaz? Perguntou o homem que ouviu aquele desabafo da criança, dirigido a um colega de escola. Não quero dizer ao meu pai que fui à escola, porque é mentira. Ao abrir uma gavetita da memória à procura de outra lembrança, lá me surgiu este dizer tirado de uma lição do livro de leitura de uma das classes da primária. Naquele tempo cada pequena lição, além de ensinar a juntar as letras, deixava uma mensagem educativa.
Aproveito o mote e digo também, e também em voz tão alta quanto possa, que NÃO QUERO contribuir, com o meu voto, para a hipotética eleição do candidato do Bloco de Esquerda a presidente da República. E fico a esperar com muita ansiedade, na duração do eco do meu Não Quero, que o Partido Socialista torne público que apoiará um candidato dedicado ao partido, se militante, ou a um cidadão independente de reconhecido mérito e patriotismo, se independente. E recuse, ad limine, qualquer sombra de colagem a um (ainda) inscrito – diferente de ser militante – que, desde há muitos anos, nada mais fez do que usar o partido para se promover e para massajar o seu vaidoso ego. Inclusive para vender livros. Não quero acrescentar ou tirar valor à qualidade dos livros.
Há muito vinha ele exteriorizando sinais de que quereria repetir a candidatura de 2006 e, com os seus patrocinadores e primeiros apoiantes, escolheu o preciso timing para anunciar publicamente a vontade (que ele apelida de disponibilidade) de ser candidato a presidente da República e, com a sem vergonha que a barba dissimula, diz que quer e espera o apoio do Partido Socialista.
Mau grado as conversas, eventualmente de circunstância, que possa ter de vez em quando com o Secretário-Geral do PS, este não poderá esquecer o que se passou na anterior legislatura, quando Alegre e as cinco alegretes chegaram a pôr em causa a continuidade do governo. Todos lemos que Manuel Alegre foi recordista nas ausências no Parlamento, onde só ia para votar contra propostas governamentais ou do partido por que foi eleito, alturas que bem aproveita para encarar os flashes e debitar voz para os muitos microfones que se lhe punham na frente. Sempre a desancar no Governo, no partido e nas suas propostas.
É uma evidência que, orientado e inspirado pelo BE e pelo seu grande líder, Manuel Alegre aproveitou bem a altura da luta insana de consultas e debates com a oposição democrática para conseguir a viabilização do OE para 2010 para anunciar a candidatura, deixando o PS na obrigação de, em espaço de tempo bem mais curto pensar num candidato alternativo. E, quer dentro da sua militância, quer no campo de proximidades, o PS dispõe de inúmeras personalidades que seriam prestigiados e prestigiantes Presidentes da República. Mas o melhor será, talvez, deixá-lo cozer em lume brando, deixar que os seus patrocinadores se assumam e insistam que Manuel Alegre, se eleito, faria uma inversão radical da política.
Estará mais do que interiorizado pela super estrutura do PS que o pior que poderia suceder ao país, ao Governo e mesmo à democracia portuguesa, seria a eleição de Manuel Alegre, porque, se lá, tentaria desagravar o que ele entendia, em tempos, ser discriminação às suas ideias. Ele queria o Código de Trabalho do Bloco e do PC, ele queria correr com a Ministra da Educação e, assim desprestigiar e fragilizar o Governo, ele queria, enfim, ser um grande comissário do BE e promotor de comícios dessa força partidária. E o que é que o BE e o seu grande chefe propuseram de válido ou útil para o país. Bacalhau a pataco? Fim do desemprego por decreto. A ideologia dos componentes do BE tem certificado de origem e a demagogia e o populismo não o desdizem.
É absolutamente esperável que o Partido Socialista e o Governo não se deixem embarcar na antecipação, como aconteceu com o casamento de indivíduos do mesmo sexo. Neste caso embarcou o PS numa de progressismo, esquecendo que sendo nós um país no fundo da tabela em muitos dos índices de bem-estar, passaremos (íamos) a ser o oitavo país, num mundo de 200, a permitir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. E digo “íamos” porque anda no ar a esperança da inconstitucionalidade e veio já à tona a denúncia do PGR de que o legislador (neste caso o Governo) comeu do sono e fez uma lei sem roque. Não ignora, de certeza o governo que as Associações de gays e lésbicas são alimentadas, patrocinadas e financiadas pelo Bloco de Esquerda, onde o PS, na mesma onda de progressismo, foi desencantar um deputado.
Uma personalidade do PS disse que seria objector de consciência e que não faria campanha contra Manuel Alegre, nem a seu favor. Eu não tendo influência farei campanha contra, não importando a opção do partido em que estou inscrito. Porque eu NÃO QUERO semelhante presidente da República. Claro que, o mais lógico é pensar-se que esta candidatura corresponderá a uma passadeira vermelha para a vitória de Cavaco Silva. Que também não levará o meu voto.

José Pinto da Silva
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