sexta-feira, 19 de março de 2010

Casamento Unissexo

Sou frontalmente contra, porque me choca. A minha sensibilidade, e até poderão dizer a minha mentalidade, não foi ainda capaz de ultrapassar o que (ainda) me parece uma anormalidade, para não dizer uma enormidade.
Começo por me inspirar no que leio nos dicionários e enciclopédias e, em todos os que consigo consultar, mais modernos ou antigos, vejo que Homem corresponde a masculino, a macho (sem significar o macho fanfarrão, mas tão só o oposto de fêmea) e que é naturalmente atraído pela fêmea, para com ela copular e, naturalmente, dar continuidade à espécie. Dizia há anos um filósofo que o homem enquanto ser vivo luta pela sobrevivência, enquanto animal luta pela sobrevivência e pela preservação da espécie e enquanto homem luta pelas duas anteriores e mais pela liberdade.
Parece-me instintivo que o homem (ser humano), nascendo fisicamente completo, não faz qualquer opção de orientação sexual. É, independentemente da sua vontade, macho ou fêmea e, naturalmente, à medida que os seus órgãos libidinosos se vão desenvolvendo, vão-se alterando os desenhos físicos do corpo, começando o macho a sentir natural atracção sexual pela fêmea e esta sente-a pelo macho e, em função da idade, em função da educação e informação que vão recebendo em casa, na escola e na vida, da disciplina e mesmo vigilância que sobre eles incida, iniciam a sexualidade activa, homem com mulher e também natural e instintivamente, o macho repudia a aproximação sexual com outro macho e a fêmea com outra fêmea. Diria o povo que é fatal como o destino. E, como é mesmo destino, é fatal.
Quando um homem tem aspecto físico de macho, mas sente inclinação e apetência sexual por outro macho, é certo e seguro que algo no seu corpo nasceu fora do sítio ou, no decorrer do tempo, por qualquer fenómeno ou razão, alguma coisa se alterou. Como um indivíduo saudável pode, de um dia para o outro desenvolver uma qualquer enfermidade, leve e curável, ou fatal. Sem que ele tenha optado pela doença.
A homossexualidade ou lesbianismo não é, se este raciocínio tem lógica e valimento, uma opção ou orientação sexual, mas uma anormalidade que poderá, ou não, ser invertida com tratamento específico adequado.
No caso do homem (humano - homem ou mulher) que sendo hetero se envolve com indivíduos do mesmo sexo, ou é comerciante do corpo ou é pervertido. Não faz opção de orientação sexual, mas opta por ganhar dinheiro vendendo prazer ao homo. Transforma-se no tradicional prostituto que se vende a uns como a outras.
Voltemo-nos para os homossexuais que nasceram com algo fora do sítio ou que em tal se tornaram porque alguma coisa se alterou (como o que criou cancro, por ex.) e para os quais não há retorno. Aspiram a, vivendo em duo, (homem+homem ou mulher+mulher) e comunhão de vida (cama e mesa), ver legalizada a junção, como se de casamento se tratasse, ao jeito dos hetero.
Consultei dicionários e enciclopédias para inspirar o significado da palavra casamento e vi três Grandes Enciclopédias e todas dizem, e eu acolho, que casamento é um contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente, pelo que, a tal espírito, dois ou duas do mesmo sexo poderão viver juntos, poderão comer do mesmo prato, poderão copular, mas não acasalarão nunca. Formarão um duo, mas nunca um casal. Assim, o casamento de dois ou de duas seria uma contradição. São diferentes e terão que assumir com frontalidade e coragem a diferença que os marcou e, sendo legítimo que procurem as melhores condições de vida e não serem marcados negativamente por serem como são, não deverão, assim o entendo, aspirar ao casamento no sentido e na forma tradicional do termo e da função. Como um amputado, porque se vê diferente e limitado, não aspirará a ser convocado para a selecção de futebol.
Que gostem muito de viver em duo, que se gostem muito mutuamente, mas que aceitem a condição de serem diferentes, com as implicações e consequências inerentes.

José Pinto da Silva

Este texto foi escrito e publicado em 2005 num jornal concelhio. Claro que não mudei de opinião e escrevê-lo-ia de novo, por isso o estampo neste local
Dado que o Parlamento deu luz verde à instituição CASAMENTO entre indivíduos do mesmo sexo, fiquei contente e aplaudi o pedido de fizcalização de constitucionalidade formulado pelo Presidente da República ao Tribunal Constitucional. Espero que seja dado provimento, suportado, de resto, em pareceres de eminentes constituicionalistas.
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