terça-feira, 16 de março de 2010

Parcelas de Cultivo

Quem passa pelo vale de Chelas, em Lisboa, logo se apercebe de que aqueles campos estão divididos em pequenas parcelas, com umas marcações rudimentares, mas bem visíveis. Cada parcela daquelas foi entregue a uma pessoa ou família para que a utilize em minúscula agricultura. O tema foi já objecto de notícia em televisão e dizia o Vereador de Lisboa do pelouro que a Câmara iria fazer as divisões mais sólidas e que haveria de construir um sistema de condução de água de rega a passar por todos os lotes. E o certo é que aquelas minúsculas parcelas, terão entre 50 e 100 m2 cada, são cultivadas e, diziam os nano agricultores que dava muito jeito, pois já não tinham que comprar cebolas, alface, tomates e outras minudências de consumo caseiro.
Ouvimos em programa radiofónico que a Câmara de Arouca avançou com um programa de criação de “Quintas Sociais” que consistiria em a Câmara arrendar terrenos incultos para serem cedidos à exploração a pessoas ou famílias que estivessem disponíveis para as agricultar. Não nos apercebemos se a Câmara proporcionaria alfaias e utensílios. O certo é que, lançada a ideia, lamenta-se o Presidente da Câmara de Arouca porque não apareceu um único candidato para qualquer exploração. Poder-se-á imaginar que os haveria para irem carregar o produto, se alguém fizesse a sementeira, a monda, a sacha, a rega e mesmo a colheita.
Aqui fica a certeza de que muito boa gente, ainda nova e saudável não se atira a estas benesses, porque recebe o que não devia, sem nada fazer, tendo como único esforço o esperar pelo carteiro no dia mais ou menos certo. Porque nisso a Segurança Social é relativamente pontual. Esta gente, em RSI e mesmo no desemprego, não poderia utilizar estas oportunidades para melhorar um pouco os seus rendimentos, em vez de passarem o tempo a puir os fundilhos nas cadeiras de café para os pequenos almoços, os lanches e o que mais é servido?
Uma legislação mais consentânea, forçaria os do RSI a trabalhar nessas parcelas, (ou noutra actividade) proporcionando algum tempo de aprendizagem aos a quem faltasse o saber mínimo de como lidar com couves. Mas o problema não é o saber. É sobretudo o não querer, é a calaceirice que se vai tornando endémica para um importante segmento da sociedade. Se não vai por bem, pois que se aplique algum mal, começando por cortar o subsídio a quem se recuse a fazer algo. Agricultando ou limpando, ou varrendo, ou sendo alguma coisa útil e não só parasita da sociedade.
José Pinto da Silva
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