sábado, 26 de junho de 2010

O PICO DO PETRÓLEO - Tréplica

José Luís,
Como notei no e-mail que te enderecei, fico deveras satisfeito pela oportunidade de troca de ideias, às vezes antagónicas, acabando por não ser relevante eleger-se um potencial ganhador. Pena que este tipo de debates, entre gente com cara, voz e nome, não se generalize a todos os temas trazidos à tona e com mais pessoas envolvidas
.

Quanto à tua réplica, como anunciei, aqui vai a minha tréplica. E, seguindo o princípio de que os últimos são (poderão às vezes ser) os primeiros, vou começar pelo teu ponto 7.

Escreveste que a minha afirmação “de que os recursos renováveis não têm limites” roça o absurdo e que ultrapassa os limites da crença benigna”. Francamente que não sei o que queres significar com “crença benigna”, pelo que não vou por ela. Mas já quando consideras absurda a minha afirmação do sem limite das energias renováveis, aí entraste, de verdade, na rota do absurdo. E foste estabelecer uma comparação com a fauna piscícola e com o potencial florestal. Comparação, essa verdadeiramente absurda. Espero que pares alguns instantes, que logo verás no sem cabimento em que caíste. A fauna piscícola vai definhando em quantidade e tamanho porque o humano, por necessidade de abastecimento ou por ganância, com o reforço de incidentes ecológicos (desastres como o agora acontecido com a plataforma marítima da BP), dizimam as espécies a um ritmo bem maior do que a sua capacidade natural de reposição. É comummente aceite que o peixe para alimentação humana sairá, a curto prazo e talvez na maior parte, da aquacultura que, de resto, já produz centenas de milhar de toneladas da mais variadas espécies. Claro que as reservas pesqueiras baixam, mas não cabem na designação de “renováveis”. Sê-lo-iam se pudessem crescer e procriar livremente. O que não é o caso. Outro tanto em relação às florestas. As tropicais e as outras. O humano, por necessidade ou ganância abate mais árvores do que a sua capacidade natural de reposição, para além dos incêndios, espontâneos ou provocados que dizimam, todos os anos e pelo mundo, milhões de hectares de floresta. A pretexto do desenvolvimento tem-se reduzido largamente a área florestada. Ou para abertura de vias (acesso à civilização), ou para alargamento das áreas agricultáveis. Isto é axiomático.
Então, por comparação, o SOL ficará mais gasto, ou perderá vitalidade se projectar os seus raios para mil ou para cem milhões de painéis solares geradores de electricidade? E brilha e aquece, ao mesmo tempo, com intensidade variável em função da distância da terra, em todo o globo. Há painéis na Austrália, nossos antípodas, e o sol faz produzir lá energia, como faz, ao mesmo tempo por cá. Não haverá tanta simultaneidade porque enquanto num local é dia, noutro é noite. Mas na faixa tropical aquece em toda a circunferência ao mesmo tempo e com igual intensidade. E, de certeza, que se não cansará. E o VENTO ficará mais calmo, ou deixará de soprar, se montarmos centenas de milhar, ou muitos milhões de torres eólicas, em vez das poucas que ainda há a funcionar? E será que o MAR se zangará e deixará de fazer ondas se em vez das poucas turbinas flutuantes existentes no mundo (em Portugal há uma única experiência ainda) se instalarem milhares de quilómetros de tubos geradores? E será que os rios irão secar, todos e o tempo todo, tornando inúteis as barragens de produção hidroeléctrica? E quantas mais se não irão construir, até porque, além da produção energética, regularizam caudais e proporcionam o abastecimento humano de água doce. O SOL, o VENTO, o MAR e os RIOS manter-se-ão sempre com a mesma força e capacidade energéticas, qualquer que seja a utilização que deles faça a humanidade. Bom, se, por absurdo, o SOL viesse a arrefecer por excesso de uso, todos deixariamos de precisar de energia, qualquer que seja ela. Acho que irás escrever que o absurdo e a tal crença benigna estão do teu lado.
PONTO 6 – A pesquisa e a consequente massificação de captação das energias renováveis estão ainda em fase, diríamos, inicial, mas o consumo geral é já, percentualmente, significativo, nas vertentes SOLAR, HÍDRICA e EÓLICA. Trata-se de energias ainda bastante caras, em comparação com a fóssil, mas já não há dúvidas de que nos próximos cinco anos (ou por aí) serão instalados pelo mundo todo centenas de milhar de hectares de painéis solares, como serão montadas centenas de milhar de torres eólicas, como serão construídas, em permanência, novas barragens por todo o mundo. A energia das ondas está menos generalizada, mas é uma fonte inesgotável. E quando todo este potencial for usado na plenitude, a energia eléctrica tornar-se-á muito barata e muito mais barata do que a fóssil. Isto é também incontornável. O uso do petróleo não é uma questão de vício. É uma questão de preço. Mas o petróleo vai subir muito pelos custos de extracção e a electricidade baixará para preços bem mais abaixo do que estamos habituados a pagar. A pesquisa tecnológica, mesmo em Portugal, há-de conseguir, em pouco tempo, produzir baterias ião-lítio muito mais baratas, muito mais quantidade, muito mais pequenas, muito mais leves e com muito mais carga. E as grandes marcas de construção de automóveis estão todas a andar, rápido e em força, com a produção de carros movidos a electricidade. A electricidade não irá substituir o fóssil (petróleo, gaz e carvão) só nos transportes, mas também e sobretudo na indústria. Bem cedo circularão muitos milhões de automóveis eléctricos pelas estradas do mundo.
PONTO 5 – Não vou entrar em grande polémica a propósito do cientista Bjorn STROMBORG. Direi tão só que faz parte de uma plêiade de cientistas de todo o mundo que, com coragem, se designaram CÉPTICOS em relação ao que, cada vez mais, é visto como fraude, se resolveu chamar Aquecimento Global. Ele escreveu o “Ambientalista Céptico” que não teve o marketing do outro da “Verdade (IN)Conveninete. Esse, sim, o de nome AL GORE, usou toda a sua mediatização, nomeadamente a de ter sido vice-presidente dos EU e depois candidato anti Bush para correr o mundo a vender livros, a conseguir passá-lo a filme e espalhar o que ele tentou que passasse a pânico, para entrar no maior negócio da história moderna que foi a dos Estados comprarem e venderem direitos de emissão de gases, o que movimentou milhões de milhões de dólares, de que ele e os capangas do IPCC beneficiaram largamente e, continuarão a beneficiar enquanto se lhes não tirar totalmente a carapaça da fraude. Tudo ficou praticamente descoberto a quando da Cimeira de Copenhague, fracassada de todo, até porque foram descobertos os célebres e-mails que puseram ao léu toda a manigância. Veremos o que dará a próxima Cimeira do México. Convirá dizer, a propósito do STROMBORG que ele é odiado, porque foi durante anos militante interventivo da GREEN PEACE e de lá saiu quando descobriu o que era a organização e quem a financiava. Como conhece a roubalheira por dentro, é alvo a abater. Numa célebre entrevista dada há alguns anos, STROMBORG disse, fazendo analogia, que na antiguidade, os homens deixaram de usar o sílex e a pedra lascada, não porque houvesse falta dessa matéria prima, mas porque descobriram outros materiais, como ferro, e outros metais para ligas duras, mais eficientes e mais fáceis de trabalhar. A pedra foi deixada no seu lugar. Outro tanto haverá de acontecer com o petróleo e outros combustíveis fósseis, como o gaz e o carvão. Muito antes de acabarem, serão abandonados, porque haverá energia mais limpa, mais barata e mais fácil de lidar. A Electricidade.
Quanto aos outros pontos, que terei gosto em debater, espero aceite que o faça noutra “tirada” para não tornar isto tão extenso.
José Pinto da Silva
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