quinta-feira, 30 de setembro de 2010

OS MELHORES DE TODOS


Escreveu alguém que, no decurso da história da humanidade, se foi constatando que, dos exemplares mais vis, mais cruéis, mais depravados, mais vingativos, mais sanguinários, mais sacanas da espécie humana, alguns foram PAPAS, as entidades que, no imaginário colectivo, seriam (deveriam ser) os modelos de todas as virtudes, até pela santidade do seu primeiro antecessor. Pedro de seu nome. Se formos à pesquisa de dados biográficos de alguns dos papas que se sentaram no cadeirão/trono, ficaremos verdadeiramente estarrecidos com os atropelos que fizeram à vida dos outros, para terem eles a boa vida com que sonharam.

Transportando-nos para os tempos actuais e circunscrevendo-nos ao rectângulo “à beira mar plantado”, era crido que os exemplares mais virtuosos dos bípedes lusos seriam os juízes, os magistrados, os que, de uma penada podem fechar ou abrir as portas da prisão ou da liberdade, em função do seu (deles) alto critério para investigar e analisar comportamentos.

Tem-nos a realidade mostrado que, do pior que vamos tendo, maldosos, vingativos, sedentos de mando, corporativistas ao extremo, alguns são desses mandões da (in)justiça. E, quando os arguidos ou investigados são gente da alta, da que justifica grandes parangonas nas primeiras páginas de jornais e revistas e nas aberturas de jornais televisivos, então forma-se uma autêntica camarilha de gente de segunda espécie que passa elementos dos processos para os jornais e outros órgãos onde sempre se encontra gente da mesma igualha que publica. E isto com regularidade de relógio suíço para assar essas figuras em fogo brando. Jornais e magistrados procuram mostrar, ab initio, que a presunção de inocência evoluiu para a certeza de culpabilidade e eles, jornais e (alguns) magistrados, ganham a certeza de ficarem muito conhecidos. Pelo pior, mas muito conhecidos.

Terá ficado alguma dúvida de que os dois magistrados que assumiram há cerca de dois anos a condução e investigação do celebrizado caso Freeport tinham ideias pré-concebidas relativamente ao envolverem, de qualquer forma ou feitio, o primeiro-ministro, criando cenários ao redor que o pudessem incriminar. E mais notoriamente depois que o Sr. João Palma assumiu a presidência do Sindicato, esse, declaradamente, logo a partir do primeiro dia. Aqueles foram logo dizer a este que tinham sido pressionados por outro magistrado, este próximo do governo e presidente do EuroJust, para ilibarem o primeiro-ministro. Fracos porque se sentiram pressionados e não reagiram com murro na mesa, mas foram fazer queixinhas ao, agora, presidente da forte corporação sindical. Só que o PGR não era (é) sindicalizado. Veio de outra fonte e, então, era preciso não o deixar actuar e começou pelo “veto” ao vice-PGR. Mas, porque beirão, com tudo no sítio, fez valer a sua escolha e passou-se à guerra aberta entre SMMP e PGR. Ver o vaivém de entrevistas e comunicados, porque o PGR não se sujeita a ser uma espécie de presidente honorário, obediente e venerador, do sindicato.

Como não conseguiram detectar nada que pudesse incriminar quem eles verdadeiramente queriam e havia tempo limitado (o processo levava já 6 anos), é feito o despacho de arquivamento ilibando, mas dizendo que ficaram dúvidas, exibindo as perguntas que supostamente deveriam ter sido feitas e não foram “por falta de tempo”. O mundo da justiça ficou pasmo com tão miserável forma de (não) investigar e de tentar fazer dos outros o que eles próprios são. Indignos que calcam a justiça e a magistratura. Saíram vergonhosamente humilhados e, ao que é dito, querem sair da DCIAP, cuja Procuradora Presidente se deixou envolver em manobras não muito bem explicadas e de que sairá chamuscada.

E são estes que deveriam ser os melhores de nós todos, mas que enxovalharam os trajes que envergam. São o que foram alguns papas. Do pior que a sociedade engendrou.

José Pinto da Silva

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