segunda-feira, 11 de outubro de 2010

DOENTES UNIDOS

Normal e naturalmente, as pessoas se e quando atingidas pela mesma fatalidade tendem a solidarizar-se entre si, a conversarem sobre os seus padecimentos, a falarem dos medicamentos que tomam e dos efeitos que vão sentindo. Enfim, sentem-se bem melhor por partilhar as suas experiências.

É verdade. E em Portugal, dizem as estatísticas, temos muito mais do que 500.000 pessoas que padecem de uma doença que, a partir de certo grau de evolução, torna difícil a vida, torna difícil viver. E tudo porque torna difícil respirar. Seremos muitos os portadores de DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (também conhecida por Bronquite Crónica ou Enfisema Pulmonar) – e nas diversas fases da doença. Mas, o mais grave, é que muitíssimos não sabem que têm esta doença. Sem receberem tratamento, ela agrava-se ao longo do tempo, às vezes de forma veloz.

Já é altura para as pessoas com DPOC, unidas de todas as formas possíveis, divulgarem o que dela sabem, por forma a combatê-la a tempo. Informar sobre os direitos e deveres de quem é doente, é uma obrigação social.

Em Portugal, desde 2007, há uma Associação que procura chamar todos os possíveis portadores de DPOC e dar indicações dos sinais da doença, para que procurem o médico e façam o rastreio necessário. Aos que já têm a doença, dar-lhes toda a informação disponível e actualizada e força para unidos lutarem pela sua saúde e pelos seus direitos.

Estou a falar da RESPIRA – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e Outras Doenças Respiratórias Crónicas – que tem a Sede na Rua Infante D. Pedro, 10-C, 1700 – 243-LISBOA, os telefones 211 954 697 e 964 926798, o e-mail respiradrc@gmail.com e página na Internet www.respira.pt.

Trata-se de uma Associação ainda muito recente, mas que tem desenvolvido um trabalho muito intenso de divulgação dos primeiros sintomas da doença e dos cuidados a ter, tendo já feito um virtuoso trabalho de relacionamento com hospitais e organismos estatais no sentido de serem encontradas formas de facilitar, na medida do possível, a vida a quem sofre de doenças respiratórias crónicas.

Lembro que cerca de 85% dos portadores desta doença são ou já foram fumadores, pelo que, mesmo que não tenham ainda sentido qualquer sinal, mas se têm mais do que 40 anos, e se encontram em qualquer destas situações, devem fazer uma ESPIROMETRIA. É um exame simples e fácil que dá indicações muito claras sobre se tem a doença e em que grau.

Dizem os técnicos que os fumadores são susceptíveis de desenvolver cancro do pulmão cerca de 40 vezes mais do que os não fumadores. E que todos os anos surgem 3.500 novos casos de cancro de pulmão. Se é fumador, ou já foi, pode ter DPOC e cancro de pulmão. Não espere mais. Procure o seu médico para cuidar da sua saúde.

E contacte a RESPIRA que o ajudará também. Receberá a recomendação de ir ao médico se sentir um cansaço diferente ao fazer as tarefas simples do dia-a-dia ou se sentir falta de ar ao fazer um esforço um pouco maior; vai encorajá-lo a abandonar o tabaco ou a nunca fumar, vai informá-lo das diligências já efectuadas junto dos poderes públicos para que os doentes respiratórios não sejam tão penalizados com o preço dos medicamentos. Pense nas pessoas que por causa da doença respiratória mais grave, tem de andar sempre com uma botija de oxigénio a tiracolo, ou passam horas e horas em casa na solidão de ser doente. Junte-se a nós, porque só unidos teremos a força para lutar contra esta doença e suas complicações. A DPOC é uma doença que se pode prevenir e tratar.

Eu tenho DPOC. Estou com a RESPIRA.

José Pinto da Silva (Presidente da Assembleia Geral da RESPIRA)

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