Entrou oficial
e obrigatoriamente em vigor o chamado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
que (supostamente) implica com os 8 países que têm o português como língua
oficial, cada qual com as diferenciações linguísticas e dialécticas de cada
território envolvido.
Passou a
vigorar em Portugal e Brasil (por cá passou a ser obrigatório em documentos e
organismos oficiais e obrigatório no ensino), mas nenhum dos outros seis outorgantes
do acordo o ratificou pelo que se trata de um acordo a 8, mas para ser cumprido
só por 2 deles. E agora dizem certas vozes que a obrigatoriedade institucionalizada
é ilegal. Conf.erir o que diz Vasco da Graça Moura que, seguindo esse
princípio, até deu ordem para que, no CCB, onde está há meia dúzia de semanas,
naquele organismo do Estado, se use, obrigatoriamente, a grafia antiga.
Independentemente
das ratificações e da própria abrangência do acordo, várias normas arrepiam
quem lida alguma coisa com livros e com escrita. A primeira será a de ser
possível escrever-se assim ou assado, porque uma forma ou outra estão correctas
e são aceites. (carácter/carater) – jacto/jato). Os professores terão que
inventar muito para explicarem isto aos alunos iniciados. Depois há os casos em
que cá se escreve assim e no Brasil se escreve assado. Fará sentido que um
vocábulo de língua portuguesa possa ser grafado de 4 formas diferentes? Ex.:
Electrónica pode escrever-se com c ou sem c, pode escrever-se com acento agudo
ou circunflexo. E será racional que cor-de-rosa seja assim com hífen e cor de
laranja seja assim sem hífen? E será correcto que um natural do Egito seja
egípcio e não egício? Estas, algumas das aberrações que enformam o AO que foi
celebrado para satisfazer interesses económicos das grandes editoras e
produtoras de dicionários e enciclopédias. Mais o interesse do Brasil dominar,
efectivamente, o comando da língua. Disse Pessoa que “a minha língua é a minha
Pátria”. E … gostando do Brasil, a minha pátria é Portugal e o português a
minha língua. Continuarei a escrever sempre com a grafia que agora se diz ser
antiga.
A alguém
passará pela cabeça tornar a grafia inglesa de Oxford e Cambridge igual à de
Nova Iorque ou Los Angeles?
José Pinto da Silva