terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

QUEM ACORDO(o) O AO


            Entrou oficial e obrigatoriamente em vigor o chamado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que (supostamente) implica com os 8 países que têm o português como língua oficial, cada qual com as diferenciações linguísticas e dialécticas de cada território envolvido.
Passou a vigorar em Portugal e Brasil (por cá passou a ser obrigatório em documentos e organismos oficiais e obrigatório no ensino), mas nenhum dos outros seis outorgantes do acordo o ratificou pelo que se trata de um acordo a 8, mas para ser cumprido só por 2 deles. E agora dizem certas vozes que a obrigatoriedade institucionalizada é ilegal. Conf.erir o que diz Vasco da Graça Moura que, seguindo esse princípio, até deu ordem para que, no CCB, onde está há meia dúzia de semanas, naquele organismo do Estado, se use, obrigatoriamente, a grafia antiga.
Independentemente das ratificações e da própria abrangência do acordo, várias normas arrepiam quem lida alguma coisa com livros e com escrita. A primeira será a de ser possível escrever-se assim ou assado, porque uma forma ou outra estão correctas e são aceites. (carácter/carater) – jacto/jato). Os professores terão que inventar muito para explicarem isto aos alunos iniciados. Depois há os casos em que cá se escreve assim e no Brasil se escreve assado. Fará sentido que um vocábulo de língua portuguesa possa ser grafado de 4 formas diferentes? Ex.: Electrónica pode escrever-se com c ou sem c, pode escrever-se com acento agudo ou circunflexo. E será racional que cor-de-rosa seja assim com hífen e cor de laranja seja assim sem hífen? E será correcto que um natural do Egito seja egípcio e não egício? Estas, algumas das aberrações que enformam o AO que foi celebrado para satisfazer interesses económicos das grandes editoras e produtoras de dicionários e enciclopédias. Mais o interesse do Brasil dominar, efectivamente, o comando da língua. Disse Pessoa que “a minha língua é a minha Pátria”. E … gostando do Brasil, a minha pátria é Portugal e o português a minha língua. Continuarei a escrever sempre com a grafia que agora se diz ser antiga.
A alguém passará pela cabeça tornar a grafia inglesa de Oxford e Cambridge igual à de Nova Iorque ou Los Angeles?

José Pinto da Silva

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