segunda-feira, 19 de março de 2012


FUGA DE INFORMAÇÃO

Dia a dia foram chegando detalhes sobre a nota reservada distribuída pelo Ministro das Finanças no Conselho de Ministros de 18 de Dezembro/2011, onde deixou claro que o Orçamento para 2012 continha um erro e que, por via dele, o défice de 2012 haveria de ser de 5,4% do PIB e não 4,5% como lá constava. Esqueceram-se, além de outras verbas, - do alto da sua proclamada competência – de incluir as reformas a pagar aos bancários, por causa da passagem dos Fundo de Pensões para a Segurança Social. Esta falha, mais uns “trocos” não incluídos, chegavam à volta de 1 000 M de euros, onde se incluía o buraco da Madeira, ou melhor, do Alberto João.
O pior de tudo é que, “solidariamente”, houve algum integrante do Conselho que soprou para o DN e foi a confusão generalizada. Como foi possível que uma mera informação de trabalho, ainda não explicada ao GP, nem ao partido, nem à oposição, nem ao país, saísse para a comunicação social logo na hora? Quem seria o traidor? Será que abriram algum inquérito para tentar descobrir o delator? O Ministro das Finanças, aflito, diz que fará um orçamento rectificativo e que não haverá medidas de austeridade adicionais e que, se preciso, recorrerá à alienação de património (só se tentar vender o Mosteiro dos Jerónimos, o CCB ou o Palácio da Ajuda, porque prisões ninguém as quer) e recorrerá à venda de concessões de jogo (alargar o casino em que se está a tornar o país).
O Primeiro-Ministro diz, assertivamente, que vai cumprir o programa (custe o que custar) e não prevê mais austeridade. Excepto se houver causas externas. Esqueceu-se da baixa previsível (e já confirmada) da receita, baixa já reforçada com o reconhecimento de que o crescimento é bem mais negativo do que previram. O ministro da economia (e do trabalho e mais uma data de pastas) diz que vão fazer de tudo para cumprir o memorando, mais o acordo de concertação e, se assim for, (não sabe é se será) não haverá mais medidas de austeridade. Mas … de quinze em quinze dias aparece uma entidade a adivinhar uma perda no PIB e já poucos se revêem nas previsões governamentais e há mesmo os pessimistas que apontam para um decréscimo do produto para muito perto dos 5% negativos. Seria o descalabro! Lembramo-nos todos do que foi dito, em sede de Parlamento, por toda a oposição (bem unida PCP+PSD e BE+CDS e PEV – viram a mistura?) quando, a justificar alterações das previsões macroeconómicas, Sócrates dizia que o mundo económico se alterava radicalmente no espaço de 15 dias.
COROLÀRIO: O ministro das finanças com a malta que tem à sua volta tem que ver bem o que diz e a quem. Foi bem pior do que a divulgação da célebre tirada de Pedro Nuno Santos quando disse para os bancos se porem finos. E a divulgação não foi feita por gente da casa e muito menos por gente do governo.
E … POR SEMELHANÇA: Há tempos foi entregue, em reunião de Câmara (da Feira) a determinado vereador uma informação escrita sobre assunto sobre o qual eu próprio me tinha pronunciado, a partir de dica saída na blogosfera. O certo é que, logo no mesmo dia, no seguinte ou dois dias depois, essa informação, que teve parto no Departamento Técnico, apareceu esparramada na mesma blogosfera e logo cresceu a curiosidade nos autores (da informação), em saber quem teria espalhado a nova, e pior, a curiosidade levou-os ao plasmador da notícia a perguntar se, porventura tinha sido eu quem cedera a cacha. E eu fiquei a perguntar-me: porquê eu? Os perscrutadores esqueceram-se de que há sempre alguém disponível para soltar a dica a quem conhece os interstícios dos gabinetes todos, de todos. E esse não serei, seguramente eu.
E a propósito da tal informação, a esplanada, que devia ser aberta, está fechada, estando aumentado o espaço de serviço em quase o dobro, o “barraco” instalado e que deveria ter saído, não saiu e por causa das coisas, o espaço atapetado a madeira cresceu, contrariando a determinação expressa na tal informação que, visto isso, era reservada. Tão reservada como para não ser cumprida. Amigos há que ficam sempre dispensados de dar cumprimento às deliberações, ou há deliberações que não são consequência dos pareceres. Técnicos.

José Pinto da Silva
Obs.: Já sei o nome do tal Eng. cujo familiar disse
         que, se não fosse ele - o familiar – aquilo (o ZIP)
          não estaria ali. Haverá desenvolvimento.
           
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