AS ALEIVOSIAS
SÃO DE CRITICAR
Começo por
transcrever o ponto 3.44 do capítulo Administração Pública do “Memorando de Entendimento sobre as
condicionalidades de Política Económica” de 17 de Maio, negociado e
assinado pelo governo de então e os dois partidos que agora estão no poder. Não
esquecer a expressão do muito prejudicado pelas políticas deste governo chamado
Catroga que disse que “o acordo é bom para Portugal porque tem lá o dedo do
PSD”. Ele queria dizer o dedo dele mesmo. Reza então o ponto 3.44 “ Reorganizar
a estrutura do poder local. Existem actualmente 308 municípios e 4 259
freguesias. Até Julho de 2012, o governo desenvolverá um
plano de consolidação para reorganizar e reduzir significativamente o número
destas entidades. O governo implementará estes planos baseado num acordo com a
CE e o FMI. Estas alterações, que deverão entrar em vigor no próximo ciclo
eleitoral local, reforçarão a prestação do serviço público, aumentarão a
eficiência e reduzirão custos”.
Será de notar
que a dita Troika se está marimbando para a eficiência e para o serviço
público. Como tem cifrões na retina, só pensa no “reduzir custos”. O texto determina que se reorganize e reduza
significativamente o número destas entidades, isto é, os municípios e as
freguesias. Como não aponta percentagens, entende-se que se aplique a mesma
percentagem aos municípios e às freguesias. O autor da lei 22/2012
(responsabilidade política do Relvas) não especifica mas foi dito inicialmente
que se anulariam 1 400 freguesias, sendo que depois mitigou um tanto e diremos
que ficaria contente com 1 000. Diremos que seria uma redução de 23,5%. Como o
“reduza significativamente” se
aplica também aos municípios, com a mesma dose, daria que deveriam desaparecer 72 municípios, e primeiro estes,
porque esta diminuição é que faria reduzir custos.
Este
arrazoado como intróito para olhar para algo que foi dito, segundo o JN, na
Assembleia Municipal da Feira na reunião de sexta feira 12. Falou José Manuel
Leão e “responsabilizou o anterior governo (socialista) pela necessidade da
reforma administrativa. É uma imposição da Troika por causa do desgoverno do
PS”.
Se disse o
que disse com convicção, com a mesma convicção digo que não leu nunca o
Memorando e a tal exigência de reduzir significativamente municípios e
freguesias. Mas não! Porque, como são os municípios que gastam desmesuradamente
e ainda por cima criam as empresas municipais para, sobretudo, esconderam
desorçamentações, já acham que as recomendações da Troika não são para seguir.
Como é
bastamente sabido, o que a Troika pretendeu foi reduzir custos e estabeleceu
metas e abriu sugestões para se atingir o desiderato. No caso concreto, se não
extinguisse freguesias e poupasse, por exemplo, na redução de pessoal, na
extinção de empresa municipal, na eliminação de eventos mais ou menos
sumptuários, na redução de frota automóvel, a Troika ficaria satisfeita. E, em
matéria de desgoverno, aconselho a que olhe para o que estão a fazer os de
agora. Os outros terão sido estouvados, mas deixaram alguma obra feita e
deixaram um SNS que, segundo o Catroga (disse lamentando-se, o sovina) estava
no top tem do mundo em qualidade, deixou a investigação e ciência ao melhor
nível de sempre, etc. etc. Estes só gastaram dinheiro em tesouras.
O Memorando
de Entendimento está disponível, bem como as actualizações de 1 de Setembro e 9
de Dezembro de 2011. Já agora diga-se que o memorando foi negociado pelo
governo anterior, com acompanhamento negocial dos partidos que o subscreveram.
As actualizações foram feitas só pelo governo actual, em absoluto segredo.
Confirme, Sr. José Manuel.
José Pinto da
Silva