A CHEIA
DE 24 DE OUTUBRO DE 1954
Antes de propriamente falar da efeméride
que abordarei um pouco mais abaixo, ousaria perguntar a todas as pessoas do
concelho da Feira se porventura não terão visto este chafariz montado por aí,
algures numa quinta qualquer a embelezar um jardim ou algum recanto mais
bucólico. Foi desmontado em 1968, na altura em que se construiu a pérgola e se
construiu a avenida Dr. Domingos Coelho e foi levado. Não sei por quem, mas vou
admitir que foi levado nalgum camião do município. E não acredito que alguém
tivesse tido a coragem de fazer daquilo cascalho. De certeza que foi reerguido
em qualquer local. Fica a lembrança. Se alguém o vir por aí, fica a saber que
era património de S. Jorge e que a população muito gostaria de, pelo menos
poder ir vê-lo.
Falemos agora da cheia de 1954,
ocorrência de enorme relevância, porque terá sido a maior cheia de que há
memória e registos, mau grado as autoridades municipais, por causas mesquinhas
e para atingir objectivo claramente fraudulento e manifestamente corrupto,
queiram não só ignorá-la, como mesmo desmenti-la. Só que factos são factos e, se aconteceram, ficam registados de um modo ou doutro.
Para obter um
documento (título de utilização dos recursos hídricos) utilizou a edilidade todo o tipo
de mentiras, fraudes e mesmo tráfico de influências, elucidativamente
desmascarado, com a indicação, por mim facultada, de que, para alterar um parecer da CCDR(N) houve a
intervenção de um funcionário superior da mesma CCDR(N), engenheiro de
formação, de primeiro nome Manuel e originário de uma freguesia de Santa Maria
da Feira. Só faltaria dizer a cor dos olhos. Até se poderia indicar o nº. de
telemóvel. Para além disso, o Departamento de Planeamento e Urbanismo da Câmara
da Feira produziu um relatório eivado de mentiras, falsificações e com
depoimentos mentirosos, claramente influenciados por quem os colheu e
desonestos da parte de quem os “vomitou”. Contrataram um geógrafo para fazer uma
pesquisa jornalística sobre a cheia e o que colheu (talvez por ser licenciado)
foi uma pequena local no Correio da Feira de 15 dias depois do acontecimento.
Eu, sem nenhum esforço colhi uma nota no mesmo Correio da Feira da semana
anterior (uma semana depois da cheia) e colhi os relatos inteiros dos diários “Jornal de Notícias”,
“Primeiro de Janeiro” e “Comércio do Porto” do dia seguinte, 25 de Outubro.
Este diário dizia que, no local, em frente às termas, a água atingira 5 metros. Como referência, a água no auge da cheia subiu até à pia deste fontanário que estava no ângulo sudeste da ponte. Lembram-se do rapaz que se colocou em cima do muro circundante do parque e que só pôde ser resgatado depois dás águas baixarem significativamente? Ele está aí para confirmar.
Mais grave de
tudo, para tentar colorir a autêntica tramóia, vigarice, insulto à história
recente da localidade, tiveram o topete de juntar ao processo uma fotografia
falsa da casa onde EU cresci desde o primeiro mês de vida. Pergunto: A troco de
quê, ou a troco de quanto? Não se fazem tamanhas tropelias de graça.
Mas obtiveram
o que queriam. Mentindo, roubando a história, sendo corruptos.
Lembrarei isto
todos os dias 24 de Outubro. E sempre chamarei corruptos aos mesmos.
José Pinto da
Silva