quinta-feira, 2 de outubro de 2014

AS PRIMÁRIAS NO P. S.



As eleições aconteceram, conforme fora determinado pelo então Secretário-Geral do partido, operação que foi aceite a contra gosto pelo então candidato à liderança, mas que a aceitou sem contestação, em virtude de ter saído de deliberação dos órgãos do partido com poderes para tal. Comissão Nacional e Comissão política.
Entendia-se que se tratava de uma medida dilatória, por um lado e, por outro, haveria na proposta a esperança de que os simpatizantes tombassem em certo sentido. Se foi essa a ideia, saiu tudo furado, porque não só a forte maioria dos simpatizantes alinhou pela nova liderança, como mesmo os militantes disseram que estavam descontentes com o desempenho do partido enquanto órgão de oposição ao actual governo, que tanto tem castigado o povo e o país, sem resolver nenhum dos problemas supostamente justificativos da austeridade.
Nem défice nem dívida, apesar de aumento enorme de impostos, de cortes tão abruptos como vergonhosos nos Serviços de Saúde, nos cuidados primários e nos hospitalares, nos Serviços da Educação, com atrasos desconformes em relação ao que já tivemos e sobretudo nas prestações sociais, mesmo aos mais pobres. Este governo vai mesmo ficar na história pelas piores razões.
A vitória de ANTÓNIO COSTA nas Primárias foi retumbante, por margem muito acima do que era esperado pelos mais optimistas e, António José Seguro mais não poderia fazer do que o que efectivamente fez, apresentar logo a demissão. E fê-lo mesmo mais cedo do que seria de esperar, logo ao serem divulgados os resultados em três distritos considerados redutos Seguristas. Honra lhe seja, porque produziu uma intervenção bem diferente do estilo discursivo da campanha e dos debates, em que se mostro arrogante e ofensivo.
Rei morto, rei posto, como soe ser dito, e falta a realização das directas e do consequente Congresso para que a legitimação de António Costa como líder do partido fique consumada.
Costuma dizer-se que, quando há troca de lideranças, nos partidos como noutras instituições em que os dirigentes são eleitos, rolam cabeças, umas decepadas pelos novos poderes e outras por auto degolação. E, como nota imediata, ficaria desgostoso se a renúncia de Pedro Marques (apoiante claro de A. Costa) ao mandato de Deputado não tenha ocorrido por virtude de qualquer (não) posicionamento em lugar desejado.
Mas, mesmo a nível regional acontecem dissenções, auto degolações, porque não se aguenta a derrota, ou por outra razão incógnita. Na secção de Caldas de S. Jorge há um membro, presidente da Assembleia-Geral, que é um indefectível defensor das ideias de António José Seguro e durante a campanha, com os meios ao seu alcance, foi fazendo a divulgação possível. E ficou-lhe bem. Ainda antes da eleição deu a entender ao líder do PS na Assembleia de Freguesia que, se Seguro saísse derrotado, renunciaria à qualidade de membro da Assembleia de Freguesia. Perante a derrota que foi grande, mas que teria o mesmo efeito se fosse menor, apresentou a sua carta de renúncia e, já na reunião do órgão de 30 de Setembro foi dada posse ao elemento seguinte na lista do PS, a Dra. Teresa Silva.
Causou estranheza esta demissão, na medida em que o Manuel Costa, ao invés de ser militante, podia ter sido eleito enquanto independente e, assim, nada tinha a ver com a eleição interna do partido, como não teve a sua substituta na Assembleia. Se não concorda com a política ou mesmo com a atitude de António Costa, o que vai ser o próximo Secretário-Geral, seria mais curial o afastamento do partido. Então não é?
Cada decisão é de quem a toma e nada a objectar. À Teresa formulamos votos de bom desempenho da sua função e que consigo pôr o seu saber e a sua influência ao serviço da freguesia e, mesmo que independente, mas eleita na lista do PS, ajude também o grupo PS no órgão.

José Pinto da Silva



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