As eleições
aconteceram, conforme fora determinado pelo então Secretário-Geral do partido,
operação que foi aceite a contra gosto pelo então candidato à liderança, mas
que a aceitou sem contestação, em virtude de ter saído de deliberação dos
órgãos do partido com poderes para tal. Comissão Nacional e Comissão política.
Entendia-se que se tratava de uma
medida dilatória, por um lado e, por outro, haveria na proposta a esperança de
que os simpatizantes tombassem em certo sentido. Se foi essa a ideia, saiu tudo
furado, porque não só a forte maioria dos simpatizantes alinhou pela nova
liderança, como mesmo os militantes disseram que estavam descontentes com o
desempenho do partido enquanto órgão de oposição ao actual governo, que tanto tem
castigado o povo e o país, sem resolver nenhum dos problemas supostamente
justificativos da austeridade.
Nem défice nem
dívida, apesar de aumento enorme de impostos, de cortes tão abruptos como
vergonhosos nos Serviços de Saúde, nos cuidados primários e nos hospitalares,
nos Serviços da Educação, com atrasos desconformes em relação ao que já tivemos
e sobretudo nas prestações sociais, mesmo aos mais pobres. Este governo vai
mesmo ficar na história pelas piores razões.
A vitória de
ANTÓNIO COSTA nas Primárias foi retumbante, por margem muito acima do que era
esperado pelos mais optimistas e, António José Seguro mais não poderia fazer do
que o que efectivamente fez, apresentar logo a demissão. E fê-lo mesmo mais
cedo do que seria de esperar, logo ao serem divulgados os resultados em três
distritos considerados redutos Seguristas. Honra lhe seja, porque produziu uma
intervenção bem diferente do estilo discursivo da campanha e dos debates, em
que se mostro arrogante e ofensivo.
Rei morto, rei posto, como soe ser
dito, e falta a realização das directas e do consequente Congresso para que a
legitimação de António Costa como líder do partido fique consumada.
Costuma
dizer-se que, quando há troca de lideranças, nos partidos como noutras
instituições em que os dirigentes são eleitos, rolam cabeças, umas decepadas
pelos novos poderes e outras por auto degolação. E, como nota imediata, ficaria
desgostoso se a renúncia de Pedro Marques (apoiante claro de A. Costa) ao
mandato de Deputado não tenha ocorrido por virtude de qualquer (não)
posicionamento em lugar desejado.
Mas, mesmo a
nível regional acontecem dissenções, auto degolações, porque não se aguenta a
derrota, ou por outra razão incógnita. Na secção de Caldas de S. Jorge há um
membro, presidente da Assembleia-Geral, que é um indefectível defensor das
ideias de António José Seguro e durante a campanha, com os meios ao seu
alcance, foi fazendo a divulgação possível. E ficou-lhe bem. Ainda antes da
eleição deu a entender ao líder do PS na Assembleia de Freguesia que, se Seguro
saísse derrotado, renunciaria à qualidade de membro da Assembleia de Freguesia.
Perante a derrota que foi grande, mas que teria o mesmo efeito se fosse menor,
apresentou a sua carta de renúncia e, já na reunião do órgão de 30 de Setembro
foi dada posse ao elemento seguinte na lista do PS, a Dra. Teresa Silva.
Causou
estranheza esta demissão, na medida em que o Manuel Costa, ao invés de ser
militante, podia ter sido eleito enquanto independente e, assim, nada tinha a
ver com a eleição interna do partido, como não teve a sua substituta na
Assembleia. Se não concorda com a política ou mesmo com a atitude de António
Costa, o que vai ser o próximo Secretário-Geral, seria mais curial o
afastamento do partido. Então não é?
Cada decisão é
de quem a toma e nada a objectar. À Teresa formulamos votos de bom desempenho
da sua função e que consigo pôr o seu saber e a sua influência ao serviço da
freguesia e, mesmo que independente, mas eleita na lista do PS, ajude também o
grupo PS no órgão.
José Pinto da Silva