terça-feira, 16 de dezembro de 2014

CARTA A JOSÉ SÓCRATES

José Marques Pinto da Silva
Rua do Lago, 5
4505-688 Caldas de S. Jorge

Caldas de S. Jorge, 16 de Dezembro de 2014

Caríssimo Camarada,

Não me conhece (e como poderia?). Sou o militante 2917 do PS, fundador de uma pequena secção de uma pequena freguesia do (quase) norte – Caldas de S. Jorge, no distrito de Aveiro, secção que celebrará 40 anos de vida ininterrupta em 29 de Abril de 2015 (começou como núcleo ainda em 74, tendo a reunião constitutiva tido lugar na minha garagem).
Sou levado a dizer que, picado pelo sentimento de solidariedade, sou agora, se tal é possível, mais admirador do camarada do que fui enquanto foi governante, sobretudo na chefia do governo. E a secção está com este mesmo sentimento, tendo sido emitido um documento de apoio e plasmado num blogue da secção. Algumas outras exteriorizações deste meu sentimento solidário e de admiração cheguei a passá-las ao camarada André Figueiredo, via mensagens privadas nas redes sociais.
Sou um olhador atento dos factos que vão acontecendo no país e, por maioria de razão, acompanho a evolução dos acontecimentos que levaram à detenção do camarada e tenho a minha forma de ver o caso, não engolindo o estafado aforismo de que justiça e a política se não misturam (ou se não devem misturar). O facto é que estão mais do que misturadas e, ao que entendo, o camarada está a ser vítima de um escuso processo político/judicial de contornos que se haverão de definir e denunciar.
Claro que acredito na inocência do camarada e tenho para mim que se está a fazer remake de um filme que vi (vimos) em 2003 e em que só mudam alguns dos protagonistas e muda o nó da trama (antes mais moral e agora só material), mantendo-se, embora, toda a encenação.
Antes e agora, para desempenhar o vilão, elegeram uma figura de topo do PS, o de antes no activo e o de agora fora de todas as lides partidárias. Antes e agora, para desempenhar o bom da fita foi eleito um juiz vaidoso e prepotente que, num e noutro caso, quis montar espectáculo mediático que levasse os (supostamente) indiciados e detidos à suprema humilhação e para tentar levar a opinião pública a condenar de imediato.
Esqueceram os almofarizes da vaidade e da prepotência o ensinamento que diz que os humilhados serão exaltados. Os humilhadores, por contraponto, serão esmagados. Onde anda o tal juiz de 2003? Cometeu a maior maldade que imaginar-se pode, fez cócegas ao seu maléfico ego e acabou na penumbra das inutilidades.
Têm dito os que tiveram a oportunidade de o visitar que o encontraram animado e forte. Esse estado de alma confirma-nos a certeza de que lutará com denodo pela prova da sua inocência e que mostrará a lama em que chafurda muita da magistratura portuguesa.
Reitero, camarada, o meu apoio e, dada a quadra que se atravessa, desejo que passe, o melhor possível, as FESTAS. E relembro o ensinamento: Os humilhados serão exaltados.

Nota: Se até ao 29 de Abril o processo vier a estar resolvido, o que francamente espero, fica o camarada convidado a vir juntar-se a nós para a comemoração dos 40 anos da nossa Secção. 


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