sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

VOLTAR À CALÇADA DO HERDEIRO

Lembrar-se-ão os que têm algum interesse pelas coisas da freguesia (isolo porque é coisa mesmo e só de S. Jorge) que, em 2007, por Maio, escrevi uma ligeira nota a respeito da Calçada do Herdeiro e registei, com subido agrado, o facto de a Junta de então ter feito uma limpeza à calçada, tendo retirado quase um metro de entulho de cima do empedrado. Ficou a ver-se o pavimento, ainda que algo pudesse ter sido feito mais nas bermas. Isto quanto à calçada propriamente dita, porque depois havia a parte plana, ao lado do rio que estava muito degradada pela erosão das enchentes do rio e também pela água vinda dos campos a poente. Tenho ideia de que, ao tempo, um dos elementos da Junta – o mais interessado – terá tentado reunir orçamentos para a requalificação daquele pedaço de caminho, não tendo recebido a confirmação de apoio para financiar o arranjo.


Caberá aqui dizer que aquela calçada é um dos poucos pedaços ainda existentes cá pelas beiras da tradicional Calçada à Portuguesa, pelo que constitui, além de uma via de ligação à vizinha Lobão, com passagem pela Ponte do Mourão, equipamento coevo da calçada. Por informe colhido a partir do Rev. Pe. Machado, a calçada terá sido construída pelo Sr. António Bernardo da Conceição, avô do recentemente falecido Senhor António Inácio da Conceição (e dos irmãos deste, claro), pelo que fácil será localizá-la no último quartel do século XIX, altura da construção das Pontes do Mourão e do Pisão, esta em S. Jorge. Isto para enfatizar a pena que é não se reconstruir a Calçada e se refazer a parte plana e, depois, apelar a que a Junta de Lobão continue, refazendo o acesso desde o limite de freguesia até à Ponte e depois a ligação a Tugilde. Para já, a ponte, pela sua idade, merecia que fosse liberta do silvado que a cobre e o caminho que lhe dá seguimento merecia ser limpo e bem clarificado, antes que venha a ser incorporado por uma das propriedades laterais.
Voltando à calçada, ela mesma, não vou, seria o que mais faltava, realçar a via de comunicação, que não o seria nos tempos hodiernos, quando muito para caminhadas de lazer, mas saliento o aspecto cultural, o património cultural da freguesia e a memória histórica do homem de S. Jorge que a mandou executar, sei lá se às suas próprias custas e a ligação àquela ponte que se enquadra na mesma memória.
É minha convicção, e não passa disso, que, se posto o problema com alguma ênfase à Câmara Municipal e ao seu Departamento específico, com conhecimento ao Senhor Presidente, sensível como tem sido para trabalhos nas bordas do rio Uima, a reabilitação da Calçada do Herdeiro não seria incluída em qualquer programa que disponibilizasse verba que, no concerto do orçamento municipal, seria irrisório. É que, agora, quer a calçada, desde o largo da Casa Brasonada até ao plano junto ao rio, quer essa parte plana, esta então não permite que se passe nem a pé, estão numa condição que envergonha(ria) quem andasse um pouco pelos recantos da freguesia.  



Calçada limpa em 2007


















Calçada em 2015

























Plano junto ao rio












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