terça-feira, 19 de maio de 2015

CERCADO (?) ou EM TERRENO ABERTO


         Li. Claro, o mais recente livro que tem na capa a imagem de José Sócrates e, só por isso, e, porque se trata de casos com ele relacionados tem êxito venal garantido. Mas não passa de uma fraude, de um embuste, de uma vigarice, de um roubo público. Todo o volume não vai além de transcrever, ou dados do processo em que Sócrates está envolvido agora, e porque não sei, pergunto se os elementos do processo dados aqui à estampa estão acessíveis a todos ou se só estão a quem levar a etiqueta Cofina.
Mesmo do processo reproduz, em termos genéricos, dados já saídos nos tablóides, com um que outro acrescento. Ou corte. Até ao nojo. Ou verbas transferidas de S. Silva para este e mais aquele, para Sócrates, para a mãe, para o motorista, para amigos, para mais este ou para a mulher daquele. Com números tão credíveis como “entregas entre 10 e 100 mil euros”. Enfim … Teixeiradas.
Depois vai reproduzindo o que qualquer pessoa minimamente atenta foi lendo no decorrer dos tempos sobre os diversos processos em que Sócrates foi vil e soezmente massacrado, vilipendiado, sem nunca ser acusado e, em geral, nem mesmo investigado judicialmente, a não ser no Face Oculta. Mas nada é dito de novo, nem mesmo a transcrição de escutas Sócrates / Vara, supostamente mandadas destruir pelo Presidente do Supremo T. de Justiça, mas que apareceram por aí nos jornais. A justiça da nossa justeza.
Fala da Cova da Beira, volta ao Freeport da carta “anónima”, mas cujos autores, todo gente da alta, foram divulgados na Revista da O A; dos projectos de sua autoria (ou não) na Câmara da Guarda e fala do caso da licenciatura. Neste tema último li coisas que, ou por não publicadas, ou por distracção minha, não tinha lido antes. Está mais desenvolvido, mas o certo é que foi ilibado de qualquer culpa tendo o processo sido mandado arquivar. Ainda que, olhando tudo, possa haver por ali alguma névoa. Algum favorzito? Talvez!
Fala também, sem acrescentar nada de novo, nos últimos estertores do governo socialista. Tudo foi escrito até ao vómito em jornais e noutros livros, nomeadamente a designada “traição” do seu ministro das finanças, Teixeira dos Santos; aborda o tema das célebres e cobardes entrevistas agendadas e levadas a antena em dias seguidos por Judite Sousa aos 5 maiores banqueiros a “exigirem” o pedido de ajuda internacional, todos grandes, como se veio a provar com Ricardo Salgado e o seu “sólido” BES, tudo gizado para apressar a queda do governo; aborda a frieza, para não dizer agressividade, nas relações primeiro-ministro / Cavaco. Tudo isso já lido e relido noutras fontes, logo … reprodução, cópia, embuste, forma fácil de ensacar uns bons milhares de euros à pendura do nome e da imagem de Sócrates na capa. E será tal uso da imagem de outrem sem prévia autorização e para puro benefício financeiro, lícito?      
Será curioso abordar pela tona o história da compra do seu próprio livro para simular best selling. Claro que se trata de uma filhadaputice reportar nomes de pessoas que serão, pelo menos, tão dignas e sérias como quaisquer Alexandres ou Rosários. A insinuação é a de que fora montada uma rede para adquirir livros nos mais diversos pontos de venda, sendo, naturalmente, posta à disposição a verba necessária. Sempre através do amigo de Sócrates. Assim, na pag. 61  diz-se que foram transferidos € 170.000,00 para comprar 10.000 livros, o que dá o preço unitário de € 17,00. Já não me lembro quanto paguei pelo meu, mas foi o preço de capa no mercado normal. Na pag. 62 é dito que foram disponibilizados € 20.000,00 para comprar 1.916 livros (que número esquinudo!), o que dá € 10,438 por livro. Comprados nas Fnacs, nas Bertrands e outras livrarias com tal variação de preços? Só delirando.
Para porta dourada de fecho, por acaso ou expresso, há algumas citações que me atrevo a fazer, porque se trata de expressões que, só por si, anulam a maioria dos tratos de polé de que foi alvo no decurso da sua vida política, partidária e em governação.
José Sócrates é um personagem maior, entre os políticos dos últimos 20 anos”. “É carismático, visceral, é explosivo, quase irracional. É culpado? É inocente? Não se sabe. (parece que uns tais Alexandre / Rosário sabem, mas não são capazes de dizer como, quando, com quem, em que tempo, donde e para onde e com que intensidade. O entre parêntesis é meu). Uma coisa é certa: É tudo menos indiferente!”
Na hora em que sabia que ia ser detido, estando ainda no estrangeiro (Paris), donde poderia zarpar para qualquer parte do mundo onde se poderia resguardar, disse ao seu advogado: “Eu fui primeiro ministro; se não for eu a respeitar as instituições, quem é que as vai respeitar?”. Só um homem de grande elevação diria isto, no momento de saber que iria ser humilhado por um sinédrio pior do que o de Herodes. Pelo menos mais maquiavélico.
De enfatizar a sacanice do candidato a Garzon, Alexandre de seu nome (o Grande deve andar envergonhado no seu coval) quando no interrogatório confronta o interrogando com uma conversa gravada em que são abordados aspectos da sua vida sexual. Claro que lhe saltou a tampa e, no íntimo, deve tê-lo mandado para a p.q.(o)p. e recusou continuar. E salta-nos a dúvida: Estaria Alexandre a sentir necessidade de alguma virilidão?
Para terminar, sugiro a leitura da carta de Sócrates endereçada a Mário Soares, por altura dos seus 90 anos. É uma peça digna de ser lida e, como me distraí, não a li na altura em que, visto isso, veio publicada no DN. Lendo esta missiva, alguém terá o topete de dizer que não foi ele, Sócrates, quem escreveu o livro “ A Confiança no Mundo”?


José Pinto da Silva    
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