sábado, 9 de janeiro de 2016

SAÚDO A MINHA MÃE


Não poderia deixar passar este dia sem te dizer, Mãe, que, mesmo tendo passado quatro anos depois que nos deixaste, sem te deixar uma palavra carinhosa e te pedir a tua bênção. Foi de propósito que incluí esta foto em que estás rodeada dos bisnetos que tinhas na altura. Agora já tens mais três. Mantém-te sempre por perto porque queremos falar contigo e gostamos de falar baixinho. Não precisaria de te dizer, que o sabes. Não nos habituámos ainda à tua ausência. Abraço-te, Mãe.

                                                                   MÂE

Que desgraça aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura
 Assim tu me pareces no teu leito,
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti - não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto - sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes 
Por detrás do terror deste vazio.

MÃE:

Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
(Miguel Torga)

José Pinto da Silva 
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