quarta-feira, 17 de agosto de 2016

CESSEM MÉDICOS E CENTROS DE SAÚDE



Quem, por quaisquer razões, esteja retido em casa, o mais das vezes por questões de saúde (falta dela) fica quase constrangido a estar em frente do televisor. Vê tudo, o tempo todo, tendo como única fuga o telecomando, para fugir deste canal e atolar-se noutro a mostrar o que não queria ver no anterior. E o que vê e ouve? Deixando o setecentos e sessenta para outra nota, é o desgraçado do bicho do nosso ouvido fustigado com propaganda de uma série de substâncias, a que chamam, não remédios, porque o Infarmed lhes saltava em cima, mas suplementos (imagino que alimentares, ou suplementam o quê?), mas que por eles são aconselhados para minorar, ou mesmo curar uma porrada de maleitas que afectam, seja os ossos – até mostram em vídeo a fazer efeito no miolo da ossada – articulações, músculos, cérebro (memória), sistema nervoso, funcionamento intestinal e até mesmo para melhor performance sexual e pomadas que extirpam todos o tipo de comichões. A banha da cobra vendida, antigamente, nas feiras, fazendo bem a quase tudo, ficaria a léguas das mèzinhas de agora.
Através de um só número de telefone (2.. … ..5) poderemos (íamos) mandar vir cura para quase tudo. Mas, mesmo influenciando o miolo dos ossos, o sistema nervoso, o funcionamento intestinal e até a actividade sexual, não precisa de prescrição médica, nem de aconselhamento, nem quando deve começar ou interromper. Muito menos precisa de ir ao centro de saúde e menos ainda ao hospital. Bastará um simples telefonema e lá virá a cura e, se comprar dose em dobro até virá sem despesas de envio.
Para ver a seriedade proclamada, nomeadamente para convencimento de incautos, a quem comprar duas embalagens cederão determinadas prendas, seja em livros, em reforço da dose. E nem sequer pronunciam o valor do preço a cobrar. “Pelo módico preço que aparece no écran”. Fico a imaginar a situação de tantos homens, normalmente de idade já alta, quiçá lembrados de actividade intensa e bem sucedida com mulheres, por aí ou nos bordéis, agora com problemas naturais de menor elevação, mas também com debilidade do coração, a engolir pastilhas para atingirem um estádio que julgam ideal e acabam por ficar agarrados ao poste do prazer. E a quem atribuir, em primeira instância, a responsabilidade por tais “assassinatos”.
Sou verdadeiramente céptico quanto a estas promoções e vendas “só por telefone”, “não se vendem em farmácias” não se esquecem de anunciar.
Reparei que são propagandeadas três ou quatro marcas de cálcio para fortalecer ossos e articulações. Simulam entrevistas a potenciais consumidores e num perguntam a partir de que idade se deve tomar e vem a resposta a “informar” que, a partir dos 30 anos se começa a perder o cálcio, logo é aí que deve começar. Noutro, feita pergunta idêntica, é respondido que deve ser começado a tomar logo depois da menopausa. Um pedaço mais tarde, e, sem que o digam, deve destinar-se só a mulheres.
Também o que me choca é ver certas figuras da apresentação televisiva a fazerem a venda desses produtos, sem pestanejar e com spots dentro dos programas que apresentam. Gente que eu julgava com estatuto para poderem dizer aos “patrões” que, para essas cenas, chamassem caloiros.
As Ordens dos Farmacêuticos e dos Enfermeiros apresentaram reclamação e questionaram a legitimidade da propaganda e, qualquer efeito benéfico para a saúde. Como resposta, passou a ser feita uma campanha publicitária de tal modo massiva, que enoja e utilizando figuras públicas que “já usam o produto há muitos anos” e a isso devem todos os sucessos da vida.
E o Ministério da Saúde e o Infarmed não entenderão que algo perigoso para a saúde pública poderá estar a ocorrer?
   
 José Pinto da Silva

NOTA:
Tentei inserir este texto, que reputo de interesse público na minha página do
 Face Book, publicação que foi impedida e apareceu a informação: "ESTA MENSAGEM INCLUI CONTEÚDO QUE FOI BLOQUEADO PELOS NOSSOS SISTEMAS DE
 SEGURANÇA". Isto evidencia que existe um verdadeiro lobby de promoção dessas
 drogas a que chamam suplementos e que não passam de uma verdadeira vigarice pro-
  pagado por caríssimas campanhas publicitárias.

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