Vem de
longe a luta de uma forte percentagem do povo de Milheirós por que seja
concedida a esta freguesia a possibilidade de se desligar da Feira-Concelho,
para se juntar ao concelho de S. João da Madeira. E as razões invocadas são
absolutamente lógicas e, deixem-me dizer, plausíveis. É para S. João que vai
trabalhar a mão-de-obra disponível por conta de outrem e a actividade económica
é desenvolvida em e entre S. João da Madeira. Acresce
a contiguidade territorial e a natural proximidade para tratar de tudo o que se
relacione com a ligação Câmara/ Junta. Tanto para os elementos autárquicos,
quanto para os munícipes.
Para que alguma dúvida fosse esbatida, foi promovida e
levada a efeito uma consulta popular, com voto em urna, ao jeito de Referendo e
o resultado parece ser rejeitado só por quem defenda a metodologia salazarista
/ salazarenta em que os ausentes, os abstencionistas, contem para o ‘SIM’ ou ‘NÃO’,
consoante o que sirva aos que não toleram perder, cegos pela verdade, como os
mochos que vêem menos bem se houver luz. Quanto mais luz e clareza mais cegos
ficam. Quanto mais evidência, mais ódio à verdade, mais ódio à determinação expressa.
E,
para dar mais côr à nuance política, apita-se que serão os socialistas
concelhios a promover a “cisão”, como até vai sendo insinuado que só os
Milheiroenses socialistas, e de modo geral os mais de esquerda, é que
preconizam a inclusão da sua freguesia no concelho de S. João da Madeira.
A Câmara da Feira, em declarações que só podem estar
eivadas de hipocrisia, diz que o território do actual concelho é indivisível,
fazendo lembrar tempos idos em que se dizia "O Ultramar não se discute....
defende-se", ignorando-se, de todo, o interesse e o bem estar das
populações e sacrificando a vida de muitos obrigados a ir defender o interesse
dos grandes interessados. Que não os seus, não os do povo de que emanavam e
muito menos os do povo dominado
Todos se lembram de que a Troyka, com intenções
economicistas, mas que não economizaram coisa nenhuma, fez escrever no
memorando de entendimento, que deveria diminuir significativamente o número de
Freguesias e de Municípios. Os Municípios "deram manguito" à Troyka
para o que a eles dizia respeito, mas foram lestos a aglutinar freguesias, na
grossíssima maioria dos casos, CONTRA A VONTADE das respectivas populações. E
isso foi notório em inúmeras freguesias do concelho da Feira. Mesmo assim, e
CONTRARIANDO as vontades manifestas e manifestadas pelas populações, a
Assembleia Municipal da Feira, rastejando até aos pés dos suseranos de então,
anulou as freguesias que entendeu (fez desaparecer 10) e viu-se o que chamarei
de cobardia de o presidente da Junta de Caldas de S. Jorge, que recebera um
mandato de desacordo da sua (devia ser dele também) Assembleia de Freguesia com
qualquer junção, ter votado a favor da junção com Pigeiros. Fez-se dono e senhor do que ele trata como se fosse
horta sua. E continua tratando.
Caberá aqui lembrar a alguns desses cegados pela
claridade, a forma como foi engendrada, escrita e aprovada a Lei 22/2012,
atribuída a um tal que sonhava ser Mouzinho da Silveira, o grande reformador do
século XIX, mas não conseguiu passar do nível do chão das “Relvas”, que até confundiu
licença com licenciatura. Na circunstância, “Relvas” misturadas com toda a laia
de joio. E do bem ruim.
Quem foi consultado? Foram dadas instruções às Câmaras
Municipais para que agregassem, que diminuíssem e às Assembleias Municipais que
ratificassem. E que debate? Que hipótese às freguesias para recusarem a junção
(aniquilação)? E que audição às que, em sede de Assembleia de Freguesia
manifestaram desacordo? Gostaria de imaginar a eventualidade de uma hipotética proposta
de junção da Freguesia de Paços de Brandão com Moselos ou Rio Meão! O que
diriam as populações e mesmo os que aprovaram aniquilação de outras. E, agora,
porque não são capazes de se solidarizarem com as que foram aglutinadas contra
a sua vontade e são tratadas como lugarejos das e pelas agregadoras?
Face a tal, que AUTORIDADE, moral ou política, tem
agora o poder municipal para se armar em defensor da "integridade"
territorial do concelho? Pois
que, contra ventos e contra os paralisantes gestores "feirantes", os
Milheiroenses lutem pela sua libertação de uma tutela que lhes é prejudicial.
Que se cumpram as manifestações de vontades. E muitas vontades despertas hão-de
fazer com que muitas freguesias agregadas se venham a desagregar.
José Pinto da Silva