Tarde ou nunca
se endireita. Reza o adágio.
Vou retomar, o
que haveria de ser? o caso do Quiosque da Sé. Do novo, do que não funciona como
tal, porque o antigo, funcionando normalmente, não dava motivo a escreveduras.
Era um quiosque tradicional e como tal funcionava, dispensando os artigos que
tradicionalmente eram e são vendidos naqueles espaços. Como funcionava dentro
das normas, não era notícia.
O Novo Quiosque
(o que lá está agora) começou torto logo no processo de construção: falta de
concurso, não publicitação de preços de cada arte, trabalhos executados por
quem não reunia condições para facturar (ou não facturado ou era-o por quem não
executou o trabalho, igual a facturação falsa). Essas irregularidades devem ter
sido analisadas durante a Inspecção da Autoridade Tributária à Junta de
Freguesia e cujo Relatório o presidente se comprometeu, em Sede de Assembleia
de Freguesia, a pedir à Direcção Distrital de Finanças. Vai-se indo e vendo,
como diria um cego!
Regresso à
fase imediata, à hasta pública para atribuição da exploração e que foi objecto
de várias licitações, visto haver mais do que um interessado.
A hasta tinha
subjacente, e como ponto integrante, o tipo de comércio que se poderia
desenvolver no espaço a concessionar: Venda de jornais e revistas e outras
publicações, objectos de artesanato, recordações, postais ilustrados, tabaco e
água e refrescos. E o que se vê e se começou a ver desde o início da concessão?
Um que outro jornal para enganar as aparências, outros jornais quiçá fora de
prazo para enfeite do escaparate, tabaco e que mais dos artigos permitidos pelo
auto de concessão? Como poderia ser quiosque se, durante a semana, está ene
vezes fechado, sem qualquer atendimento. A vender jornais e revistas?
Recordamo-nos
que, ao lado do antigo quiosque, estava implantado um pequeno e autónomo espaço
destinado exclusivamente à venda de gelados. Esse pequeno – era encarnado, a
cor base da empresa que o cedeu – pavilhão chegou a ser colocado no espaço da
ilha, mas, ao que se disse, destoava da estética do edifício mãe, tido como a
jóia do coroado, mas que, com ou sem coroa levou bolandas diversas. Quando
conveio aos detentores da concessão e quando os responsáveis foram amaciados.
Com que massa de polimento? A maior dessas bolandas foi a cedência ao
alargamento do espaço útil, para uso público, para o dobro do projectado, por
tapamento de uma zona que, apesar de juras de fidelidade ao espírito do projecto
inicial, era para ser uma esplanada coberta. Acabou por ser coberta e vedada.
Autorizada por interesses alguns. Saiba-se quais! Ou por “queer influences”.
Ponha-se esquisito nisso. Ilega.a.a.l..! Ergueram-se vozes. Teria sido um bom
tema para investigação da A T. Se é que entrou na panóplia da investigação. E
daí talvez não, uma vez que a Junta só subrepticiamente interveio no caso. E
porque não tirar o tapamento para voltar à forma inicial e projectada? Parece
que apareceram testas enrugadas, sobrancelhudas até dizer basta e jactantes
movimentos de mãos, como quem se vai munir de algo. O melhor é deixar como está
e quem manda que venha cá mandar nesta gente.
Aquele
pavilhão encarnado foi, então removido do espaço da ilha por “indecente e má
figura”. Disse-se.
Para quem tinha (e segue tendo)
influência, e faceia, de cenho carregado, quem tem (deveria ter) poder de
oposição, o problema foi de fácil resolução. Acresce-se a gelataria às
actividades a desenvolver no quiosque e mete-se lá dentro o equipamento
necessário ao objecto. É ilega.a.a.a.l…! Grita-se. Isso seria para quaisquer
outros. E não para quem enfrenta, sobrancelhudo, os, supostamente, tutela. Mas
a gelataria era bem pouco para fazer daquilo o que queriam e então há que
transformar o espaço numa lancheteria. Um grelhador para sandes, tostas,
lanches, umas bojecas e umas banquetas de doces e pasteis e aí está instalado um
quiosque da era modernaça. Tudo subvertido, tudo transgredido, tudo aceite pela
cedente que, ou fecha os olhos, ou os abriu no diâmetro conveniente e benéfico.
Tudo acrescido com a criação de uma esplanada no passeio (alargado) em frente
ao estabelecimento, ocupando literalmente o espaço público, uma migalha também
minha, com mesas, cadeiras, guarda sóis e serviço às mesas. Essa actividade
está largamente documentada com fotos e vídeos. O quiosque foi lançado pela
Junta, mas o passeio é municipal. E a Câmara deixa que este estado de coisas se
mantenha. Ou será que, por causa do cenho carregado, até emitiu licença?
Sem que mo
tenha sido confirmado, mas eivado da credibilidade intuitiva, - vox populi, vox
Dei – o primus objectivo de tudo era o convencimento de que a Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa, a Concessionária dos Jogos Sociais, seria tão porosa
como as instituições locais e que, com mais cunha ou sobrancelha abaixada, se
conseguiria instalar ali o equipamento dos Jogos de Totoloto, Euro Milhões e
todos os jogos concessionados pela Santa Casa. Ao que se diz, a Santa Casa saiu
um pedaço mais impermeável do que o que se tem visto em relação às autoridades
tutelares locais.
Saiu o tiro
para trás.
José Pinto da Silva